O Poder de Cristo em Nós

Quando nossos objetivos começam e terminam em nós mesmos, frustração e desencorajamento com certeza entrarão em cena, e é mais provável que acabemos procurando alívio de outras formas — em um novo método, programa, livro ou ensinamento pelo qual o Senhor possa nos dar força. E quando chegamos nesse ponto, nos tornamos vulneráveis a vários ensinamentos não bíblicos.

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De acordo com Jesus, nós somos ramos:
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (João 15.1-2).

Alguns de nós fomos levados a acreditar que o fruto de que Jesus estava falando nessa passagem é poder ou força pessoal. Mas o poder de Cristo é o nutriente que os ramos recebem. Todo o poder está na videira em si. A centralidade em Cristo para viver uma vida cristã é uma ideia que foi esquecida recentemente e substituída por uma forma nova de pensar sobre o Cristianismo: o “deísmo terapêutico moralista”. É um termo pesado, mas é importante apreendê-lo bem, porque ele está em todo lugar, mesmo dentro das igrejas.

Um Perigo Crescente

O deísmo terapêutico moralista inclui a crença de que o objetivo principal da vida é a felicidade pessoal e uma autoimagem positiva. Deus é visto como um tanto distante da nossa vida diária, mas alguém disponível para resolver problemas e nos ajudar a nos sentirmos bem sobre nós mesmos. Mas esse deus não é o Deus da Bíblia, nem esse padrão de ensinamento chega perto da caminhada da fé deixada para nós nas Escrituras.

Nós vemos a influência desse pensamento numa mulher que, sentindo-se sobrecarregada pelos cuidados e responsabilidades de um dia particularmente desafiador, busca em si mesma e em seus amigos força para perseverar:
“Eu posso me sentir como se não estivesse fazendo nada certo, mas esse sentimento não faz com que isso seja verdade. O fato de que eu tenho fraquezas não faz com que tudo a respeito de mim seja fraco. Eu tenho várias pontos fortes. Tudo o que eu preciso fazer é pedir para alguns amigos ou membros de minha família me ajudarem a ver o que eu faço de bom. Assim, posso celebrar essas coisas, e então bolar um plano para melhorar os pontos de que preciso. Posso começar identificando uma coisa para melhorar nesse mês e então trabalhar um pouco cada dia em direção a esse objetivo”.

Avaliar nós mesmos de acordo com nosso próprio eu em última análise não nos leva a lugar nenhum, e a opinião de nossos amigos não nos leva muito longe também. Mas tentar usar o poder do Senhor para nossos próprios projetos de melhoria pessoal desonra o Senhor, além de ser fórmula certa para o desencorajamento.

“Como 2 Coríntios 12.9 ensina, o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. Quando estou me afogando em pensamentos de que sou inadequada… Lembro-me de que minhas habilidades não são baseadas no que posso fazer. Minhas habilidades e força vêm Daquele que pode fazer todas as coisas. Com o Senhor trabalhando em mim e através da minha fraqueza, consigo sentir uma transformação, pois passo de alguém derrotada para alguém poderosa”.

Você pode perceber o problema nesse discurso? A autora apropria-se do poder do Senhor para si mesma. Sim, o Senhor diz que o poder é aperfeiçoado na fraqueza, mas é o poder dele que é aperfeiçoado. Perceba como este ensinamento tão errado sobre as Escrituras invadiu nossas mentes: “Minhas habilidades e força vêm Daquele que pode fazer todas as coisas”.

A autora pegou essa passagem da Bíblia fora de contexto e, portanto, perdeu o ponto fundamental. Poder e força são sempre e para sempre apenas do Senhor. Ele opera seu poder através de nós, mas ele não nos dá poder. Consegue perceber a diferença?

Com certeza a autora quis encorajar seus leitores, mas — pelo menos nesse artigo — ela se equivoca porque não considera o contexto da passagem. O ponto fundamental de 2 Coríntios 12.1-10 é que Deus às vezes nos coloca em situações difíceis com o intuito de tornar nossos corações humildes e de nos mostrar por meio da dificuldade que ele é forte. Então o ensinamento dos versículos que ela citou é na verdade o oposto do encorajamento que ela procurou extrair deles. E, ao fazer isso, ela equipa seus leitores com a própria frustração que eles estão tão desesperados para se livrar.

Owen Strachan tem isso a dizer:
“Muitas pessoas hoje tragicamente seguem um deus dos contos de fadas. O Deus das Escrituras não é nosso ‘coach’ de vida. Ele é nosso Senhor. Como cristãos, estamos acostumados com essa palavra [Senhor], então ela acaba perdendo sua força. Esse título divino significa que Deus é nosso mestre. Ele é nosso soberano. Ele é nosso governante. Ele é quem dita o certo e o errado. Ele nos chama para prestarmos conta de nossos pecados”.

Ensinamentos errados nesse ponto são as razões pelas quais muitos de nós acreditam que discipulado cristão é sinônimo de melhora pessoal. Mas o verdadeiro discipulado cristão é um chamado para morrer, não para “ser melhor”. É isso o que Jesus estava querendo dizer quando falou: “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (João 12.25).

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Lydiafinal

Lydia Brownback (formada no Westminster Theological Seminary [Seminário Teológico de Westminster]) é autora de vários livros e palestrante de conferências para mulheres ao redor do mundo. Dentre seus livros, há devocionais práticos para mulheres, como “Finding God in My Loneliness” [Achando Deus em minha Solidão]” e “Sing a New Song” [Cante uma Nova Canção]. Lydia é membro da Christ Presbyterian Church (PCA) [Igreja Cristã Presbiteriana] em Roselle, Illinois, nos Estados Unidos.

*Esse artigo foi adaptado de Flourish: How the Love of Christ Frees Us from Self-Focus [Floresça: Como o Amor de Cristo nos Liberta do Nosso Egoísmo] escrito por Lydia Brownback.

Tradução por: Rebeca Falavinha |Revisado por: Rebecca Gueiros

https://www.crossway.org/articles/you-are-set-free-from-self-improvement/