Como parte do Congresso “Os Puritanos” que ocorreu em Aracajú em julho de 2022, a partir do minuto 13 deste vídeo, Mary Beeke fala sobre ensinar os filhos a trabalhar segundo os princípios bíblicos, este é um vídeo muito instrutivo e com muitas dicas práticas para aplicarmos na educação dos nossos filhos!

Mary fala que, para início de conversa, instruir nossos filhos biblicamente sobre o trabalho, exige que tenhamos uma visão bíblica do trabalho. As crianças estão nos observando em todo o tempo, e observam se fazemos nosso trabalho com diligência e alegria.

Mary levanta um questionamento que muitas de nós podem ter: as crianças deveriam trabalhar?
Sim, ela responde. E isso significa que precisamos pensar de maneira bíblica sobre este assunto e tomarmos algumas medidas práticas.

Devemos deixar que elas nos vejam trabalhando. O trabalho não deve ser visto como punição, mas como algo natural da vida. Desde pequenos, devemos encorajar nossos filhos para que trabalhem com alegria. Iniciando pelos deveres da casa.

As razões estão na Bíblia. A primeira razão está em Provérbios 22:6

“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.”

Este versículo se aplica a instruções morais, espirituais, educação e vida diária.

Outra razão é a necessidade de estabelecermos desde cedo o padrão bíblico que Deus nos deu para o trabalho: “seis dias trabalharás”. O Senhor estabeleceu um padrão para nós: trabalhar seis dias e folgar no sétimo. Isto é algo que devemos ensinar desde a mais tenra idade aos nossos filhos.

Mary fala também sobre a forma como devemos ensinar, brincar pode ser bastante útil, especialmente quando nossos filhos são bem novinhos. À medida que nossos filhos vão crescendo, eles vão passando a trabalhar mais e brincar menos. Até que eles sejam adultos e sejam chamados para trabalhar 6 dias por semana. É um crescimento progressivo.

Quando eles aprendem isso desde muito novinhos mais facilmente irão lembrar por toda a vida. Não podemos esperar que se tornem adolescentes para que eles aprendam a trabalhar. Se começarem com essa idade, já terão arraigados neles hábitos ruins como o da preguiça, por exemplo. Ensinar sobre trabalho é uma excelente oportunidade para ensinarmos às crianças sobre diligência. É uma boa oportunidade de mostrarmos a eles o que a Bíblia diz sobre diligência.

Também é importante deixar claro que o trabalho é uma benção. É um dom. Adão e Eva trabalhavam mesmo antes da queda. Com o trabalho, o Senhor nos dá a alegria do dever cumprido. Há satisfação em usarmos nossos dons. Quando assumimos e aceitamos o trabalho nós aprendemos a desfruta-lo e encontramos nossa vocação.

Sobre isso, William Perkin disse certa vez:

“Vocação é um certo estilo de vida ordenado ou imposto ao homem por Deus para o bem comum.”

Somos chamados a servir uns aos outros. Isso começa na família, como um microcosmo da sociedade, trabalhamos juntos para fazer comida, manter a casa limpa, e para cuidar uns dos outros. Aprendemos no lar a amar a Deus acima de todas as coisas e aos próximos como a nós mesmos. Isso começa em casa e transborda para a igreja e para a comunidade. Como adultos e crianças devemos ser membros úteis na sociedade. Devemos contribuir para o bem de todos ao nosso redor. Servimos uns aos outros e, para isso, usamos nossos dons individuais. Nós multiplicamos nossas alegrias quando as compartilhamos. E nós dividimos nossas tristezas quando tomamos conta uns dos outros.

Mary alerta que se nós tivermos que cuidar uns dos outros apenas enquanto adultos, e deixarmos nossos filhos de fora disso, se apenas servirmos os nossos filhos, o tempo todo dando a eles o que eles querem, então estaremos os privando da alegria e do prazer de servir aos outros. Quando nós os incluímos no serviço aos outros, estamos ensinando a eles a serem responsáveis por eles mesmos e também a fazer o trabalho deles no cuidado da família. Nós subjugamos o ímpeto natural deles ao egoísmo e nós substituímos isso por altruísmo. E o resultado disso é alegria e paz no coração dos nossos filhos.

Mary continua apresentando alguns questionamentos comuns à muitas mães, como “Quanto e como eles podem trabalhar?” ou “Com qual idade podemos ensina-los?”. Mary diz que costuma falar que, se eles já são maduros o suficiente para esparramar brinquedos, já são maduros o suficiente para catar os brinquedos de volta. É trabalhoso. Eles, na maior parte das vezes, não querem. Querem apenas espalhar. Mas é fundamental iniciar cedo estes ensinamentos. Isso demanda muito tempo e energia. Mas é algo necessário.

Mary sempre reforça que devemos ensinar nossos filhos que o trabalho é uma coisa boa, não é uma punição, mas que devemos ter sempre equilíbrio, para que nossos filhos também não sejam sobrecarregados. Algumas crianças terão mais facilidade para trabalhar do que outras, mas a maioria vai resistir de alguma forma. A maioria gosta mais de um trabalho do que de outros. E, de fato, alguns trabalhos são mais prazeirosos do que outros. Ainda assim, devemos sempre
mostrar com naturalidade que o trabalho faz parte da vida. Tanto os que gostamos mais quanto os que gostamos menos.

A forma como lidamos com o nosso trabalho deve ensinar nossos filhos. Devemos evitar reclamar dos nossos trabalhos, mas mostrar o trabalho como algo bom e que vale a pena. Nossas atitudes revelam nossos sentimentos com relação ao trabalho. E as crianças notam tudo isso.

Deus nos deu criatividade e podemos tornar o trabalho algo mais atrativo. Podemos aproveitar a energia das crianças e usar bem isso. Um tom de voz agradável ao falar do trabalho é uma boa maneira de começar. Procurar canalizar a energia dos nossos filhos para o lugar certo, é importante! Podemos ensiná-los enquanto fazemos coisas comuns como ir ao mercado, realizar consertos, organização da casa, preparar comida, lavar louça, as oportunidades são inúmeras!

Mary nos lembra de que devemos sempre nutrir expectativas realistas e sempre ensinar nossos filhos como fazer melhor. A habilidade vem com a repetição. Reforçar o lado positivo é necessário e mostrar como podem melhorar. O processo de aprendizado leva tempo, é importante encorajar nossos filhos.

A autora também nos alerta a darmos ordens claras e detalhadas. “Arrume seu quarto” pode ser vago para uma criança pequena. Devemos procurar clareza na comunicação. Dizer “Guarde suas roupas. Guarde os brinquedos. Arrume sua cama” soa mais claro. Não podemos esperar que eles façam algo sozinhos que ainda não os ensinamos.

Outro ensinamento precioso que Mary orienta a darmos aos nossos filhos é: “Trabalhe antes de brincar”. É a realidade da vida e é bom que a criança aprenda isso bem novinha. Alguns trabalhos não são tão legais de fazer, mas ainda assim, é muito bom quando concluímos. Eles podem ter a recompensa de poder brincar quando terminam. Muitos trabalhos eles devem fazer porque precisam fazer.

As crianças também podem ser pagas por algum trabalho extra que eles fazem. Isso é uma excelente oportunidade para ensinarmos a eles sobre como lidar com o dinheiro. A Bíblia é clara, se alguém não trabalha não deve comer (2 Tess. 3:10). Nossos filhos devem aprender isso também. Devemos estar atentas e perceber qual é o melhor momento para ensinarmos sobre o trabalho e suas recompensas.

Como mães, devemos estar alertas para ensinar nossos filhos a subjugar a vontade deles à Deus e aos pais, bem como canalizar a vontade deles, finalmente eles vão sentir alegres e recompensados por isso.

Mary fala sobre obediência, e, diz que quando nossos filhos escolhem desobedecer, eles estão escolhendo uma batalha para a vida deles. Que vai durar até que eles se submetam a você. Quando os filhos estão desonrando os pais, eles PRECISAM perder esta batalha. Quando eles perderem esta batalha, então terão paz interior, que vem com o dever cumprido.

Antes de concluir, Mary enumera algumas dicas práticas para as mães aplicarem em suas casas:

1 – Arrumação de 10 minutos: cronometre 10 minutos para que todos da casa ajudem a colocar as coisas em seus lugares e fazer pequenas tarefas que encaixem neste tempo.

2 – Organize enquanto você está fazendo: ensine seus filhos a organizarem enquanto estão fazendo algo. Seja levando a louça enquanto estiverem cozinhando, ou limpando o banheiro enquanto estão tomando o banho, ensine-os desde cedo a remir o tempo e usá-lo da melhor maneira.

3 – Trabalhe no caminho: Se algo que precisa ser guardado estiver no seu caminho, leve e guarde, para manter a arrumação. Se você e seus filhos vão sair do carro, por exemplo, já levem os lixos que estão no carro, por exemplo.

4 – Estabeleça rotinas: Economiza muito tempo estabelecer rotinas em casa com as crianças.

Se você mantém a rotina, as crianças vão aprendendo no processo de repetição diária até o trabalho se tornar algo natural e um hábito.

Mary conclui falando que devemos sempre lembrar que há um trabalho que não podemos fazer pelos nossos filhos e, tampouco por nós mesmas. Não podemos ir para o céu por nosso próprio trabalho. À medida em que vamos ensinando a eles a importância do trabalho e suas recompensas, nós vamos também ensinar que o salário do pecado é a morte. Mas o dom de Deus é a vida eterna. É apenas pelo trabalho que o Senhor fez na cruz, pagando com seu próprio sangue por nossos pecados, que nós podemos entrar na glória eterna.

Assista o vídeo, clicando aqui!

Mary Beeke é esposa do Dr. Joel Beeke e mãe de Calvin, Esther e Lydia. Trabalhou como enfermeira e professora de ensino fundamental. Obteve certificado de competência na área de Deficiência de Aprendizagem no Calvin College. Ela tem sido dona de casa e esposa desde 1989.

Autoria da resenha: Ana Carolina é casada com Jonatha Bongestab, mãe da Melissa, Manuela, deste lado da Eternidade, e da Aimée, que está com o Senhor. Congrega na igreja Presbiteriana de Ponta D’areia no Rio de Janeiro. É advogada por formação, mas atualmente exerce livremente seu direito de servir sua família em tempo integral, educando suas filhas em casa, ajudando seu marido, escrevendo sempre que pode, e se dedicando aos estudos sobre Educação Clássica Cristã.