“De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber” Atos 20:33-35

Fonte da imagem: Diocese de Crateús

“De quem serão aqueles sapatos velhos e sujos?” perguntou James. Ele e o tio Bill estavam caminhando pelo parque quando viram um par de sapatos do lado de uma trilha. James parou e olhou em sua volta. Havia capim bem alto nos lados da estrada, mas James viu que tinha um pequeno atalho que passava pelo capim. Esse caminho levava direto à beira de um lago. Lá, na beira do lago, estava a sua resposta. Um senhor idoso com a sua vara de pesca, sentado nos pedregulhos. Ele estava vestido de roupas velhas, e um chapéu surrado que cobria suas orelhas. James deu uma olhada para os pés desse senhor. Como imaginavam, ele estava descalço. Seus pés estavam pendurados, seus dedos tocavam a água.

 Parecia que ele já estava pronto para ir – com um grande suspiro, ele colocou a sua vara de pesca no chão, saiu dos pedregulhos e fechou a sua caixa de equipamentos para pesca. “Tio Bill, vamos aprontar

alguma coisa com esse homem,” sussurrou James com animação. “Vamos esconder os sapatos dele, e depois ficamos observando por trás daquele arbusto para ver o que vai acontecer. Não será engraçado quando esse velho doido perceber que seus sapatos desapareceram?” James sorriu.

“James!” exclamou o tio.

Ele olhou espantado para o seu sobrinho. “Você sabe o que você está dizendo? Nós nunca devemos nos divertir às custas dos outros, principalmente com aqueles que são menos favorecidos do que nós. Esse homem parece bem pobre, e pegar os sapatos dele só seria engraçado para você. Mas eu tenho uma ideia melhor. Como temos sido abençoados com tantas coisas, que tal compartilharmos? Ao invés de pegar seus sapatos, vamos fazê-los mais valiosos do que nunca.” Com isso, o tio Bill pegou a sua carteira e tirou uma nota de vinte dólares. James olhou espantado para o seu tio, e então, envergonhado, puxou a sua carteira e também tirou uma nota de vinte dólares. Pegaram o par de sapatos esfarrapados e colocaram uma nota de vinte dólares dentro de cada um. Rapidamente eles se distanciaram um pouco e ficaram por trás de um arbusto para ver o que iria acontecer.

Eles só tiveram que esperar por poucos minutos até que ouvissem o homem assobiando mansamente enquanto caminhava nessa pequena trilha. Quando ele chegou onde estavam os seus calçados, ele se abaixou e deslizou o pé esquerdo para dentro do sapato. Sentindo alguma coisa cutucando o seu pé, ele se abaixou novamente para ver o que era.

Ele esperava que fosse uma folha ou algum galho, mas ao invés disso ele encontrou uma nota de vinte dólares! Ele olhou ao redor, maravilhado. Não vendo ninguém, ele parou por um momento, sacudindo a sua cabeça lentamente, como se quisesse ter certeza de que isto não era um sonho. Com a mão trêmula, ele colocou o dinheiro no seu bolso. Então tentou calçar o outro sapato, deslizando para dentro dele o seu pé direito. Imagina a surpresa quando novamente ele sente algo estranho no seu pé! Sua mão tremia ainda mais enquanto ele pegava o sapato e tirava dele outra nota de vinte dólares. Novamente ele olhou para um lado e para o outro, mas não viu ninguém. Uma lágrima rolou no seu rosto, a qual ele logo enxugou com sua mão áspera. Então os olhos dele fecharam e os seus lábios se moveram silenciosamente.

O tempo pareceu ter parado para James e o tio Bill enquanto assistiam essa cena. Havia se passado um ou trinta minutos?  Eles não sabiam, mas não tinham como conter a profunda emoção ao ver esse homem terminar a sua oração e ir embora.

“Agora, James,” disse o seu tio com lágrimas nos olhos, “isso não te deu mais alegria do que pregar a peça que você planejava?”

James ficou em silêncio por um momento.

“Eu não sei o que dizer,” ele finalmente respondeu, “exceto que eu sei que nunca vou esquecer o que aconteceu, ou a lição que você me ensinou.”

“É bem verdade que é mais bem-aventurado dar do que receber.”  Sussurrou o tio Bill.

Andrea Scholten é professora, escritora para crianças e membro da Heritage Reformed Congregation em Grand Rapids, Michigan. Adaptado por Andrea do livro Hora da História para Crianças.