painting-of-woman-writingTalvez seja eu, mas parece que há uma quantidade terrível de casais publicando coisas sobre seu relacionamento no Facebook. Desde “você é o melhor namorado de todos” até “ele disse __________ quando me pediu em casamento” ou mesmo “Estou grávida, amor”. Bem, o lado emocional de um relacionamento é tão real quanto o sexual. Demonstrações físicas de carinho excessivas em público é inaceitável, contudo, o equivalente emocional é quase que esperado nas redes sociais. Ninguém se importa se um casal está de mãos dadas ou dá um beijo na buchecha do outro, mas mesmo aqueles que não são cristãos mantêm demonstrações públicas de afeto sob controle quando há outras pessoas ao redor. Todavia, os casais cristãos frequentemente exageram nas suas interações emocionais online. As pessoas fazem isso pelas mais diversas razões: é um modo de comunicação conveniente (obviamente), publicidade é o modo pelo qual a mídia social funciona, “curtidas” são viciantes, todos os outros estão fazendo e você não quer que as pessoas pensem que a) seu relacionamento está indo de mal a pior, já que vocês não estão se rasgando em declarações na timeline um do outro, ou b) de que você é uma obcecada por privacidade, uma romântica firmemente calcada de outrora. Quando todos os seus amigos estão postando sobre sua lua-de-mel, você é a estraga-prazeres. Eu lido sem problemas com toda essa exposição no meu feed de notícias. E, enquanto não me importo de pular os detalhes horripilantes do relacionamento amoroso de alguém, penso que os próprios casais são os que mais perdem algo ao postar coisas assim. A exclusividade emocional que existia no casamento antes das redes sociais – ou antes de todos publicaram tudo nas redes sociais – está se desgastando. Antes do twitter e, especialmente, antes do e-mail, se você queria comunicar algo ao seu cônjuge quando ele não estivesse por perto, você tinha que ligar ou mandar uma carta. Essas duas formas de comunicação são bastante privadas, especialmente pelo fato de que fazer uma ligação significava estar num cômodo particular com uma linha telefônica presa a uma mesa ou parede. Nenhum marido em sã consciência convidaria 500 pessoas para irem ao seu escritório escutar e comentar uma ligação para sua esposa. Ainda assim, as pessoas estão bastante satisfeitas de ter centenas de pessoas não só lendo, como também curtindo, comentando e até mesmo compartilhando declarações de carinho aos seus afetos. Momentos que costumavam ser particulares – partes da história particular emocional de um casal – agora são domínio público. Isso tem que ter algum tipo de impacto num relacionamento. Ainda que você se sinta mais conectado com os seus amigos e seguidores ao comunicar esses pensamentos e eventos antes particulares, isso tira parte do prazer e da intimidade do que significa ser marido e esposa – do que significa ser uma só carne. Publicar coisas sobre o seu relacionamento (inclusive coisas boas) não significa que você caminha em direção ao divórcio, mas isso deve significar que a exclusividade que Deus desenhou para fortalecer e edificar um casamento é enfraquecida a medida que você compartilha e tuíta. Isso se torna ainda mais verdadeiro quando os seus amigos no Facebook não são apenas familiares e amigos próximos, mas também conhecidos, colegas de trabalho e colegas de sala de aula que você não vê há anos. Você está contando coisas significativas e profundas sobre seu relacionamento para pessoas que não se importam. Compartilhar detalhes particulares também pode ser prejudicial para outras pessoas. Pense duas vezes antes de publicar sobre o seu marido maravilhoso e pergunta a si mesma como a sua amiga que sofre com um marido adúltero irá se sentir. Pondere por apenas um momento o que a sua felicidade por dizer ao seu marido que está grávida fará com uma mulher estéril da igreja. O que o seu irmão ainda solteiro pensará quando ver fotos do jantar romântico que você planejou para o seu noivo? Aquele casal com dificuldades no casamento se sentirá encorajado ou desanimado com uma publicação sua que diz “você é a melhor esposa e eu vou te amar para sempre!”? Não estou falando que é errado postar qualquer coisa que seja sobre o seu relacionamento. Claro, diga às pessoas que ele comprou rosas para você no seu aniversário – seu florista e o banco já sabem disso, assim como qualquer um que entrar na sua sala de estar. Salomão e sua noiva tinham amigos (reais, não amigos virtuais) ouvindo parte da conversa deles. Mas não tudo. Na verdade, há momentos em Cântico dos Cânticos em que se torna óbvio que eles querem fugir para um lugar onde eles possam conversar em particular. Aqueles sentimentos e momentos íntimos e profundos deveriam ser mantidos íntimos e profundos: privados. A próxima vez que você tiver o impulso de contar ao seu marido ou esposa algo incrível, marcantes ou edificantes para o casamento, tente usar uma mensagem, uma ligação ou até mesmo um cartão que ele possa guardar. Continue fazendo isso por um tempo – talvez a vida toda – e você verá como seu relacionamento crescerá. “O meu amado fala e me diz: Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A

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figueira começou a dar seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas dos penhascos, no esconderijo das rochas escarpadas, mostra-me o rosto, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e o teu rosto, amável. Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor.” (Cântico dos Cânticos 2:10-15) 2014-10-08 ______________________ Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit” traduzido e re-publicado com permissão da autora. *Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit” ** Tradução: Vivian Junqueira Viviani