Algumas semanas depois do primeiro aniversário de nosso filho, nós descobrimos que estávamos grávidos. A notícia foi uma completa surpresa. Inicialmente nos sentimos sobrecarregados, mas quem éramos nós para questionar o plano de Deus para nossa família? Nós confiávamos que ele nos proveria o que precisássemos. Pouco mais de um mês depois, nos alegramos em ouvir o rufar do coração de nosso feto de 7 semanas. Nós estávamos entusiasmados pela espera de nosso segundo filho. Deixamos nossa família e amigos próximos por dentro da boa notícia. Lamentamos com nossos amigos sua luta contra a infertilidade enquanto eles se alegravam conosco. Contei ao nosso filho que ele iria ser o irmão mais velho e planejamos uma foto em família anunciando a gravidez. Fui à próxima consulta sem nenhuma ansiedade; eu estava terrivelmente doente, mas completamente confiante que teríamos uma gravidez saudável. Depois de muita procura e silêncio, o médico nos informou que o bebê não tinha mais batimento cardíaco. Eu fiquei totalmente em choque. Eles esperaram meu marido chegar para nos falar de nossas opções. Eu as ouvi o melhor que pude, considerei sobre, e depois disse que não queria realizar nenhuma delas. Queria carregar esse bebê até o final da gravidez, para que meus filhos tivessem 21 meses de diferença, mas essa não era uma opção. Eles nos mandaram para casa a fim de que tomássemos nossa decisão depois do período de luto.
Hoje, dois dias depois, ainda estamos processando tudo. Mas, ainda que estejamos de luto e na espera para abortar, Deus está se revelando fielmente a nós por meio de sua Palavra. Estamos aprendendo muito, principalmente estas cinco coisas:
Deus é bom.
O fato do bebê que está no meu corpo não ter vida não significa que Deus não é bom. Antes, aponta para a realidade de que nosso mundo é caído e necessita de salvação. Esse foi o mais perto que estive da morte (ela está literalmente dentro de mim, onde deveria ter vida) e, ainda assim, eu nunca vi a bondade de Deus mais claramente do que vejo agora em Sua provisão de enviar Jesus para derrotar a morte de uma vez por todas e para sempre. Nós somos abundantemente abençoados por meio do dom de seu Filho. Nos últimos dias, temos experimentado seu conforto, se deleitado na verdade de sua Palavra e nos alegrado em sua provisão como nunca antes havíamos.
Nossa esperança não está nas coisas terrenas.
Depois de ouvirem nossas notícias, muitos tentaram nos confortar dizendo: “Haverá mais bebês”. Embora apreciemos o sentimento e reconheçamos a benção que é saber que o meu corpo pode carregar um bebê, essa não é nossa fonte de esperança. Talvez nunca consigamos conceber de novo, ou talvez consigamos, mas percamos mais crianças.
Nossa esperança vem de nossa confiança no Deus soberano, em seu caráter e em suas promessas. Quando lemos que “todas as coisas cooperam para o bem” (Rm 8.28), esse bem não é necessariamente o aumento de nossa família; nós lemos isso e nos confortamos em saber que Deus coopera todas as coisas para sua própria glória, o que está inexplicavelmente ligado com nosso bem. Nós estamos confiantes de que ele usará essa experiência para nos fazer mais parecidos com Jesus, para nos ensinar a confiar nele e para nos dar a habilidade de confortar outros. Mas nossa maior esperança vem da obra consumada de Jesus. Aqueles que esperam nele não têm falta de coisas boas.
Não somos imunes ao sofrimento.
A vida pode mudar num instante. Essa é nossa primeira experiência de verdadeiro luto como casal. Nossa vida de casados tinha sido relativamente livre de problemas à parte das conseqüências relacionais de nosso próprio egoísmo e pecado. Essa experiência nos lembrou de que ser seguidor de Jesus não significa que tudo dará certo. Na verdade, a Bíblia é clara em dizer que ser um cristão significa que podemos esperar por sofrimento. Somos gratos pela oportunidade de estarmos próximos de Jesus por termos conhecido a angústia. Que nós sempre sejamos livres de amar o conforto e achar segurança em nossas próprias circunstâncias, como temos sido nos últimos dias.
Não se trata de “tudo isso para nada”.
Eu sou tentada a ressentir de meus sintomas persistentes da gravidez e acreditar que tudo isso foi algum tipo de piada cruel. “Qual é a razão disso tudo?”, o inimigo sussurra, conforme procura entrar em minha mente através da porta do cinismo. Porém, no reino de Deus, nada é desperdiçado. Ele coopera todas as coisas para o bem. Suportar essa náusea e fadiga pode não ser recompensado com o nascimento de um bebê, mas sofrer me faz mais parecida com Jesus, e sei que tenho uma herança guardada para mim no céu que não pode ser destruída.
“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR.”
Nós temos muitas perguntas. O que fez o bebê morrer? Nós poderíamos ter prevenido sua morte? Por que nos surpreender, nos deixar animados e depois nos chocar com a perda? Será que Deus recebeu nosso bebê? Será que seu corpo ressurreto será um feto? Será que seremos capazes de conceber de novo quando quisermos?
Entretanto, essas questões apenas levam à ansiedade, a impasses e a frustrações. Em vez disso, nos agarraremos ao que sabemos, ao que Deus revelou. Como Moisés disse: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre” (Dr 29.29). Então, nós trabalhamos para confiar as “coisas encobertas” a um Pai soberano e bom, acreditando que ele está mais ao nosso lado do que jamais poderíamos estar.
Um dia essas coisas não serão mais lembradas, mas nós estaremos felizes e nos alegraremos para sempre naquilo que Deus criará. Não haverá mais choro ou angústia; não haverá mais bebês mortos ou pessoas jovens falecendo, mas apenas prosperidade (Is 65). Por enquanto nos confortamos na promessa de Deus de que ele está conosco, de que ele é por nós e de que ele nos sustenta com sua destra fiel.
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*Esse artigo foi postado originalmente no The Gospel Coalition. Original aqui. Traduzido mediante autorização.
**Abbey Wedgeworth é esposa, mãe e escritora. Ela e sua familia moram em Hilton Head Island, South Carolina. Abbey ama ajudar jovens mães a aplicar as riquezas de Cristo à realidade da maternidade.
*** Tradução: Rebeca Romero