*Fonte: site zazzle

o amor não se irrita.” – 1 Coríntios 13:5.

Fiquei paralisada neste versículo como nunca. Porque eu sou uma pessoa que se irrita, todos os dias. Irrito-me de formas que se tornaram tão frequentes que são difíceis de corrigir. Basta olhar para a sacola que veio da natação e que continua com a toalha lá dentro por estender, a roupa para lavar. Irrito-me, também, com a pergunta que me é feita, mecanicamente diversas vezes, e à qual tenho de responder. Ou ainda, por aquele bater na porta do banheiro a chamar pelo meu nome, sem parar.

Acho que já perceberam a ideia. Irrito-me. Com coisas simples. O exercício de responder em amor é extremamente complicado para mim, porque a facilidade com que me sai a resposta pronta é mais rápida do que a velocidade do meu pensamento. É quase tão natural quanto respirar.

Mas se a Bíblia diz que podemos nos irar, mas sem pecar (Ef 4.26), a irritação não tem a ver com ira. Se o amor é perfeito, não busca os seus interesses e se não se porta com indecência, não posso me irritar.

Dou comigo, muitas vezes, a justificar a minha irritação porque alguém a provocou. Eu tinha avisado (aliás, aviso todas as semanas) que a toalha da natação é para ser pendurada e a sacola arrumada na arca. Mas não só tenho de repetir – todas as semanas – esta instrução, como a tenho de fazer mais do que uma vez. Tenho ou não razão para me irritar?

Não tenho, talvez.  “… o amor não se irrita.” – o versículo de Paulo aos Coríntios a ecoar na minha cabeça. Em piruetas… Se começar por avaliar as razões da minha irritação, elas tocam no fato de me sentir contrariada, ignorada e sobrecarregada. Sinto-me injustiçada e incomodada no meu conforto. Logo, respondo com irritação.

“… o amor não se irrita.” O amor é incompatível com a irritação porque é impossível estar irritada e a demonstrar amor ao mesmo tempo. Quando desejo que a sacola da natação seja arrumada e a toalha estendida, isto não tem mal em si. Os meus filhos já têm todos idade para fazer isso, já têm idade para compreender o pedido que lhes é feito, e sempre que não o fazem, tomo-o como um insulto a mim própria.

A irritabilidade não é amorosa e não provoca amor, quanto muito provoca também irritação. Posso escolher aborrecer-me com sabedoria, ou até estender graça. O que faria Jesus? – preciso perguntar isso mais vezes. Ir à Bíblia mais vezes. Pedir ajuda a Deus muito mais vezes.

Tenho descoberto que preciso identificar quais são os dispositivos que acionam a minha irritação. E a melhor forma de me defender dos instintos que nem sempre consigo controlar, é ficar alerta. Quais são os momentos do dia em que fico mais irritável? O que me leva facilmente à irritação? Com quem me irrito mais?

Uma das tentações, neste pecado em particular, é cair na tentação de o encarar como uma fase da vida. Não vale a pena arranjar muitas desculpas ou encarar este problema como uma coisa temporária. “Se o meu filho me deixasse dormir melhor, eu teria menos facilidade em me irritar” – você poderá dizer. Mentira. Já estou a dormir bem há uns bons anos, mas transferi a minha irritação para outras coisas. “Ando muito cansada e isso não ajuda” – certamente que o cansaço não é grande amigo da moderação, mas também não é desculpa.

A irritação é um pecado. Pode ser contagiosa e viciante. Precisa ser identificada, assumida e combatida. Estou nesta luta contra a irritação há muitos anos, e cada vez quero menos cair nela. Não agrada a Deus, não é amor e não é bom exemplo para os meus filhos nem para ninguém.

“… o amor não se irrita.” – e Jesus nunca se irritou. Quero ser mais como Jesus, mas preciso da ajuda do Espírito que habita em mim.

“Ajuda-me, Senhor, a agradar-te mais. A demonstrar graça e a agir com justiça. A demonstrar a indignação que defende o teu nome, com integridade e amor. Quero amar e a sacrificar-me como o teu filho fez por mim, não buscando os meus próprios interesses. Amém!”

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*Este artigo foi publicado originalmente no site Voltemos ao Evangelho, reproduzido aqui mediante expressa autorização. Revisão: Renata Gandolfo.
**Ana Rute Cavaco trabalha na Igreja da Lapa, em Lisboa – Portugal, junto com o Tiago, que é Pastor. É mãe em tempo integral da Maria, 13 anos, da Marta, 11 anos, do Joaquim, 10 anos e do Caleb, 7 anos.