Semana passada nós tratamos de um ídolo comum que nós como pais adoramos – o ídolo do sucesso. Muitas vezes, sem nem mesmo percebermos, ao invés de olharmos para os nossos filhos como criaturas de Deus, nós começamos a olhar para os nossos filhos como troféus. Nós secretamente queremos apresentá-los como testemunhos visíveis de uma trabalho bem feito.
Essa semana (*na época estava se aproximando o dia das mães) eu quero tratar sobre um outro ídolo muito comum – o ídolo do reconhecimento, da apreciação. Deixe-me dizer primeiramente que eu não tenho nenhum problema com o dia das mães. Eu acho que nós devemos ser proativos em honrar pai e mãe, mas por causa do pecado, quando coisas boas se tornam coisas que nos comandam, elas viram coisas ruins.
Nós já recebemos ligações da escola. Nós estávamos lá quando os pesadelos vinham. Nós trocamos lençóis da cama que foram molhados várias vezes. Nós já saimos de pijamas até a farmácia 24 horas atrás de remédio. Nós já fizemos bolos especiais de aniversário na forma de skate. Limpamos vômitos do carpete do quarto. Já tivemos reunião com o diretor da escola. Já passamos horas fazendo um vulcão de papel mache.
Já assistimos a inúmeros recitais não tão agradáveis, passamos milhares de férias memoráveis. Andamos kilômetros por corredores de supermercados para que bocas fossem alimentadas e barrigas ficassem cheias. Gastamos horas nos shoppings procurando roupas “legais”. Já lavamos roupas o suficiente para encher o Grand Canyon! Abrimos mão de nossos sonhos para comprar um instrumento musical ou para pagar por um aparelho de dente. Será que não está na hora de ganharmos algum crédito?
Eu não saberia dizer quantas vezes eu ouvi parte dessa lista sendo citada por pais, sempre com essa frase no final – será que não está na hora de ganharmos algum crédito? Parece algo tão lógico, tão inofensivo, tão correto. Os filhos deveriam apreciar os pais. No entanto, agora me escutem, pais e mães – ser apreciado não pode ser o nosso objetivo. Quando isso se torna o motivo da nossa vida, nós inconscientemente buscaremos com olhos super vigilantes sermos apreciados em toda situação.
Seu filho não vai adentrar pelas portas no fim do dia e dizer: “ Você sabe no que eu estava pensando enquanto voltava pra casa, mãe? Eu estava pensando no quanto você e papai têm feito por mim ao longo dos anos. Você tem estado comigo e tem me apoiado desde o meu primeiro momento de vida até agora. Eu fui tomado por um sentimento de gratidão e mal podia esperar chegar em casa para dizer obrigada” (se isso acontecer com você, faça um memorial, “levante as mãos e sempre agradeça”).
Pouquíssimos pais foram se deitar e ouviram um choro vindo do quarto da sua filha adolescente e tiveram essa conversa:
– “Qual o problema, querida?”
– “Ah, eu estava apenas pensando em você e mamãe, e em como eu tenho sido mal-agradecida. Eu me sinto tão culpada por não ter apreciado mais vocês, e eu me comprometo a demonstrar todos os dias que eu aprecio vocês!”
Muito pelo contrário. A tendência dos adolescentes é de seguir muito mais a sua própria cabeça e a buscar seus próprios interesses do que serem tomados por um reconhecimento e apreciação pelos outros.
Percebe que se os pais esquecerem do seu relacionamento vertical com Deus enquanto eles servem seus filhos, se em suas mentes pensarem num contrato entre pai e filho como “I sirvo e você aprecia”, eles vão enfrentar muito desencorajamento e raiva durante a criação dos filhos?
Pais, vocês precisam perguntar novamente a vocês mesmos – “Por que eu faço o que faço? A quem eu estou servindo? Quais são as coisas que eu espero e exijo? Os desejos de quem comandam as oportunidades que tenho com meu filho – os de Deus ou os meus?
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Este post é uma tradução de uma série de estudos sobre ídolos na criação dos filhos: “O ‘ídolo do sucesso’, “o ídolo da supervalorização” e o “ídolo do controle”. O artigo foi publicado originalmente no site “Paul Tripp Ministries”, traduzido e re-publicado com permissão do autor. Leia o texto original aqui.
Paul Tripp é pastor, escritor e renomado conferencista internacional. Ele é casado com Luella, com quem tem quatro filhos adultos: Justin, Ethan, Nicole e Darnay.
* tradução: Roberta Macedo