O bebê chegou! E agora?

Uma das coisas mais difíceis após a chegada do bebê é a vida voltar ao normal. Normal? O fato é que, se o normal é tudo voltar a ser como antes, talvez isso nunca aconteça.

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A chegada do bebê é um dos momentos mais esperados para o casal. O fruto daquele amor que gerou uma nova vida, um milagre que acontece bem diante de seus olhos.

É comum que os futuros pais gastem tempo estudando e se inteirando de tudo que diz respeito a essa fase. Costumam ler sobre o desenvolvimento do bebê no ventre, sobre amamentação, sobre o parto, a fim de estarem preparados para a chegada dessa pessoinha que vai mudar completamente suas vidas!

Consigo me lembrar muito bem de quando fiquei grávida pela primeira vez. Eu não podia me conter de tanta curiosidade e desejava saber tudo a respeito daquela vidinha que se formava dentro de mim. Procurava livros, artigos na internet, pesquisava sobre vida intra-uterina, porque além de estar me sentindo tão abençoada por Deus, eu queria estar pronta para a chegada da minha bebê.

Acontece que nada, nenhum desses livros ou artigos é capaz de nos preparar o suficiente pro “choque de realidade” ao recebermos nosso bebezinho nos braços pela primeira vez. Sim, é um choque mesmo, e é nesse momento que nós nos damos conta de que aquela criança, tão frágil e indefesa, depende totalmente de nós, seus pais, pra sobreviver. O sentimento que descreve esse momento específico é um misto de alegria e angústia. Alegria porque receber o mais novo membro da família nos braços é um presente divino e imerecido. Angústia, porque além de todas as inseguranças e incertezas que o momento carrega, há a consciência de que uma nova fase está se iniciando.

E agora? Como ser mãe e esposa ao mesmo tempo?

Para este jovem casal, há um novo normal em suas vidas, e para essa mãe que acabou de nascer, a chegada do bebê tem um peso ainda maior. Afinal, é ela quem vai a amamentar, quem vai acordar de três em três horas com o chorinho do seu bebê, que vai esperá-lo adormecer novamente, enfim, o cansaço vai acompanhá-la todos os dias.

Embora muitos maridos se disponham a ajudar, seu trabalho muitas vezes não vai permitir que esse auxílio seja constante. Para a mamãe, os dias passam a ser bem tumultuados, com a preocupação de decifrar o porquê do choro, das sonecas tão rápidas, e junto a isso, vem as outras tarefas da casa, as saídas para o pediatra, uma demanda a qual aquele casal ainda não havia experimentado.

Há, porém, algo que não se pode ignorar nesse momento, e que costuma ser deixado de lado quando estamos envolvidos numa rotina tão estressante: o fato de que o pecado está ali a nos rodear. Dúvidas, preocupações e ansiedades podem chegar e interferir na harmonia desse lar. E quando já irritadas e por vezes, tomadas pela exaustão, como vamos reagir? É preciso responder essa pergunta à luz das Escrituras:

Guarde a sua mente:

A Bíblia é repleta de lembretes que envolvem aquilo que ocupa a nossa mente. Isso porque, se nós não formos sempre exortadas a controlar nossos pensamentos, eles podem se tornar em ações pecaminosas.

Um dos primeiros lembretes que precisamos ter mente é o verso que diz: “quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1Co 10:31). Esse velho conhecido nosso, é facilmente esquecido, principalmente quando estamos envolvidas em tantas tarefas, a ponto de chegarmos a idolatrar o que fazemos. Isso pode facilmente ser detectado quando passamos a justificar nossa irritabilidade e negligência em relação ao nosso esposo. Passamos a pensar que os cuidados com o bebê e com a casa são mais difíceis ou mais pesados e importantes do que o papel desempenhado pelo nosso marido e esse comportamento vai acabar gerando conflitos.

Nossa mente vai se esquecendo de verdades que deveriam estar arraigadas, guardadas no coração. Não é à toa que o apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos Coríntios, no capítulo 10 diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. (2 Coríntios 10:4-6).

O cuidado com os nossos pensamentos é fundamental pra guiar nossas ações do dia a dia. Voltando nossos olhos ao casamento, somos lembradas de que nosso esposo é um conosco, e não o nosso bebê. Essa visão vai nos ajudar a colocar nossos papéis em ordem e direcionar nossas ações. Marido e esposa unidos com esse propósito terão condições de impedir que as dificuldades do momento comprometam a harmonia desse lar.

Seja senhora do tempo:

Há dois textos sobre o tempo que nos ajudam a organizar nossas prioridades. O primeiro deles está em Eclesiastes:

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; (…) tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;” (Ec 3. 1,2,5)

Perceba que Salomão, em sua sabedoria, não estabelece um tempo específico para cada momento, permitindo que essas palavras sejam aplicadas a qualquer tempo em nossa vida. Trazendo-as para o contexto da chegada de um bebê na família, podemos conectar essas declarações de sabedoria à uma das recomendações do apóstolo Paulo a respeito do casamento:

“O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” (1Co 7.3-5)

É claro que nos primeiros meses de vida do bebê, há sim uma fase de adaptação. Por isso é muito importante pedir muita sabedoria a Deus para administrar esse desafio. Voltando ao texto de Paulo aos Coríntios, percebemos que há ali uma permissão para um período de privação dentro do relacionamento conjugal, quer seja por circunstâncias espirituais (jejum e oração), ou por algum impedimento físico.

A chegada do bebê não pode ser um fator de afastamento do casal, pelo contrário, é preciso marido e esposa estejam unidos no propósito de não permitir que isso aconteça. Essa medida vai representar um cuidado especial com o tempo. Talvez seja necessário adiar uma tarefa ou outra, ou passar alguma delas para o marido a fim de que ambos consigam equilibrar seus afazeres em casa, sempre com objetivo de que cultivar a harmonia desse lar, pois isso é agradável aos olhos do Senhor.

Se baixamos a guarda e nos deixamos tomar pela circunstância, pelo cansaço, ou até pela preguiça de colocar as prioridades no seu devido lugar, nosso casamento, vai fatalmente sofrer as consequências.

Converse com seu marido:

Num outro momento do texto de Eclesiastes 3, Salomão diz: “tempo de estar calado, e tempo de falar”.

Sabemos quão preciosa é a recomendação de Pedro a nós, mulheres: “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos, para que também, se alguns não obedecem a Palavra, sejam ganhos sem palavras…” (1Pedro 3:1)

Por outro lado, há momentos em que conversar, abrir o coração, é muito importante, porém, pra que esse diálogo não se torne uma briga ou gere discussões desnecessárias, precisamos nos colocar no lugar do nosso marido. Tenha em que vista que:

Ele também está se adaptando a essa nova realidade.

Pode não ser fácil pra ele compreender o que você está passando.

Pode ser que ele demore a se acostumar com o fato de que às vezes o jantar vai sair atrasado, muitas tarefas da casa vão ser deixadas de lado ou adiadas, e a rotina vai ser diferente.

Ele também terá que lidar como uma esposa cansada e quase sempre ocupada.

Com esses detalhes em mente, uma conversa com o objetivo de reestabelecer um tempo a dois e contar com a compreensão do marido, vai produzir um efeito diferente.

Devemos sempre nos lembrar que a nossa meta maior é que o nome de Cristo seja glorificado em nossa família, não importando o momento que estejamos vivenciando. Esse vai ser nosso norte para todas as mudanças que teremos que fazer ao longo da jornada.

A chegada do bebê está entre as mais doces e também entre as mais desafiadoras fases da vida a dois. Essa alegria, no entanto, deve ser celebrada com uma união ainda mais forte entre marido e esposa. Nosso Deus tem total e completo interesse nisso. Conte com Ele para ser a esposa e mãe de acordo com Sua santa vontade. Deus não nos confiaria essa tarefa se Ele mesmo não nos desse todas as condições para cumpri-la.

E sabendo que o Senhor é galardoador daqueles que o buscam, e abençoa a fidelidade de seus filhos, esse investimento será recompensado com dias ainda mais felizes!

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Suenia Almeida é casada com o Pastor Fernando de Almeida e tem três filhas: Sarah (18); Isabel (16) e Lídia (15). É jornalista, mestre em Educação, Arte e História da Cultura, mãe Homeschooler e professora de Português. Atualmente ela e sua família congregam na Igreja Presbiteriana Ebenezer em New Jersey, USA.