Chegando o mês de junho, vêm com ele as dúvidas sobre como lidar com as festas dedicadas aos santos católicos. Como devemos tratar deste assunto com nossos filhos? Como preservá-los neste período? Será que eles vão se sentir deslocados demais na escola? Até que ponto participar destes festejos compromete nossa integridade cristã?
Em primeiro lugar gostaria de descrever o que as festas juninas são. Não há qualquer mistério ou dificuldade de entender a procedência desta festa, até porque, elas também são chamadas pelo nome dos santos que elas representam: São João, São Pedro e Santo Antônio. Poderíamos terminar este artigo por aqui, afinal, que dúvida um crente pode ter se deve ou não tomar parte de uma festa oferecida a ídolos de uma de outra religião? Quão confortável você se sentiria em fazer uma lavagem nas escadas do “ Senhor do Bonfim”, ou de, na virada de ano, levar flores para iemanjá, na praia de Copacabana? Todas as festas citadas acima, são, assim como as festas de São João, festas católicas que não têm nada a ver com nossas crenças e com a fé que professamos.
O argumento de que a festa virou folclore, também deve ser analisado com muito cuidado, porque se partirmos do princípio de que, só porque é folclore, eu posso participar, poderemos inclusive, passar a comemorar o Carnaval! Nenhuma outra festa representa tanto a cultura brasileira como esta! Você também pode argumentar: “ eu participo da festa de São João, São Pedro e Santo Antônio, mas para mim, estas festas não representam o que elas intrinsecamente, representam.” Não fica esquisito pensar assim? Podemos tentar contemporizar à vontade, mas não tem como fugir: trata-se de uma festa do calendário católico, e como tal, é uma festa pagã.
Se você ainda não tinha pensado sobre isso, deixe-me mostra-lhe uma pequena e rápida pesquisa, que pode ser encontrada facilmente na internet, sobre os elementos que compõem estes festejos.
As festas juninas e seus símbolos
A fogueira: segundo a tradição, é considerada um símbolo de reunião entre amigos e familiares, além de simbolizar a purificação; serve de proteção contra espíritos, homenageia e agradece aos deuses.
Balões: são uma oferta aos céus, cujo propósito é realizar pedidos ou agradecer pelos que foram atendidos.
Fogos: a crença popular diz que o som produzido pelos fogos de artifício serve para espantar os espíritos maus e para acordar São João para a festa.
Casamento caipira: é uma celebração típica, em que a noiva engravida antes de casar. O noivo, bêbado, tenta fugir, mas é impelido ao casamento pelo delegado armado, que o obriga a casar.
Quadrilha: esta é uma tradição inglesa, que foi trazida ao Brasil pelos portugueses e que significa o agradecimento aos santos pelas boas colheitas.
Lavagem dos Santos: as bandeiras, simbolizadas pelas bandeirinhas, são mergulhadas em água, significando purificação em todo o ambiente da festa. Por isso, ao passar por baixo das bandeirinhas, que representam as bandeiras dos santos, os devotos são abençoados.
Simpatias: são feitas, principalmente, para trazer sorte no amor. Nesta tradição, a imagem de Santo Antônio recebe castigos até que a pessoa encontre o seu amor.
Estes, dentre tantos outros símbolos, não deixam dúvidas quanto a origem e propósito das festas de São João. A pergunta que me faço, diante destes fatos é: como nós, crentes, podemos fazer vistas grossas e tomar parte numa festividade religiosa que celebra ídolos pagãos? Como podemos permitir que nossos filhos compactuem e se juntem aos católicos em seus festejos? Será que temos esquecido de quantas recomendações Deus fez questão de dar e reiterar ao seu povo, antes que chegassem na terra prometida? Eles estariam cercados de povos pagãos, e não deveriam imitar seus feitos, tomar para si seus deuses, ou aprender seus costumes. Veja comigo:
“ Quando o SENHOR, teu Deus, eliminar de diante de ti as nações, para as quais vais para possuí-las, e as desapossares e habitares na sua terra, guarda-te, não te enlaces com imitá-las, após terem sido destruídas diante de ti; e que não indagues acerca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações aos seus deuses, do mesmo modo também farei eu. Não farás assim ao SENHOR, teu Deus, porque tudo o que é abominável ao SENHOR e que ele odeia fizeram eles a seus deuses, pois até seus filhos e suas filhas queimaram aos seus deuses. Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás.” Dt 12.29-31
“Quando entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.” Dt 18.9
De que mais Deus estava alertando ao povo, se não que não se misturassem, não mesclassem e religião verdadeira e revelada com as religiões pagãs seguidas por aqueles povos? Quando os crentes e seus filhos tomam parte nestes festejos católicos, estão fazendo exatamente o que Deus proibiu que seu povo, no passado, fizesse.
Não há dificuldade nenhuma em explicar estas coisas aos nossos filhos! Nossas crianças precisam aprender desde muito cedo que eles não são iguais as outras crianças, que muitas coisas que estas fazem, as suas jamais farão. Eles precisam desde cedo, conhecer ao Deus que seus pais servem, e as coisas que Ele tolera, assim como as que Ele proíbe. Não tenha medo, portanto, de dizer não aos seus filhos e de prepará –los para, se necessário, darem a razão da sua fé!
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* Simone Quaresma é casada há 25 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (23 anos), Israel (22 anos), Davi (19 anos) e Júlia (17 anos). Ela trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.
1 – Podemos comer as comidas típicas do período das festas juninas? Talvez esta seja a pergunta mais simples acerca da questão, pois é claramente respondida por Paulo quando ele trata sobre como o cristão deve lidar com as comidas sacrificadas a ídolos em (1 Co 8; 10.14-33). Nestas passagens nós somos exortados a não comermos alimentos sacrificados a ídolos em três situações: 1) quando isto for motivo de escândalo para seu irmão (v.13); 2) quando a refeição fizer parte de um culto (v.16,20); 3) e quando a pessoa que está fazendo a oferenda se sentir incomodada (v.28). Tratando deste mesmo tema, creio que o Dr. Augustus Nicodemus (http://tempora-mores.blogspot.com.br/2012/07/sobre-festas-juninas.html?_sm_au_=iVMLZjHL4s5BP3bP) não faz a devida distinção entre a participação das festividades e o comer as comidas típicas deste período.
2 – Podemos participar das festividades? Esta questão é mais complexa. Primeiro, o argumento mais comum, utilizado pelos que dizem que seria pecado participar deste tipo de festa, é que ela tem uma origem católica. Este argumento é o que os lógicos chamam de falácia genética e talvez seja o mais fraco de todos os argumentos utilizados contra a participação na festa. Nós fazemos uso de muitas coisas que tem origem pagã como, por exemplo, aliança, batom, tatuagem dentre varias outras, sem que ninguém diga que isto é pecaminoso, e, na verdade, não é. Porém, o problema neste caso é que as festas não tem só a origem católico-pagã, mas ainda hoje ela é celebrada todo o ano no mesmo período pelos católicos. Ou seja, não é como uma aliança, que teve origem pagã, mas hoje não é mais utilizada com objetivos pagãos. São João, São Pedro e Santo Antônio ainda são “cultuados” hoje, inclusive no mesmo período e lugar em que os evangélicos participam das festividades. Porém, seria pecado se nós (evangélicos) fizéssemos as mesmas coisas que fazemos no período de festas juninas em outras épocas (por exemplo: dançar quadrilha no mês de janeiro, simplesmente porque achamos divertido; ou acendermos uma fogueira e comemorarmos algum acontecimento soltando fogos)? O que estou querendo dizer é que não há nada de errado em fazer este tipo de coisa em si, já que não estamos fazendo com a mesma intenção de um católico. O problema é que, como fazemos isto no mesmo período e, às vezes, no mesmo lugar, há uma associação que, creio, poderíamos (deveríamos?) evitar.
O segundo argumento utilizado é que em (Dt 12.29-31; 18.9) o povo de Israel foi conclamado a não imitar os costumes e feitos dos pagãos. Quem diz quais são os costumes que devemos imitar ou não? Nós imitamos o costume indígena de tomar banho todos os dias. Isto é errado? Creio que o contexto mostra que Deus estava falando de imoralidades e ritos cultuais que eram condenados pela lei de Moisés. Poderia ser dito que o São João é, de certa maneira, um ritual cúltico e, devido a isto, condenado pela palavra de Deus. Eu concordaria que há um aspecto cúltico, mas nós poderíamos abstraí-lo e nos aproveitarmos daquilo que é bom. Ou não podemos fechar os olhos e fazer um exercício de respiração e não termos a intenção de entrar em contato com o Uno impessoal, como os adeptos da Yoga fazem? Logo, os textos citados não são uma defesa da não participação das festividades, fora do ritual cúltico.
Texto esclarecedor! Deus te abençoe !
Excelente matéria, concordo plenamente, nossos filhos são herança do Senhor e não devem ser deixados
nas mãos do maligno