Como temos olhado para a nossa vida? Como temos reagido às circunstâncias em que nos encontramos? Com profunda satisfação na vontade soberana de Deus, ou rejeitando o que Ele tem feito em nossa vida, nos entregando à inquietação?
Nancy Wilson, em seu livro “Contentamento”, publicado pela editora Trinitas, nos encoraja a não nos conformamos com o padrão do mundo, o qual considera normal respondermos às eventualidades cotidianas com estresse e murmurações. Ela nos convida a aprendermos a viver contentes em toda e qualquer situação, como o apóstolo Paulo testemunhou em sua caminhada cristã.
Apesar de compreendermos que é isso o que Deus requer de nós, um “espírito manso e tranquilo”, que o apóstolo Pedro descreveu como “de grande valor diante de Deus” (I Pe 3:4), não é fácil praticarmos. Como a autora diz: “Matricular-se em uma aula sobre contentamento não é como matricular-se em uma aula de espanhol. Aprender a se contentar requer poder sobrenatural. O contentamento só é possível porque Cristo fortalece os Seus a estarem contentes. Não há outro caminho”.
Logo no início do livro somos levadas a olharmos para o exemplo que o próprio Deus nos deu. Quando Ele criou o mundo, ficou satisfeito com todas as Suas obras e descansou. E Eva, vivendo nesse mundo perfeito, cedendo à tentação da serpente, ficou descontente com a vontade do Seu Criador, e por isso desobedeceu, comendo o fruto proibido.
“Descontentamento é solo fértil para o plantio de desejos ilícitos”. Não é assim que nasce a inveja, a ingratidão, a murmuração e a cobiça? Quando ficamos descontentes com o que temos e não somos gratas, estamos pecando. O descontentamento, que gerou ingratidão, pode facilmente nos levar a cobiçarmos aquilo que não temos.
Diante desse constante perigo, a autora nos chama a uma mudança de perspectiva: que creiamos nas promessas do nosso Deus, que diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. (Rm 8:28).
“Quando recebemos essa promessa pela fé, podemos interpretar tudo como vindo de Suas mãos e de acordo com Sua boa e perfeita vontade. Ele não está fazendo as coisas de maneira aleatória, mas com uma finalidade especial”. Que descanso para nossa alma confiarmos na providência divina!
Com essa visão, nós temos uma arma contra o descontentamento. Ao invés de nos entregarmos às murmurações, vamos olhar para as nossas responsabilidades como filhas de Deus, em meio às circunstâncias, e com o auxílio da graça e sabedoria do Senhor, seguiremos em frente com obediência e fé, para dizermos como o apóstolo Paulo: “tudo posso naquele que me fortalece”. (Fp 4:13)
Que livro desafiador e ao mesmo tempo tão encorajador! Com a sabedoria da palavra de Deus, citações de puritanos como Jeremiah Burroughs, Samuel Rutherford, Thomas Watson e Charles Spurgeon, a obra é rica em profundas reflexões, e ainda contém perguntas de aplicação e tarefas práticas. Uma ótima opção tanto para estudos individuais, como em grupo. A leitura é muito proveitosa para nos ajudar a não sermos guiadas pelas nossas emoções, mas a confiarmos naquele que governa a nossa vida com tanta bondade. Como disse o puritano Jeremiah Burroughs: “O contentamento cristão é aquele estado doce, manso, calmo e gracioso do espírito, que espontaneamente se submete e se deleita na vontade grandiosa e paterna de Deus”.

Com Amor,

Equipe MP.

Nancy Wilson Nancy é esposa de pastor e dona de casa na cidade de Moscow, Idaho, há mais de trinta anos. Ela é a autora de inúmeros livros e escreve regularmente para o site FeminaGirls.com. Ela e seu marido Douglas Wilson são pais de três filhos e avós de dezessete netos.