“Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno.” Pv 23.13-14 

Inúmeras mães me procuram contando de sua angústia enquanto disciplinam filhos pequenos. Elas se entristecem e se preocupam quando não conseguem ver neles um espírito disposto à obediência, e não sabem se devem insistir na disciplina. “Será que a disciplina aplicada está fazendo efeito no coração delas ?”- é a grande dúvida.

A Bíblia faz uma relação inequívoca entre a correção física e seu efeito na alma de nossos filhos. Não apenas no texto citado acima, mas em vários outros, encontramos a preocupação de associar o uso da vara com a instrução verbal, a admoestação e o ‘apelo’ para que a criança mude atitude. O objetivo da disciplina com vara É atingir o coração de nossos filhos! 

“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” Ef 5.4

As Palavras disciplina e admoestação têm o mesmo sentido, mas com ênfases diferentes. Disciplina se refere mais especificamente à correção física, mas seu campo semântico também inclui a argumentação. Admoestação, ao contrário, visa enfatizar a repreensão, mas também contempla a disciplina física.

Fica claro que o objetivo da disciplina com vara é atingir o coração de nossos filhos! 

Muitas mães, entretanto, não conseguem discernir como isso deve ser feito e se estão fazendo corretamente. Elas estão usando a vara de forma amorosa e consistente mas sentem que seus filhos, de fato, não têm tido corações transformados. A queixa é que parece que eles só obedecem por medo da correção com vara, mas que não amam, de fato, a correção. Não correm para, de coração, obedecer no quesito tratado durante a disciplina. 

As mães, contudo, devem entender que a disciplina é um longo processo de caminhada com nossos filhos e que precisamos passar por várias etapas diferentes. 

Enquanto são bem pequenas, as crianças não conseguem elaborar com clareza tudo que os pais e, em última instância, a Bíblia, requerem dela. Isso significa que talvez você discipline sua criança e ela não demonstre ter amor pelo preceito que você está tentando incutir nela. Isso gera muita frustração e tristeza nos pais e, por vezes, é motivo de desânimo. 

Mas as mamães precisam entender que a disciplina de filhos funciona, mal comparadamente, à educação clássica. Se você já leu alguma coisa sobre o assunto, sabe que a primeira fase consiste em fazer com que a criança decore muitas coisas. Elas são treinadas a memorizar, a guardar todo aquele acervo de conhecimento em sua cachola, mesmo não fazendo muito sentido. Eu comparo esta fase de ensino com os primeiros anos de correção com a vara. A crianças está apenas aprendendo a se comportar, a dominar seus ímpetos e submetê-los à sabedoria dos pais. Num segundo momento, como na educação clássica, tudo aquilo que ela guardou, começa a fazer sentido e a finalmente se tornar algo prático, incorporado ao seu conhecimento e comportamento. 

Portanto, não se desespere quando seu filho de 5 anos está com preguiça de ir à igreja domingo de manhã. Vá incutindo nele este hábito. Se precisar corrigí- lo por reclamar e fazer pirraça na hora de se arrumar, corrija. Um dia ele fará isso por conta própria e com o coração alegre. 

Não se aborreça de ter que obrigá-lo a orar no café da manhã ou a participar do culto doméstico todos os dias. Tome providências para que ele faça sem reclamar, em obediência. Um dia ele não saberá mais viver sem isso.  

Não desanime quando você o corrigir por alguma desobediência e ele não demonstrar ter entendido a gravidade do seu pecado. Na primeira infância, o objetivo é fazê-lo obedecer e se dobrar. O segundo passo é dobrar seu coração. 

Agora, note que não estou querendo dizer que você deva tolerar um coração rebelde e obstinado. Não é isso. Quando disciplinamos nossos filhos e eles se mostram irados e impacientes com a administração da disciplina, significa que eles precisam ser corrigidos novamente. 

Este texto trata de situações mais subjetivas, quando percebemos que o verdadeiro amor pela lei de Deus ainda não está arraigado em seu coraçãozinho. Então você deve, diligentemente, continuar a correção por quantos anos for necessário, instruindo e evangelizando seus pequenos e clamando ao Senhor para que use de benevolência e que, ao longo dos anos, Ele vá dando o correto entendimento ao coração de sua criança. Só Ele pode operar esta obra na vida de nossos filhos. Seu papel é insistir, repetir, ser coerente, consistente, ter a certeza de que está aplicando a vara de acordo com os princípios bíblicos e não esmorecer. A seu tempo, os frutos serão docemente colhidos. 

“Grandemente se regozijará o pai do justo, e quem gerar a um sábio nele se alegrará. Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se a que te deu à luz.” Pv 23.24-25 

É claro que entendemos que o texto acima não se refere a ter a “sorte” de gerar um filho sábio. O foco é em incutir a sabedoria bíblica em nossos filhos. E quando Provérbios fala da sabedoria, ela está falando do próprio Deus, do Evangelho! Portanto, é um encorajamento para que os pais insistam com seus filhos, como vemos na continuação do texto, para que eles ouçam e pratiquem as verdades do Evangelho: 

“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos.” Pv 23.26 

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simone* Simone Quaresma é casada há 28 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Ponta da Areia, no Cachambi, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas, casado com Ana Talitha; Israel, casado com Larissa e pais da linda Elisa; Davi e Júlia. Trabalha com aconselhamento e Palestras para as mulheres. Autora dos livros: “O que toda mãe gostaria de saber sobre disciplina bíblica” e “A mulher piedosa e a quebra do 9º mandamento”.