Geralmente achamos que vida de pastor não é solitária, pois este vive cercado de pessoas. Porém, isto não é verdade. Quando iniciei meu ministério pastoral, ouvi de pastores que já estavam há tempo no ministério dizendo “a vida pastoral é solitária; não temos amigos”. Hoje, eu não apenas sei que é assim, como tenho encontrado tantos outros que vivem essa mesma dor, no entanto, encontramos conforto e consolo na companhia Daquele que nunca nos abandona. “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.20)
A solidão pastoral é algo real, pujante e ameaçador, que precisa ser enfrentado à luz das Escrituras tanto para o pastor quanto para as pessoas que o cercam.
Dentro deste tema, poderíamos abordar vários aspectos da solidão pastoral, mas focarei na “Solidão do cuidado Pastoral”.
A recomendação de Paulo a Timóteo é: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina (…) fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” (1Tm 4.16)
O contexto do nosso texto começa em 1Tm 4.1-5: Ainda que a igreja seja tão gloriosa, refletindo a glória de Seu precioso Senhor e Salvador, nem todos os que pertencem exteriormente à igreja lhe pertencem interiormente, ou seja, o seu pastor está constantemente rodeado de decisões e situações que faz do seu ministério solitário. O presente capítulo trata da apostasia no meio da igreja que precisa ser combatida.
Não havia dúvidas que as heresias aconteceriam. Paulo já havia falado aos presbíteros das igrejas da mesma região em que Timóteo estava agora trabalhando: “Eu sei que depois de minha partida lobos vorazes entrarão no meio de vocês, não poupando o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens falando coisas que não são corretas, com o fim de arrastar os discípulos após eles.”
E agora, ao escrever a Timóteo, o Espírito Santo o informa claramente que o erro, já presente em forma incipiente, crescerá e se expandirá na forma indicada no versículo 3. Os homens se apartarão da fé dando ouvidos a espíritos sedutores e a doutrinas de demônios.
Assim como Satanás fez uso de uma serpente para enganar Eva, esses espíritos sedutores ou demônios fazem uso de homens que falam mentiras, e que falam piedosa e fluentemente com o fim de esconder sua própria arrogância ou imoralidade. Timóteo deveria combater tais erros, porém isto traz consequências na vida ministerial, pois alguns destes espíritos enganadores encontram guarida na igreja.
Queridas irmãs entendam que:
- O seu pastor não é super-herói. A congregação precisa saber que o seu pastor não é super-herói e a ordem dada por Cristo aos pastores, “tem cuidado de ti mesmo” também deve ser observada pela igreja, para que o pastor tenha tempo, para si em oração. “Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava.” (Lc 5.16), este tipo de solidão é necessária para que o ministro entenda que nunca está só.
- O seu pastor não é sua propriedade. A igreja, por vezes, acha que o pastor é “propriedade particular”, ou seja, se a minha família está sofrendo ou se ela precisa do pastor neste exato momento, que ele pare tudo e venha me atender. Seu pastor precisa de tempo para família dele.
- O seu pastor precisa de ajuda. As ovelhas precisam saber o quão frágeis e vulneráveis são seus pastores, pois enfrentam problemas como qualquer outra ovelha, seja no campo familiar, financeiro, emocional ou espiritual. O ministério pastoral não exclui essas adversidades. Quando a igreja desconsidera a solidão pastoral, ela sofrerá juntamente com ele.
Por fim, pastores e igrejas precisam caminhar juntos, uns cuidando dos outros:
Aos Pastores: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” (At 20.28)
À Igreja: “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam.” (1Ts 5.12-13)
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Pastor Jessé Alves de Araújo, tem 48 anos, é casado com Janine Nolêto de Araújo, pai de Tainá (22 anos) e Vinícius (18 anos). Possui Pós-Graduação em Teologia Biblica pelo Andrew Jumper, Pós-Graduação em Antropologia Intercultural, Graduado em Filosofia e Teologia. Atualmente é Pastor Auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana de Roraima desde 2016. Pastoreou durante dez anos a igreja Igreja Presbiteriana Filedelfia em Boa Vista- Roraima. Retornou em janeiro de 2016 para a Primeira Igreja Presbiteriana de Roraima, onde seu pai também foi pastor e foi a igreja que o enviou ao Seminário.