Não é incomum que a mulher cristã inicie suas leituras, devocionais e aprofundamento bíblico nos temas, digamos que, femininos, por exemplo: o seu papel como mulher, esposa, mãe e sua função no lar; afinal são atribuições que encontramos para as mulheres prescritas em Tito 2.

Com o tempo, é comum que queiramos dividir o que aprendemos – aliás, por vezes é irresistível – e é natural que isso aconteça. O corpo de Cristo funciona dessa forma; uns ajudando os outros no crescimento da Verdade. E como temos nos preparado para sermos boas conselheiras para mulheres que nos procuram?

 Pensando nisso, pedi orientação às mulheres mais maduras sobre um material que me ajudasse a estudar a respeito de aconselhamento bíblico, e qual não foi a minha surpresa quando recebi a indicação do mesmo livro que o meu pastor já havia nos indicado há algum tempo. Esse livro tem como título “Instrumentos nas Mãos do Redentor: Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de Transformação” foi publicado pela primeira vez em português em 2009 pela editora Nutra e teve como coordenador editorial o Pastor Jayro M. Cáceres.

A parte do título que diz “Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de Transformação” é exatamente sobre o que o livro continuamente trata: quando ajudamos alguém não é somente visando nesta vida à transformação, mas o próprio ajudador é alvo de mudança enquanto presta socorro. Esse processo faz parte do que é o maravilhoso corpo de Cristo.

Muitos de nós ficaríamos aliviados se Deus tivesse colocado nossa santificação nas mãos de profissionais treinados e assalariados, mas esse simplesmente não é o modelo bíblico. O plano de Deus é que através do ministério fiel de cada parte, o corpo todo cresça até a maturidade completa em Cristo. Quando Deus o chama para si mesmo, Ele também o chama para ser um servo, um instrumento em Suas mãos redentoras.

Este livro é dividido em 14 capítulos. Os seis primeiros explicam o propósito do aconselhamento. Os 8 últimos capítulos, dois a dois, estão divididos em 4 blocos; esses mais práticos. É impossível escrever uma resenha “compacta” desse livro sem deixar de lado grandes preciosidades explicadas pelo autor; tendo interesse em aconselhamento e crescimento espiritual, recomendo muito começar por essa obra.

No primeiro capítulo, Tripp nos refresca fascinantemente sobre qual o nosso propósito em viver. “Qual é a sua razão para se levantar de manhã?” e por várias páginas nos relembra sobre o plano redentor de Deus para consertar o que havia sido danificado de maneira tão terrível pelo pecado. Como é precioso saber que toda história humana pertence ao reino de Deus e que a solução redentora de Deus seria escrita dentro dos corações humanos através do sangue precioso: “No momento certo mandou Seu único Filho para o mundo”.  Um dia estaremos reunidos com todos os anjos de Deus e todos os santos cantando em grande voz celebrando a sua vitória para sempre:

Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Apocalipse 19:6-8

Quantas vezes não sofremos em demasia por perder a visão que o alvo de todo sofrimento e alegria, não é a nossa satisfação e glória pessoal. O Rei grandioso veio, Cristo é poderoso para restaurar as pessoas a fim de viverem de acordo com o propósito final para o qual foram criadas: Viver em adoração e submissão obediente a Ele em todas as áreas da vida.

Como ter esperança para aconselhar outras mulheres então? Porque cremos que diariamente Deus nos amolda à sua imagem. “Não somos apenas transformados, somos restaurados para Deus. É isso que faz com que todas as outras mudanças sejam possíveis.”

Não há outra forma de transformação, apenas as boas novas. Não há sistemas, métodos, discernimentos ou princípios eficazes fora do único Salvador: Cristo. E por que precisamos de um Salvador? “Porque pecadores têm a tendência de reagir de maneiras pecaminosas quando são vítimas do pecado de alguém.”

“Se um sistema pudesse nos dar o que precisamos, Jesus nunca teria vindo. Mas Ele veio porque o que estava errado conosco não poderia ser consertado de nenhuma outra maneira. Ele é a única resposta, então não devemos nunca oferecer uma mensagem que não seja as Boas Novas do Evangelho. Não oferecemos às pessoas um sistema; nós as levamos ao Redentor. Ele é a esperança.”

No capítulo dois, Paul Tripp nos relembra que temos em mãos tudo o que precisamos para lidar com as questões difíceis em nossa vida: “Deus em Sua Palavra me fornece tudo que preciso para ser quem Ele quer que eu seja e para fazer o que Ele quer que eu faça”. Ele também fala sobre a maravilhosa graça de Deus, que define nossa história e nos dá direção. É Deus quem escreve essa história, pois essa Lhe pertence. Ele age através de pessoas que diariamente usa como instrumentos de mudança permanente.

Precisamos realmente de ajuda? SIM! É disso que trata o capítulo 3. Olhando a perspectiva, Criação, Queda e Redenção cada um de nós precisa de ajuda e cada um de nós é chamado para oferecê-la.

O capítulo quatro explica em que questão todos precisamos de ajuda. Todos somos pecadores e, nas palavras do autor:

“O pecado é fundamentalmente idólatra. Eu faço coisas erradas porque meu coração deseja algo mais que o Senhor. O pecado produz uma propensão à idolatria em todos nós. Esta é a grande guerra espiritual em cada batalha do comportamento – a guerra pelo controle do coração.”

Seguindo para o capítulo 5; não é aconselhar e tratar por motivos comportamentais ou apenas para pacificar uma situação. A questão é encontrar o coração a quem se ministra, pois é esse quem comanda quem somos, o que dizemos e o que fazemos. Aconselhar de maneira bíblia só será realizado por quem realmente crê e vive a Palavra de Deus. Somos pecadores e conhecemos nossa tendência, mas ao mesmo tempo, somos restaurados e não devemos viver sob o domínio do pecado, pois estamos unidos com Cristo.

O capítulo seis nos orienta quanto ao cuidado com fazer, aconselhar ou dizer coisas que agradam mais ao ouvinte do que a Deus. Tudo aquilo que dissermos deve estar enraizado na Palavra e, é a Palavra viva quem levará o cego à luz, o perdido ao caminho. Nós não falamos por nós. “Você e eu fomos chamados para sermos representantes da pessoa de Cristo e o que Ele veio fazer”.

Qual é o trabalho de um embaixador? É representar a mensagem do Rei, Os métodos do Rei e o caráter do Rei.

“Aqui, mais uma vez, Deus está decidido a possuir nossos corações sem ser contestado. Ele não está satisfeito com o conhecimento teológico ou a participação na programação da igreja. Ele não aceitará nada menos que o centro do seu ser, aquilo que você verdadeiramente é. Seu alvo é que nossas vidas sejam moldadas por nossa adoração a Ele e nada mais. Ele nos enviou como Seus embaixadores para fazer Seu apelo aos corações das pessoas.”

Os capítulos posteriores do livro discorrem exatamente de que maneira agir como instrumentos de Deus, de mudança na vida de outras pessoas. Novamente, não é um método sequencial, mas quatro áreas importantes no ministério bíblico que Tripp resume nas palavras: Amar-Conhecer-Falar-Fazer.

Queridas irmãs, é dever nosso lembrar sempre de Tito 2.2-5:

Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.(grifo meu)

As mulheres cristãs devem crescer continuamente em maturidade bíblica para serem também instrumentos no crescimento de outras mulheres no corpo de Cristo. Isso também faz parte da feminilidade bíblica e da teologia.

Que Cristo nos conduza.

Equipe MP

Paul David Tripp é pastor, autor e palestrante. Ele é presidente do Paul Tripp Ministries e trabalha com o objetivo de conectar o poder transformador de Jesus Cristo com a vida do dia-a-dia. Essa visão o levou a escrever 15 livros sobre vida cristã e viajar a vários lugares pregando e ensinando.