Será que existe alguma mãe que não sinta culpa no exercício da maternidade? Talvez na maior parte do tempo ou talvez só as vezes – todas nós fazemos ou deixamos de fazer algo que nos dá sentimento de culpa. Quando você sabe que alguém que você ama e depende de você está contando com você para basicamente tudo (da alimentação aos cuidados com a saúde ou feriados memoráveis), vem o peso da responsabilidade e o fardo do mal desempenho.
Mas não tenho certeza se o pecado é a maior causa do sentimento de culpa das mamães
Se formos honestas, geralmente se trata de orgulho ou de temor dos homens. Queremos ser a melhor mãe que existe e não queremos que as pessoas pensem que não estamos atendendo às necessidades de nossos filhos. Queremos que nossos filhos e as pessoas ao nosso redor pensem que somos mães fantásticas que suprem cada uma das necessidades. Queremos a aprovação, o reconhecimento de que somos ótimas ou, ao menos, de que estamos indo muito bem. Frequentemente nos sentimos mais culpadas por não fazer mais projetinhos (leitura, esportes, ________) com nossos filhos do que por gritarmos com elas quando estamos atrasadas. E por acaso isso ocorre porque deixar de fazer projetinhos com nossos filhos é pecado? Não: felizmente, as Escrituras nada dizem sobre palitos de picolé e cola. Nos sentimos culpadas, pois a outra mãe faz mais coisas com seus próprios filhos e nos sentimos ultrapassadas. Gritar com nossos filhos é menos preocupante, pois as outras mães não nos veêm fazendo isso, do contrário não faríamos.
Isso soa muito mal quando colocamos o preto no branco, não é? Me constrange, pois vejo isso na minha própria vida. A culpa que eu geralmente carrego não é gerada pela minha inconsistência na disciplina, mas porque alguma outra mãe está fazendo _________ por seus filhos e eu não. Minha culpa vem, não de uma consciência inclinada à Deus, mas de um coração que quer estar à frente dos outros.
Mas certamente há a culpa maternal que vem de uma consciência de quem está fazendo o seu trabalho, nos mostrando onde falhamos como as mães que Deus nos chama para ser. O fato de nos sentirmos culpadas por esquecer de orar por nossos filhos, por sermos relaxadas no ensino e por nossas ações ou palavras egoístas, é algo que pode ser saudável e nos levar ao arrependimento.
A cruz é a resposta para os dois tipos de culpa. Nos faz olhar para o nosso Salvador ao invés dos outros e, especialmente, ao invés de olhar para nós mesmas. Quando nos focamos na Cruz, colocamo-nos em nosso devido lugar. A opinião alheia não importa quando estamos cientes de que vivemos diante da presença do Senhor.
Quando pecamos no nosso papel como mãe por transgredir a Palavra de Deus ou por ignorá-la, podemos correr para a cruz e encontrar perdão através da expiação substitutiva de Jesus. Ao confessarmos nosso pecado, somos perdoadas e purificadas de toda a injustiça (I João 1:9).
Deus pode perdoar tanto as vezes em que somos impacientes com nossos filhos como as vezes em que nos sentimos culpadas enquanto lutamos pelas nossas próprias forças para parecermos melhores para as outras pessoas, sem levar em conta nossos reais pecados. A culpa é um sentimento dado por Deus quando estamos fazendo algo errado. Quando nosso senso de certo e errado sobre a maternidade é ditado mais e mais pelas Escrituras do que pelo Pinterest e pelo Facebook, podemos nos valer daquela culpa maternal para correr até a cruz e deixar esse fardo lá, com o nosso Salvador, que morreu inclusive por esses pecados. Isso nos livra da escravidão à opinão alheia sobre nós e da real e merecida culpa pelo pecado. Isso também nos habilita a exercermos nosso papel de mãe na Sua força, porque, sem isso, nós sempre iremos falhar com os nossos filhos.
_________________
Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit” traduzido e re-publicado com permissão da autora.
*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”
** Tradução: Vivian Junqueira Viviani