634235947842458911-bride-groom-beach-walk-at-sunsetBem sabemos que quando homem e mulher se unem, eles precisam deixar os pais. E este deixar envolve conceitos muito mais amplos do que simplesmente um deixar físico. A partir daí o novo casal se torna uma família e deve lutar com todas as forças para criar seu próprio estilo de vida, hábitos e valores, que será só daquela família, de mais ninguém. Por vezes este processo pode ser traumático. Mas não precisava ser assim. Mamãe devia ter me ensinado desde cedo, que, a partir do casamento, os dois tornam-se um e que vários desdobramentos advêm desta verdade. Como posso ser bênção para ele também nesta área? Como posso, na prática, ser uma só carne com meu esposo?

Vocês formam um só corpo

Em primeiro lugar temos que ter este valor bem estabelecido em nossas vidas. Não somos duas pessoas caminhando juntas. Somos UM SÓ. “Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.” (Marcos 10. 7, 8 e 9). Vocês são indivisíveis!  Paulo, falando aos efésios exorta aos maridos que amem e cuidem de suas esposas, porque estas são sua própria carne! “Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja…” (Efésios 5.28 e 29). Isso é muito sério! Significa dizer que tudo que fizermos precisa estar sob este princípio. O que faço a ele, faço a mim mesma. Devo cuidar dele com a mesma dedicação e desvelo que tenho comigo. Não posso ‘preferir-me em honra’! Cada decisão tomada, cada passo dado, cada resolução de problema, cada frase articulada deve ser regida por este fundamento: somos UM até que a morte nos separe. A mulher está ligada a seu marido enquanto ele vive (Romanos 7.2). Esta é uma união indissolúvel, e precisamos aprender a viver desta forma nos menores detalhes. Nunca se posicione contra ele, mesmo quando vocês discordarem. Nunca fique ao lado de outras pessoas e contra ele, mesmo que sua opinião seja divergente da dele. Cuidem disso no silêncio do quarto do casal e não na presença de terceiros. Você não é uma só carne com absolutamente mais ninguém neste mundo, só com ele!

Aonde ele for, você deve ir também

Por que achamos linda a declaração de Rute para Noemi, mas não estamos dispostas a colocar esta fidelidade em prática em nosso casamento? Lembram do texto? “Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.” (Rute 1.16 e 17). Que declaração forte! Todos estes princípios deveriam reger nosso casamento também.

Tenho visto muitas moças, já desde antes do casamento, impondo condições geográficas aos seus noivos. Não poderão deixar a cidade onde moram, mesmo que ele tenha uma excelente proposta de emprego. Sair do país então, nem pensar! Os laços que as unem às suas famílias são tão fortes que elas não estão dispostas a desfazê-los por causa de seu marido. Parece que o sofrimento de morar longe de seus pais e irmãos as impede de enxergar quão longe elas DEVERIAM ir para se livrar do jugo paterno! Muitas moças não têm pais invasivos, que querem dominá-las e mantê-las por perto depois do casamento, mas elas mesmas não querem largar os pais. Talvez uma das melhores coisas que pode acontecer a um casal recém casado é ir morar bem longe de suas famílias! Isso traz um amadurecimento, um fortalecimento dos laços, que talvez se leve anos para conquistar quando se mora perto.

Outra temeridade que tem acontecido muito em nossos dias, é quando o marido é transferido para uma outra cidade e a esposa se recusa a segui-lo por não querer se afastar da família ou por causa de seu emprego. Dezenas de famílias cristãs têm vivido assim: se encontrando aos fins de semana e tentando adequar suas vidas a uma forma completamente pecaminosa e mundana de encarar a família: como um hobby de fim de semana. Se este é seu caso, corra para reverter esta realidade. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6.7). Não queira negligenciar a ordenação divina, fazer da forma que você acha melhor, sem colher os frutos amargos que, certamente, sucederão.

Como auxiliadora idônea, cabe a você ter toda a disponibilidade de tempo e de alma para seguir seu marido onde quer que ele for. Você é quem deve estar na retaguarda, providenciando para que ele esteja na linha de frente. Se ele precisa se mudar para crescer profissionalmente, acompanhe-o de bom grado. Não reclame da cidade que te acolheu. Adote-a como sua! Procure logo uma igreja, faça amizades, cuide para que sua casa seja o mais acolhedora possível. Sua cidade é onde ele está, seu lar é onde ele mora! Torne a tarefa dele de lutar pelo sustento fora da cidade de vocês o mais doce possível. Não seja VOCÊ o problema! Seja a solução. Isto é ser ajudadora!

Ouça seu marido

Existem mulheres que preferem ouvir seus pais a ouvir seus maridos. Outras colocam em primeiríssimo lugar a opinião das amigas e das vizinhas. Embora possamos nos aconselhar mutuamente e ouvir a opinião de várias pessoas confiáveis ao nosso redor, devemos nos importar, de fato, como o que nosso esposo diz.

Tenho visto várias mulheres frustradas porque não são ouvidas por seus maridos. Em muitos casos, percebo que a situação chegou a este ponto da seguinte forma: ela nunca dava ouvidos a ele. Ele insistia, mas ela sequer o ouvia, só fazia aquilo que desejava. Ele não soube liderar e ela não se deixou guiar. Ele se cansou de falar ao léu. Com mágoa por sua palavra não ter peso para sua esposa, ele se vinga dela tornando-se “mudo”. Ele prefere não emitir mais opinião sobre os assuntos familiares, e ela se queixa de ter que tomar decisões sozinha. Uma cadeia de erros que culmina em dois estranhos morando sob o mesmo teto.

Alguns pais têm vontade de governar a vida dos filhos casados. Querem dar palpite em todas as decisões do casal. Não permita que isto aconteça com você. Agora você forma uma unidade familiar com seu marido, não mais com seus pais. Em qualquer situação em que você precise escolher ficar ao lado de seus pais ou de seu marido permaneça ao lado dele! Vou repetir mais uma vez: você é uma só carne APENAS com ele. Deixe que ele saiba que você valoriza sua opinião, consulte-o, pergunte o que ele pensa, mesmo em coisas triviais. Este será um exercício para quando você tiver que ouvi-lo em coisas mais sérias.

Não tenha segredos para ele

Conheci uma moça que tinha tanto medo do marido e de uma possível grosseria da parte dele, que encobria pequenos detalhes para evitar discussões desnecessárias. Em princípio esta atitude pode até parecer uma boa escolha. Mas acredite: não é! Aos poucos aqueles segredos foram ficando maiores, se tornaram mentiras e no fim, deu lugar ao adultério. Este pode não ser o fim de toda mulher que esconde as coisas do marido, mas de qualquer maneira, fazê-lo, interpõe um muro de desconfiança entre os cônjuges! Faz parte do “ser uma só carne” dividir com ele tudo que acontece em sua vida. Não cultive o hábito de guardar segredos, seja um livro aberto, pronto para ser folheado, sem o menor constrangimento a qualquer hora do dia ou da noite. Tudo que envolve segredos entre cônjuges, certamente envolve pecado. Por isso, aproxime-se da Luz, para que suas obras sejam manifestas pela Luz! “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.” (João 3. 21 e 21).

Desde o quanto você gastou no cabeleireiro, até aquele problema mais sério que está acontecendo com seu filho, são assuntos que não podem ficar sob a neblina do “esquecimento voluntário”. Não finja que esqueceu, não oculte informações, não opte pelo silêncio. Isto te protegerá de uma forma inimaginável!

Por causa do nosso pecado e do tanto que somos tendentes ao individualismo e à autonomia é que precisamos lutar para sermos uma só carne. O Senhor sabe que somos assim, e justamente por isso, lá no comecinho, no Gênesis, já fez com que o homem percebesse que estava só e que precisava de uma ajudadora, e tirou a mulher da costela de seu marido. O objetivo era que ambos percebessem que estão em uma relação de interdependência, unidos, colados de forma irremediável um ao outro! Esta é a grande beleza do casamento: dois que se tornam um!

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simone* Simone Quaresma é casada há 24 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.

Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (22 anos), Israel (20 anos), Davi (18 anos) e Júlia (16 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.