Esticando-se na ponta dos pés, Ethan ansiosamente alcançou um enorme arbusto de framboesas pretas brilhantes. Plop, plop, plop! Cada frutinha quicava quando atingia o fundo do balde. Ele já tinha enchido um balde e estava partindo para o segundo, apesar de muitas das frutinhas não terem chegado ao balde dele. Seus lábios manchados mostravam que ele tinha enchido seu bocão com muitas delas, mas Ethan era muito ágil em colher frutas!  Parecia que seus olhos castanhos sempre notavam um cacho cheio de frutinhas maduras escondido debaixo de algumas folhas.

“Aha”, ele disse para si mesmo. “Você não pode se esconder de mim!” Plop, plop, plop! O fundo de seu segundo balde já estava coberto.

Enquanto Ethan colhia, ele tinha esquecido uma coisa: sua irmã Maryellen. Ele havia prometido ficar de olho em sua irmã de quatro anos. No começo, tinha sido fácil.

Ethan a advertiu que não entrasse nos arbustos espinhosos, que poderiam arranhar seus braços. “Fique apenas na grama”, ele tinha dito a ela, e depois que descobriu um sapo marrom pulando por ali, Maryellen passou os quinze minutos seguintes o seguindo. Sempre que o sapo pulava muito perto dos arbustos de amora, ela dava um grito, pegava o sapo e o colocava de volta na grama. Uma vez ela não foi rápida o suficiente e o sapo deu um último salto desesperado para os arbustos espinhosos.

Isso acabou com a sua diversão!

Agachada, Maryellen viu uma formiga carregando um estranho objeto branco pela grama. Ela caiu de bruços e olhou mais de perto. Será que era uma migalha de pão? Ou um pouco de ovo? Ou um grão de arroz? O que quer que fosse, era quase do mesmo tamanho que a formiga. De fato, Maryellen logo percebeu que a formiga não estava sozinha. Na verdade, ela era parte de uma longa fila de formigas marchando, todas carregando aqueles estranhos objetos. De onde elas estavam vindo? Maryellen decidiu descobrir. Ela se levantou, mas então percebeu que àquela distância, ela não podia ver as formigas. Então ela começou a rastejar pela grama, seguindo o rastro das formigas. Sem que ela percebesse, a trilha de formigas a levou direto aos arbustos espinhosos e nos limites da floresta.

Ali a grama ficou muito alta e Maryellen teve dificuldade para encontrar as formigas que marchavam elas altas folhas, mas tudo bem! Ela decidiu que já estava cansada de rastejar. Ela se levantou e começou a pular. Agora ela era o sapo marrom! Pula, pula, pula! Maryellen olhou para os sapatos com prazer. Seus sapatos novos brilhavam toda vez que ela tocava o chão. Na claridade, ela mal podia ver as luzes piscando, mas aqui na sombra, seus novos sapatos brilhavam ainda mais. Mamãe tinha revirado os olhos quando Maryellen implorou por sapatos que piscassem, mas acabou cedendo. Maryellen estava super animada, e aqui na floresta ela podia deixar quantas pegadas quisesse.

Então, Maryellen, saltando por aí, com seus sapatos piscando e brilhando a cada pulo, acabou sem perceber para onde estava indo. Ela não percebeu o zumbido zangado à frente dela. Ela só reparava nos seus sapatos brilhantes.

A cerca de seis metros de distância, do outro lado dos arbustos, Ethan continuava colhendo frutas. “Só mais uns minutos, Maryellen” – ele avisou. Ele começou a assobiar quando, de repente, ouviu um grito agudo. Foi Maryellen! Ele derrubou o balde e começou a correr, os espinhos arranhando seus braços e enganchando em sua camisa. Outro grito encheu o ar. Abrindo espaço por alguns arbustos, Ethan viu Maryellen balançando os braços freneticamente. Os olhos dela mostravam uma expressão de terror. Sua boca estava aberta em um grito.

Ela estava sendo rodeada por um zumbido raivoso de vespas. Sem pensar, Ethan correu, pegou sua irmãzinha e correu. Se você tivesse pedido a Ethan para correr com botas de borracha ele teria rido de você, mas ele nunca correu tão rápido – mesmo com botas de borracha e tudo. O choro de Maryellen e a dor por ele mesmo ter sido picado fizeram seus pés voarem pelo campo ao lado de sua casa e, finalmente, até a porta dos fundos.

Papai, que estava na garagem lavando o carro, correu para ver qual era o problema. Rapidamente ele gritou para Ethan chamar a mãe e disse a Maryellen para ficar parada. No que pareceu um tanto confuso, mamãe e papai examinaram os dois para ver se havia qualquer vespa restante em suas roupas e, em seguida, os trouxeram para casa. Maryellen não conseguia parar de chorar e sua pele estava cheia de marcas inchadas onde ela havia sido picada. “Vamos pegar algumas compressas de gelo, loção e remédio para amenizarem a dor”, a mamãe disse a menina, que estava soluçando de tanto chorar.

Quando Maryellen estava começando a se acalmar, ela olhou para os seus pés. “Meu sapato!” Maryellen chorou ainda mais alto do que antes. “Um dos meus sapatos novos se foi! Eu o deixei para trás!”

Mamãe sorriu prometendo à filha que ela podia pegar o sapato de volta. “E, Maryellen”, mamãe perguntou, “você agradeceu ao Ethan por ser um irmão mais velho tão corajoso?”

Maryellen virou o rosto banhado em lágrimas para o irmão. “Obrigado, Ethan”, disse ela.

Mais tarde, na hora do jantar, Maryellen olhou seriamente para o pai e perguntou: “Pai, por que você acha que Deus fez abelhas? Eu não gosto delas.”

“Bem, não foram abelhas que te machucaram”, disse papai. “Eram vespas. Ainda assim, Deus criou abelhas com ferrões para se protegerem. Se elas acham que você vai destruir a casa delas, elas vão te picar, então você vai embora. E isso funcionou, não foi?” Papai sorriu.

“E as abelhas têm muitos aspectos maravilhosos!” exclamou mamãe. “Na verdade, eu trouxe algo especial para você da feira dos fazendeiros hoje de manhã. Algo que é ainda mais doce que as framboesas pretas.” Mamãe pegou um saquinho de papel e tirou pequenos canudos cheios de mel. “Sem as abelhas, não teríamos mel. E esse é um tipo especial de mel. Prove um pouco e veja se consegue adivinhar o que é especial.”

Ethan cortou a parte superior do canudo de mel e sugou um pouco. Ele franziu o rosto enquanto ele deixava o sabor rolar sobre a sua língua. “Tem gosto de mel, mas tem algo um pouco diferente.”

Papai também tomou um gole de mel e fechou os olhos. “Deixe-me ver… ” ele disse. “Hmm… acho que tem algum tipo de sabor cítrico nele “.

“Sim!” Mamãe sorriu. “O homem que me vendeu esse mel me disse que ele envia suas abelhas para a Flórida no inverno e que lá as abelhas são usadas para polinizar as laranjeiras. Então esse mel que a gente come vem do néctar das flores de laranja!”

“Então”, papai disse, “as abelhas trazem dois grandes benefícios para as pessoas. Elas fazem mel e polinizam flores e árvores frutíferas. Agora eu tenho uma pergunta para você. Se o mel é mais doce do que framboesas pretas, o que é mais doce que o mel?”  

“Açúcar?” Perguntou Maryellen.

Pegando a Bíblia da prateleira, papai abriu no Salmo 19 e começou a ler. Quando ele chegou ao versículo 9, ele leu lentamente: “O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.” (Salmo 19: 9-10).

“Veja, a Palavra de Deus nos diz que se seguirmos Seus mandamentos, ficaremos satisfeitos e que eles nos trarão mais alegria do que qualquer par de sapatos ou qualquer outro bem jamais poderia. Prove o mel novamente. Não é doce? Pois, para o povo de Deus, os juízos do SENHOR são ainda mais doces que o mel”.

**Andrea Scholten é professora, escritora para crianças, e membro da Heritage Reformed Church em Grand Rapids, Michigan.

Adaptado de Open Windows. Revista Banner of Sovereign Grace Truth. Edição de Março/Abril de 2019 Página 86.