Fonte da Imagem: Variety

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Mas e no Reino de Deus?

Zootopia não é um filme neutro (assim como nada é imparcial neste mundo). Um dos diretores, Byron Howard, confirma isso ao dizer que:

“Estávamos determinados a fazer uma comédia animal, mas ao realizar as pesquisas, descobrimos que tínhamos uma oportunidade de abordar uma questão importante, sob o pretexto de uma certa leveza de tom”.

Esta animação usa de uma fórmula já consagrada para ensinar ou combater uma ideologia. George Orwell, em sua sátira “A revolução dos bichos”, escrita em 1954 contra a União Soviética comunista, já havia utilizado da mesma técnica. E este virou uma animação norte americana com o objetivo de combater o “terror socialista”. Segundo Orwell, o socialismo na Rússia foi um movimento revolucionário que criou uma nova classe com privilégios ainda maiores do que os que diziam combater, ou como diria o próprio, “todos eram iguais, mas alguns mais iguais do que os outros”.

Pois bem, Zootopia utiliza da mesma fórmula, mas para ensinar o oposto. Claramente se vê a ideologia marxista presente por todo o filme. O discurso inicial é que aquela é uma sociedade que, através da evolução (um conceito anti-cristão, logo de cara) se libertou da antiga luta entre predadores e presas que assolava o mundo, e agora todos vivem de maneira igual e podem fazer o que quiserem em busca de construir um mundo melhor.

Claramente esse lugar apresentado é uma utópica cidade socialista. O que os roteiristas do filme “esqueceram” de mencionar, é que isso não funciona. Em um mundo caído, onde “não há justo, nem um sequer” (Romanos 3.10), o socialismo levará necessariamente à Fazenda dos Bichos da obra de Orwell e não à Zootopia. Uma prova disso está nos livros de história. Como acreditar em um regime que matou mais pessoas em menos de 100 anos do que todas as guerras anteriores no mundo somadas desde à época de Cristo? Como ser cristão e seguir a ideologia de uma pessoa (Marx) que dizia que a religião é o ópio do povo? Como apoiar um sistema que tem como base a quebra do oitavo mandamento (Êxodo 20.15) por meio da violação da propriedade privada? E como levar os filhos para assistir um filme onde se ensina claramente esta ideologia?

Outra coisa que o filme ensina é a quebra do quinto mandamento (Êxodo 20.12). Os pais da protagonista, uma coelha chamada de Judy Hopps, são retratados como preconceituosos, que não sabem de nada e só atrapalham a filha em seus sonhos. Eles são medrosos e desencorajadores. Nos poucos contatos com eles, ela os deixou falando sozinhos duas vezes e mentiu para eles em uma terceira. No fim, os dois senhores coelhos reconhecem o quanto eram preconceituosos com as raposas e como a filha sempre esteve certa.

Algumas cenas depois, a protagonista deixa a sua vida no campo e vai viver na cidade (Zootopia) em busca de seus sonhos de ser uma policial. Logo ao chegar, ela sofre com o “terrível machismo” de alguns homens do filme (como se isso fosse verdade). O recepcionista do departamento de polícia a chama de “fofa”. E isso é o suficiente para que ela desse uma lição de moral nele, o que o leva a implorar por desculpas por tê-la discriminado de forma tão preconceituosa – alguma semelhança com a realidade? O chefe do departamento de polícia é o segundo da lista. Ele dá o serviço mais pesado para os animais mais fortes, tais como rinocerontes, elefantes e tigres, e deixa com Judy o serviço de guarda de trânsito, por achá-la mais frágil. E mais uma vez, este é retratado como preconceituoso. “Só porque ela é uma coelhinha ela não pode ser forte?” “Só porque ele é uma preguiça ele não pode ser ágil?” São questionamentos levantados por todo o filme. O problema é que a resposta é óbvia: Não pode. Essa não é a natureza deles e nem seus papéis estabelecidos por Deus!

Na cena seguinte, uma raposa, Nick Wilde, leva seu filho (o que depois se descobre que é seu comparsa, pois novamente, como na maioria das animações modernas, um dos protagonistas é um bandido) para comprar um sorvete em uma loja exclusiva para elefantes. Mas o “filho” dele é um bichinho de poucos centímetros de altura. Segundo Nick, “Meu menino quer ser um elefante, como poderia eu impedi-lo?”. E só foi o dono do estabelecimento se recusar a vender o sorvete para a coelha “salvadora-da-pátria”, Judy, aparecer e dar novamente uma lição de moral. “Não posso suportar o preconceito, ninguém pode dizer o que podemos fazer ou não. Aqui é Zootopia, você pode fazer o que quiser”, disse ela.

Por mais que a Disney queira ensinar o contrário, se você não é uma ave (ou o Superman), você pode até pular de um prédio de dez andares, mas não irá voar! Por mais que meio mundo diga, inclusive a própria pessoa, que um homem é uma mulher, o que irá determinar isso é sua natureza. Foi Deus quem escolheu o sexo de determinada pessoa e viver de outra forma é ir contra a própria natureza e a lei de Deus (Levítico 18.22; Romanos 1.26-29; 1 Coríntios 6.9-11). Por mais que em “Zootopia” (e em muitas cidades reais nos dias de hoje) se possa viver da maneira que quiser e ser o que bem entender, no Reino de Deus isso não é verdade. E é Cristo que, no fim, condenará quem desprezar Suas Leis.
Para combater todo esse ‘preconceito’, aparece, então, o projeto de inclusão de mamíferos, encabeçado pela vice-prefeita Bellwether, que auxilia Judy Hoops a alcançar seus objetivos. Segundo a vice-prefeita, elas devem se unir para combater todo o preconceito. Pois, como demonstrado em outra cena, a causa dos que querem que Judy não seja uma policial é “se sentirem menos infelizes com suas vidas tristes e miseráveis”. O que claramente endossa que o governo deve lutar em favor das ditas minorias e estas devem se unir contra o preconceito (“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. Lembram disso?).

Isso foi apenas uma parcela dos problemas do filme. Dentre muitos outros que aparecem, a cantora (gazela) usa roupas absurdamente indecentes e, no final, dança sensualmente com alguns tigres homossexuais; todos os animais do sexo masculino são retratados como burros, incapazes e efeminados (inclusive os que se fingem de “machões”, como o chefe do departamento de polícia); e, no ápice do filme, descobre-se que a luta entre presas e predadores não é algo determinado biologicamente. Mas é uma construção social.
Além de tudo, o filme se concentra tanto em passar estas mensagens ideológicas que tem um péssimo roteiro e humor. Apenas UMA cena, a das preguiças, (divulgada no trailer), é um pouco engraçada.

Que motivo um cristão teria para expor os filhos da aliança a tamanho ataque a sua fé? Porque os pais, em busca de não “prender os filhos em uma redoma” levariam seus filhos para o cinema para ver tal filme? Eu certamente prefiro a versão verdadeira dos fatos: Fico com George Orwell e a revolução dos bichos.

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10482574_833401280006478_3460681630902556349_n* Esse artigo foi publicado originalmente no site CriCri – Criticas Cristãs

** Maycon Maia Ribeiro é cristão presbiteriano (IP-Ponta D’Areia), casado com Isabela Ribeiro, mestrando em engenharia ambiental e guia de turismo no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Desde bem novo, leitor assíduo de ficção, HQ, mangá e teologia, além de frequentador semanal de cinemas. Agora, aos 23 anos, luta para manter o ritmo em meio a tantas atividades. Ele e sua esposa blogam no site CriCri – Criticas Cristãs.