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A Esperança do Crente na Morte

Agradeça a Deus que Romanos 6.23 continua e diz: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Surpreendentemente, Jesus Cristo suportou a essência dessa morte tripla na cruz do Calvário como um substituto para pecadores como nós: Na cruz, ele sofreu a morte física quando “inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (Jo 19.30); Ele suportou a essência da morte espiritual quando clamou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46); e Ele suportou a essência da morte eterna quando “desceu ao inferno” (cf. Credo Apostólico) “porque meu Senhor Jesus Cristo sofreu, principalmente na cruz, inexprimíveis angústias, dores e terrores. Por isso, até nas minhas mais duras tentações, tenho a certeza de que Ele me libertou da angústia e do tormento do inferno” (cf. Catecismo de Heidelberg, questão nº 44).

Atente-se a isto: o mistério do evangelho é nossa esperança — nossa única e mais do que suficiente esperança! O Filho de Deus sem pecado suportou o “salário do pecado” para que você, querido crente, pudesse ser liberto quando, pela graça, você se arrepender diante dele e acreditar que somente nele há salvação. Ele carregou seu pecado enquanto sofria a essência dessa terrível morte tripla para que você pudesse viver para sempre graças à justiça de Cristo. Paulo resume esse evangelho maravilhoso em poucas palavras em 2 Coríntios 5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. Refletindo nisso, o puritano Elisha Coles (1608-1688) escreveu: “O pecado não poderia morrer a menos que Cristo morresse; Cristo não poderia morrer sem que se tornasse pecado; ele não poderia morrer, mas o pecado precisava morrer com ele”.

Por meio dessa obediência substitutiva de Cristo, você não apenas pode ser salvo, como pode ter vida eterna: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Em Cristo você pode ser liberto da morte espiritual e da morte eterna e, mesmo a morte física, no fim das contas, servirá apenas como uma passagem para a vida eterna. O prolífico puritano Thomas Watson (1620-1686) escreveu: “A morte rompe a união entre o corpo e a alma, mas completa a união entre Cristo e a alma”. Em Cristo você receberá uma vida de alegria, abundância, paz, propósito e satisfação. Ao suportar o “salário do pecado” por você, Ele transforma a morte em vida — e vida eterna!

Preparando-se Para Morrer

Como nós, como verdadeiros cristãos, podemos nos preparar sabiamente para a morte de forma que possamos ansiá-la enquanto vivemos num mundo repleto de materialismo?

Preparando-se Espiritualmente

Você está pronto para morrer? Ou, ainda mais importante que isso, você está reamente vivo espiritualmente? Se você está vivendo em Cristo, está pronto para morrer e, embora haja coisas práticas que precisam ser feitas, sua casa está basicamente em ordem. Se você não está vivendo em Cristo, não está pronto para morrer.

Querido amigo, você precisa estar pronto; você precisa nascer de novo. Não há nenhuma outra maneira de entrar no reino de Deus que não seja pela fé em Cristo como único meio de salvação. Os puritanos costumavam dizer que a maneira de se preparar para a morte é praticando-a enquanto ainda estamos vivos fisicamente, isto é, morrendo para si mesmo, morrendo para tudo aquilo que possa afastá-lo de Jesus Cristo. Você não está pronto para morrer se ainda se apega a ninharias e trivialidades deste mundo. Talvez você viva para suas amizades, seu trabalho, suas possessões, sua riqueza ou seu legalismo; talvez, Deus o livre, alguns de vocês vivam para o pecado. Independente daquilo para o que você esteja vivendo, se Cristo não é supremo em sua vida, você está vivendo para ídolos porque os tem colocado acima dele. Você não está pronto para morrer. Na verdade, você não está vivendo de verdade, mas pode morrer a qualquer momento! Você está numa posição extremamente precária e perigosa. Medite nas sinceras palavras de Robert Murray M’Cheyne: “Se você morre errado da primeira vez, não pode voltar para morrer melhor uma segunda vez”.

Spurgeon não mediu palavras ao dizer: “Aquele que não se prepara para a morte é mais do que um tolo ordinário. É um louco”. Portanto, busque graça para viver como alguém preparado para morrer temporariamente e como alguém preparado para morrer a fim de viver eternamente.

A única maneira de se viver é morrendo diariamente para si mesmo, para sua própria justiça e para este mundo; viva diariamente para Cristo e segundo a justiça dele. Não descanse até que possa dizer: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21).

Preparando-se de maneira prática

Em termos práticos, é importante comunicar nossos desejos para um representante legal designado quanto aos tratamentos médicos que desejamos ou não no caso de nos tornarmos incapacitados. Não queremos sobrecarregar outros com tratamentos inúteis, mas também não queremos causar nosso próprio assassinato! Diretrizes médicas escritas ou verbais comunicadas a um representante legal ajudarão a prevenir esses problemas. Além disso, todo cristão deveria colocar “a casa em ordem” de forma prática fazendo um testamento, o qual provê a disposição de nossos bens terrenos depois da morte, de maneira que glorifique a Deus.

Nesse sentido, é sábio consultar um advogado para garantir que você irá atender às exigências da lei. Um contador ou planejador financeiro também pode aconselhá-lo em como conservar o valor do seu patrimônio, evitar taxas e impostos desnecessários e providenciar o pagamento de suas dívidas, uma vez que é exigido de nós não dever a ninguém: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma” (Rm 13.8). Por último, com a ajuda do seu pastor, faça planos para seu funeral e enterro. Em termos práticos, faz sentido, financeiramente falando, já deixar pagas coisas como embalsamento, caixão, sepultura e o lote do cemitério, uma vez que fará o custo delas ser bem menor. Um registro escrito desses planos faz com que a vida das pessoas que terão de lidar com tudo fique muito mais fácil. O melhor de tudo é que você poderá influenciar para que seu velório se torne uma ocasião especial de pregação do evangelho para outros, especialmente para aqueles que você mais ama nesta vida. O velório e o caixão de um cristão são um púlpito bem persuasivo. O funeral é uma excelente oportunidade para uma exortação poderosa àqueles familiares e amigos não crentes. Ela pode fazê-los correr em direção a Cristo para salvação, ao mesmo tempo em que pode prover conforto aos crentes em luto, fazendo-os descansar nas promessas de Cristo.

Continua…

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*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth, Novembro/Dezembro de 2018, traduzido com permissão do editor.

**Christopher W. Bogosh é o autor de vários títulos envolvendo saúde de uma perspectiva bíblica. Ele é o fundador da Good Samaritan Books, um ministério de publicações dedicado a “informar, transformar e reformar os cuidados médicos”. Chris é membro da Holy Trinity Anglican Church, junto com sua esposa, Robin e seu filho Noah. Chris possui uma mistura única de treinamento médico e teológico, permitindo-lhe envolver-se no mundo altamente técnico da ciência médica, mantendo a fidelidade às Escrituras.

***Tradução por: Rebeca Falavinha Revisado por: Ligian Oliveira e Ana Carolina Oliveira