weddingPuritanwebMeu nome é Abigail e tenho uma história para contar a todas as pessoas, principalmente às mulheres, a fim de acompanharem tudo quanto me sucedeu na vida, para que tomem lições de como se deve proceder bem, principalmente em situações adversas, pois sei que a vida é muito dura e que nós mulheres precisamos estar muito perto do Senhor, a fim de minimizar os efeitos da maldade humana que nos acomete. Eu me sinto muito mais encorajada a contar a minha história porque Deus achou por bem registrá-la no livro sagrado dele – a Bíblia – para ficar para a posteridade. Assim, quero enfocar alguns aspectos da minha vida que julgo importantes para a edificação de todos.

Meu nascimento e criação – Sou uma mulher judia. Nasci dentro da aliança de Deus com o nosso pai Abraão. Além de ser sua descendente segundo a carne, sou também sua descendente segundo a fé. Um dos meus maiores privilégios é ter tido pais piedosos, que me criaram segundo as prescrições de Deus, conforme contidas em Deuteronômio 6.6-9. Lembro-me que ainda na tenra idade meus pais me conduziam pelos caminhos do Senhor. Foi em casa mesmo onde cursei o primário, colegial e universidade, e os meus mestres foram meus pais. Em casa, eles me ensinavam os caminhos do Senhor, suas leis, seus estatutos, ajudando-me a decorar todas as palavras do Senhor. Quando papai estava trabalhando, mamãe me perguntava sobre a lei do Senhor, a ver se eu já tinha decorado, e esse era um exercício contínuo lá em casa, muitas vezes ao dia.

Lembro-me que ao acordar, já via minha mãe ao meu lado, na cama, conduzindo-me a cantar um salmo de louvor a Deus; depois ela fazia uma oração e então começávamos o dia. Papai já tinha saído muito cedo para o trabalho, o dia ainda estava escuro. Mas à tardinha, quando ele retornava, chamava-me e, então, me perguntava como tinha sido o meu dia, e aí começava uma sessão de perguntas e respostas sobre a lei do Senhor, sobre os seus atos em libertar os nossos pais do Egito, sobre as suas obras maravilhosas, e eu fui absorvendo toda aquela atmosfera divina dentro de casa. Aos cinco ou seis anos eu já era capaz de reproduzir muitos atos portentosos realizados por Deus a favor do seu povo, e aquilo me enchia de prazer e também de temor pelo meu Senhor. À medida que fui crescendo, as lições foram se intensificando e meus pais sempre apertavam comigo para que eu soubesse cada vez mais a fundo os preceitos de Deus. Na minha pouca idade, eu não poderia imaginar que aquilo viria a me dar tanto lucro no futuro, quando as dificuldades da vida me apertariam com as suas circunstâncias. Tudo isso se tornou uma maravilha prática na minha vida, pois eu aprendi a respeitar o próximo, seus direitos, os meus deveres, a honra devida às autoridades, a reverência devida a Deus, e tudo aquilo foi construindo o meu caráter, de tal maneira que, mesmo ainda muito jovem, aos doze ou treze anos, eu já tinha uma maturidade bem considerável e era muito amada pelos meus pais e familiares em geral, fazendo-me lembrar das palavras do salmista: “tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação” [Salmo 119.99]. De fato, ao me deitar, eu ficava meditando em como a vida vivida segundo os mandamentos do Senhor era boa de ser vivida. Eu me alegrava no Senhor e esperava sempre nele.

Meu casamento e início da vida conjugal – Um dia meus pais decidiram que eu deveria casar, pois, segundo eles, eu já estava na idade de ser dada a um homem da aliança [eu e todas as moças do lugar fomos instruídas que só deveríamos casar com rapazes que temessem a Deus, que fossem da aliança, que fossem do povo santo, pois essa era a vontade de Deus]. Meus pais me julgaram apta tanto fisicamente, como no caráter e maturidade (e aqui preciso dizer que eram gritantes as diferenças entre os jovens da aliança e os jovens cananeus – os nossos vizinhos, povos que não eram da aliança – conforme ouvíamos falar; enquanto aos 17 ou 18 anos nós já estávamos com o caráter formado, com noção completa dos nossos direitos e deveres para com Deus e para com o próximo; os jovens cananeus eram dispersos e segregados, sem conhecer limites de coisa alguma, onde cada qual vivia pela sua própria cabeça e pelo mau exemplo dos mais velhos).

Foi assim que num determinado dia eu conheci aquele que seria o meu marido. Meus pais marcaram uma reunião com outra família da tribo de Judá, da casa de Calebe, e no dia aprazado eles vieram à nossa casa para uma refeição e ali eu conheci aquele que seria o meu marido. Depois de uma refeição de congraçamento, fomos apresentados e as intenções foram declaradas. Tudo foi aprovado e a data do enlace foi marcada. Como toda moça, enchi-me de emoção, pois constituiria uma família e teria filhos, herança do Senhor. O nome do rapaz era Nabal e não tive tempo para conhecê-lo, pois isso se daria somente depois do casamento. Mas pude perceber, mediante poucas informações da sua mãe, que ele era muito trabalhador, que tinha muita facilidade de multiplicar rebanhos e comercializar. Apenas isso ela disse acerca dele. No dia marcado casamos, e foi uma grande festa. Os familiares e toda a redondeza compareceram para as bodas, que duraram em torno de uma semana. Depois da festa, deixei a casa de meu pai e fui morar com Nabal, iniciando a nossa vida conjugal. Os primeiros dias não foram fáceis, pois Nabal era ríspido no falar, dedicado em demasia ao trabalho, com muitos planejamentos para multiplicar rebanhos, vendê-los e auferir lucros; Acordava muito cedo e ia dormir tarde e praticamente não vivia a vida comum do lar e nem me dava atenção. Lembrei-me da Palavra de Deus através do salmista quando disse: “Inútil vos será levantar cedo, dormir tarde, comer o pão que penosamente granjeaste, pois aos seus amados Ele o dá enquanto dormem” [Salmo 127.2]. Meu marido Nabal definitivamente não temia a Deus e, por isso, confiava muito no seu braço, na sua força. Praticamente não tínhamos momentos de devoção doméstica; ele não falava da Palavra de Deus, não me instruía, e eu percebia claramente que ele tinha um sofrível conhecimento de Deus e dos seus preceitos. Senti-me frustrada com o meu marido, pois entendi que ele não me guiaria pela Palavra de Deus, como um marido da aliança deveria fazer com a sua esposa e filhos. Senti-me só e o meu consolo foi o Senhor. Tudo quanto aprendi enquanto na casa dos meus pais valeram-me nessa hora de escassez espiritual, quando o meu governador não estava sendo um marido conforme os preceitos do Senhor. No entanto, procurava ser uma esposa excelente, sendo-lhe submissa, cuidando dele, ajudando-o a voltar-se para o Senhor. No começo falei muito acerca da lei do Senhor, mas ele me olvidava, até que me calei. A partir daí, procurei ganhá-lo sem palavras, somente mediante o meu testemunho como esposa fiel e temente a Deus.

Continua…

____________

Pr edson azevedoPr. Edson Azevedo serve como pastor da Primeira Igreja Batista Reformada em Caruaru – PE desde 22 de julho de 2000.  É formado em Engenharia Civil pela UFPE, em Teologia e Música Sacra pelo Seminário Batista (STBNB), Pós graduado em Bíblia pelo Mackenzie e Mestrando pelo Seminário Internacional de Miami – MINTS. É membro da Comissão Brasileira de Salmodia – CBS. É casado há 30 anos com Rute, com quem tem 2 filhos, Filipe Levi (29) e Anna Maria (26).