Publicado pela Editora Concílio, o livro “Lit: Um Guia Cristão para Leitura de Livros” realmente se propõe a fazer o que diz seu título.

O autor, cansado de procurar por livros que ensinassem os cristãos não somente a ler mais rápido ou mais dinamicamente, mas que também os estimulassem a ler mais e com um propósito mais elevado, resolveu então escrever para esse público.

Esse livro é indicado tanto para pessoas que já amam a leitura e a tem como hábito, quanto para aquelas que estão começando a trilhar os corredores das bibliotecas (ou dos aplicativos de leitura mesmo) ainda assustados com a quantidade de livros que pode existir no mundo.

O autor divide sua obra em duas partes. A primeira parte, cujo título é “Uma Teologia dos Livros e da Leitura”, trata sobre a importância de uma cosmovisão cristã firme para o aproveitamento pleno do que a literatura pode nos oferecer:

“A Escritura é a matriz definitiva por meio da qual devemos ler cada livro. A Escritura é perfeita, suficiente e eterna. Todos os outros livros, em algum nível, são imperfeitos, deficientes e temporários. Isto significa que quando escolhemos livros de uma prateleira na livraria, lemos livros imperfeitos à luz do Livro perfeito, livros deficientes à luz do Livro suficiente e livros temporários à luz do Livro eterno.”

Nenhum outro livro é perfeito além da Palavra de Deus; ela é o nosso prumo a partir da qual julgaremos todas as nossas leituras. É partir dela que devemos ler tanto os livros de não-cristãos como livros teológicos (sim, principalmente esses devem ser julgados pela Palavra de Deus). É principalmente a Bíblia que devemos ler! Não existem substitutos, livros explicativos ou atalhos para ela.

A segunda parte da obra aborda conceitos mais práticos, tais como a própria escolha de livros, como se posicionar de modo ativo na leitura, como encontrar tempo para ler e como fazer anotações em um livro (compre-os primeiro para isso, ok?). Em especial, quero destacar dessa parte do livro os dois capítulos finais.

No penúltimo capítulo, o autor dá 16 dicas riquíssimas de como “Criar Leitores” em um mundo entupido de distrações eletrônicas para todos os lados. Temos que “tornar os livros proeminentes e a leitura prazerosa”,e as dicas dadas nos ensinam de maneira muito prática como fazer isso.

O último capítulo, porém, foi o que mais me impactou. Reinke apresenta as cinco características de um leitor maduro:

  1. Leitores maduros valorizam a sabedoria.
  2. Leitores maduros valorizam livros antigos.
  3. Leitores maduros mantém a literatura no seu devido lugar.
  4. Leitores maduros evitam transformar os livros em ídolos.
  5. Leitores maduros se apegam ao Salvador.

Foi neste capítulo que pude rever muitos conceitos e calibrar minha mente para colocar a literatura em seu devido lugar.

“A questão é que se você não pode ler um monte de livros, não se estresse por isso. Encontre alguns livros, leia-os com atenção, valorize a sabedoria que eles oferecem e aplique essa sabedoria à sua vida. E então repita o processo. Sempre esteja atento a uma abordagem sobre a leitura de livros que seja falha em deleitar-se na sabedoria. Abordar a leitura como um consumidor é desgastante e perigoso para a nossa saúde. Valorize a sabedoria que você descobre nos livros.”

Precisamos ler sabiamente: “Ser um leitor não me faz um tipo diferente de cristão, mas ser um cristão deve fazer de nós um tipo diferente de leitor”. Se não entendermos a importância da leitura e, muito mais que isso, a importância do que priorizar na leitura, não usaremos sabiamente o tempo tão limitado que Deus nos deu.

Ler, como cristãos, deve, assim como qualquer outra coisa em nossa vida, fazer-nos mais parecidos com Cristo. Deve nos levar a servir melhor a nossa família, nossa igreja, nosso mundo. Finalizo e encorajo a leitura desse livro com uma citação de Spurgeon e o comentário do próprio Reinke:

“’Não pense, querido amigo, que a ignorância tem o poder de exclui-lo da família de Deus. As criancinhas não podem ler em grego ou latim, mas podem dizer: ‘Abba, Pai’, e isto é tudo de que necessitam dizer. Se você não consegue ler os livros de profunda erudição teológica, sim, se Jesus Cristo for seu – e se você confia nele – mesmo o conhecimento imperfeito que você possui dele provará que você é dele, e ele nunca o abandonará, e nem o deixará.’”

“Spurgeon não está encorajando os cristãos a evitarem a leitura de livros teológicos…. Mas… está nos relembrando de que nossa confiança diante de Deus está e apenas pode estar em Jesus Cristo – não em quão inteligentes somos, não em quantos livros teológicos nós já lemos, não em como priorizamos nossa leitura, não em quão eficientemente usamos o nosso tempo de leitura… Não importa quantos livros tenhamos lido, nós nos apegamos à velha e rude cruz. Quando os livros nos sobrepujam, e as nossas limitações intelectuais nos desanimam, nós recorremos ao evangelho. É nas boas novas de Jesus Cristo que os leitores derrotados encontram paz, alegria e coragem para continuarem lendo.”

Que seu ano seja repleto de boas leituras e seja enriquecido com a suprema beleza da Palavra de Deus.

Com Carinho

Equipe MP

TONY REINKE é jornalista, atua como escritor sênior no Desiring God (desiringGod.org) e apresenta o podcast Ask Pastor John, programa com o teólogo John Piper. Além dos livros lançados pela Concílio, também é autor das obras A guerra dos espetáculos (Editora Fiel) e John Newton e a vida cristã (Cultura Cristã).