Embarquei na leitura do livro “Ídolos do Coração”, de Elyse Fitzpatrick, na companhia de três queridas amigas. Como fomos confrontadas e confortadas nessa jornada! Gostaria de compartilhar um pouco dessa rica experiência com você, querida leitora.

A autora tem um jeito peculiar de escrever, o que foi para nós motivo de grande envolvimento com o livro. Já na introdução ela diz que “este livro foi escrito para quem deseja ter uma vida piedosa, mas se vê numa luta frustrante e recorrente contra o pecado habitual e contra a falta de amor plenamente dedicado” (p. 17). No decorrer da leitura, descobrimos “que a idolatria – o amor distorcido – ocupa o cerne de todo pecado persistente contra o qual lutamos” (p.17). Sim, isso ficou muito claro para nós.

A cada capítulo Elyse traz narrativas sobre a idolatria baseada em personagens bíblicos, destacando seus dilemas e amores. É inevitável não se identificar com Raquel, Marta, Eli, Pedro e Arão; e não se maravilhar com a graça do Senhor estendida sobre Moisés, Raabe, o rei Josias e Maria (irmã de Marta e Lázaro).

À medida que os capítulos da sua obra se desenvolvem, a autora nos surpreende com as verdades bíblicas profundas e poderosas que trouxeram grande alento ao nosso coração. Podemos citar, por exemplo, a importância da Lei do Senhor em relação à vida cristã: “a lei, resumida nos Dez Mandamentos, exerce uma função importante na vida dos cristãos. A lei nos ensina a verdade a respeito de nossa suposta bondade e a respeito do único caminho para o céu. Contemplar os padrões imutáveis de Deus nos Dez mandamentos nos ajuda a entender que nenhum mero ser humano jamais guardou a lei perfeitamente […] Somente uma pessoa guardou a lei: o Senhor Jesus Cristo. Recebemos a salvação somente pela fé no cumprimento perfeito da lei por Jesus Cristo em nosso lugar” (p. 57,58).

A lei nos ajuda a compreender que não possuímos bondade em nós mesmas, guiando-nos, portanto, até Jesus. A lei nos torna humildes e estraçalha nossa justiça própria. Ela nos ensina o quanto devemos ser gratas pela obra de Jesus e por Ele tê-la cumprido de maneira perfeita. Nesse sentido, a lei se torna norma de retidão à qual obedecemos por gratidão a Deus e à dádiva do seu Filho.

Outra verdade que a autora expõe de modo espetacular é sobre como as escolhas que fazemos se baseiam em nossa estimativa da maior probabilidade de felicidade que podemos obter. Estamos sempre correndo atrás da felicidade temporal, quando, na verdade, deveríamos buscar o que os Puritanos tinham em mente, quando ensinavam “que a felicidade profunda se encontra no relacionamento próximo com Deus” (p. 97). No entanto, somos incapazes de amar, pensar e adorar ao Senhor por nós mesmas. Ainda nesse assunto, outra questão importante que a autora examina é sobre a necessidade de identificar os nossos ídolos por meio da oração, confissão e arrependimento, e diariamente passar tempo com nosso Deus, para ansiá-lo mais do que qualquer outra coisa nessa vida.

Um dos capítulos de muita clareza é o que trata sobre o significado da palavra “coração” nas Escrituras, referindo-se às três principais áreas de funcionamento de nosso “universo interior”, como a mente, as afeições e a vontade (ou volição). Fomos muito afetados pelo pecado. Estamos em uma verdadeira batalha com nossa velha natureza, lutando contra os amores concorrentes em nosso coração e sendo impotentes para produzir as mudanças necessárias. Devido a isso, precisamos de graça divina para ensinar nosso coração e incliná-lo em direção a Deus. E “quanto mais nos dedicarmos a conhecer a Palavra, crer nela e obedecê-la, mais entenderemos a nós mesmos” (p. 118). Sendo transformadas, todo nosso coração desejará mais o Senhor, pois, como filhos amados, “podemos descansar no fato glorioso de que ele é capaz de operar em nosso coração de modo a nos levar a ansiar por ele acima de qualquer coisa” (p. 174). Que esperança!

Elyse também destaca a obra do Espírito Santo em nós, a qual produz amor por Deus em nosso coração, nos apontando para a cruz de Cristo e santificando nossa vida. Ela aborda como a vida e a morte de Jesus Cristo são suficientes para nos libertar de nossa velha natureza e, aos poucos, nos recriar à imagem dEle e para louvor de sua glória.

Com certeza “Ídolos do Coração” é um livro profundo, que traz verdades maravilhosas — porque as próprias obras de Jesus Cristo são impressionantes! Somos amadas, guardadas, e nossa esperança é firme, apesar de ainda possuirmos um coração corrupto.

Terminamos a leitura do livro glorificando ao nosso Senhor e desejando ardentemente que nossa fé conduza nosso coração em direção a Ele. Sabemos que estamos seguras nEle, que completará a sua obra em nós e nos conduzirá em segurança ao seu Reino.

Algumas frases favoritas:

  • “[…] todos nós lutamos com a propensão de depositar nossa esperança e confiança em algo, em alguém, em qualquer coisa além do Deus verdadeiro… a voz de Deus nos chama de forma clara e amorosa, trazendo esclarecimento e libertação, lembrando-nos de seu amor incomparável por nós e de como, em sua graça, ele recebe idólatras” (p. 18).
  • “Como filhos amados de Deus, podemos descansar no fato glorioso de que ele é capaz de operar em nosso coração de modo a nos levar a ansiar por ele acima de qualquer coisa” (p. 174).
  • “A melhor forma de deter a idolatria é aprender a ter prazer e alegria em Deus. Nosso coração só se desapegará de seus ídolos pelo poder de um amor mais forte, o poder do amor do Pai por nós no Evangelho” (p. 223).
Autora do livro: Elyse Fitzpatrick é conselheira bíblica no Institute for Biblical Counseling and Discipleship, na Califórnia, e possui mestrado em Aconselhamento Bíblico no Trinity Theological Seminary.

Resenha por: Mariana Alves da Silva Baia, é uma mineira, criadas nas terras capixabas, presbiteriana desde berço, formada em Administração de empresas e Profissional de Organização. Casada desde 2007 com Juliano da Silveira Baia, ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. São pais educadores da pequena Sophia (5 anos) e do Pedro (gestando há 27 semanas).