mommyQuerer ser um cavalo foi provavelmente um dos meus piores momentos como mãe. Não era qualquer cavalo, se você quer saber. Um de meus filhos estava estudando os cavalos Lipizzaners na Escola Espanhola de Equitação de Vienna; conforme eu o ajudava a pesquisar, encontrei-me invejando os cavalos. Não apenas eles viviam num prédio histórico na capital Europeia, como também não faziam nada além de sair para longas caminhadas e, ocasionalmente, saltar ao som de música clássica instrumental. Eles são bem cuidados. Totalmente. “Eu poderia viver de maçãs e aveia”, pensei. Quando meu marido chegou do trabalho, anunciei meu novo plano de carreira. A pressão de carregar constantemente as necessidades de todos me fez perder o foco.

Mães precisam de um tempo uma vez ou outra. Mais do que isso, precisamos de perspectiva. E isso é fácil de perder quando há pilhas de louças e o bebê não para de chorar e a outra criança pequena se recusa a aprender a fazer suas necessidades no banheiro.

O trabalho como mãe nunca acaba. Não importa o quanto você faça todos os dias, você raramente consegue terminar: há sempre alguma roupa para dobrar, um banheiro para limpar ou um lanche para limpar a bagunça. Até mesmo à noite, há pesadelos, idas ao banheiro, um bebê para cuidar e um resfriado ocasional. Não há pagamento. Não há trabalhadores que disponham 8h do seu tempo para nos ajudar todo dia. Pode ser algo realmente solitário.

Essas são as razões que o mundo nos dá para fazer algo além de ficar em casa. Precisamos estar satisfeitas. Precisamos do dinheiro. Deveríamos contribuir para a sociedade. E nós não estamos entediadas até o limite? E é fácil ser fisgada por esses argumentos, ao menos para sentirmos alguma autocomiseração e pensar que estamos nos sacrificando maravilhosamente por permanecermos em casa. Mas o trabalho de uma mãe é muito mais do que se roupas desajeitadas, desenhos e suco de maçã derramado no chão da cozinha.

O trabalho de uma mãe é espiritual. Não espiritual num modo pseudo-sacramental que as mães “conscientes” alegam (como se o resto de nós fôssemos robôs desalmados sem intenções), mas espiritual porque estamos lidando com almas o dia todo. Às vezes, o tamanho de uma criança pode nos fazer esquecer que sua alma é tão grande quanto a nossa. Grandes almas com pouca santificação necessitam de muito pastoreio. Esse é um aspecto intenso do trabalho de uma mãe.

O trabalho de uma mãe é variado. Além do trabalho fundamental de zelar pelas almas dos pequenos, há o trabalho de zelar por suas mentes e corpos. Uma mãe é uma professora (com os alunos mais questionadores), nutricionista, contadora de história, fisioterapeuta e muitas outras coisas. Qualquer um que alega tédio por ficar em casa com os filhos não tem um entendimento adequado do chamado. Exaustivo? Sim. Entediante? Não. Há mais oportunidades para exercitar nossos dons na maternidade do que em qualquer outra carreira. É estarrecedor perceber todos os aspectos que envolvem ficar em casa com as crianças; uma mãe que os pratica com maestria está abençoando seus filhos com a herança da riqueza da vida, entendendo e aproveitando o máximo da criação quanto possível. Como pode ser bom para um professor ensinar uma coisa para muitas crianças, e ser pouco para uma mãe ensinar tudo para uma criança? Perguntou Chesterton. Não pode ser.

O trabalho de uma mãe santifica. Sim, tem-se a esperança de que o trabalho dos pais faça a criança crescer em santidade. Mas é mais santificador para a mãe. Não estariam aquelas noites sem dormir revelando uma falta de alegria? A personalidade forte daquela criança não estaria te ensinando a ser paciente? Ter que preparar o jantar quando tudo que você realmente quer é um banho, não está te mortificando? Quando a criança está esperneando diante das visitas, você não aprende a ser mais humilde? A vontade de Deus para nós não é realização ou altos salários, ou o que quer que seja que não estejamos ganhando por ficar em casa. A vontade de Deus é a nossa santificação (I Ts 4:3). O seu trabalho não está te levando a isso?

O trabalho de uma mãe é semear hoje, colher no futuro. Daqui a 20 anos. Às vezes, mais. Às vezes, menos. Enquanto o cesto de roupa nunca está totalmente vazio e a casa pode não estar perfeitamente limpa o tempo todo, a casa não é o trabalho principal. É verdade que pode tomar a maior parte do tempo, mas o trabalho verdadeiro, onde devemos mais nos esforçar e dedicar e investir emocionalmente, é a família. O marido e os filhos. São as lições aprendidas aos poucos que almejamos depois. É o casamento fortalecido numa geração adúltera. É a contribuição máxima para a sociedade quando uma criança é bem educada, uma cidadão trabalhador. É uma lar espiritualmente frutífero. Se o Senhor permitor, é a criança que crescerá para confessar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Isso faz todo trabalho duro e desapercebido valer a pena, não é? Perceber que os resultados são a longo prazo podem gerar paciência e contentamento hoje.

O trabalho de uma mãe honra o Senhor que criou o lar e a família. Não é errado que uma mãe às vezes trabalhe fora de casa para trazer rendimentos necessários, mas uma mulher que rejeita o trabalho dentro de casa para sua família como algo inferior a ela, insulta o Deus que ordenou isso como o meio ordinário pelo qual mães cristãs são fiéis. Isso significa que mesmo que o resultado do nosso trabalho não seja o que esperamos, fomos fiéis. Significa que mesmo que nossos planos e trabalho duro seja interrompido, fizemos o nosso melhor para usar com sabedoria os recursos que Deus nos deu. Significa que quando uma criança rejeita nossos anos de instrução, aqueles anos não foram desperdiçados uma vez que instruímos por amor à Jesus e desejando honrá-Lo. Significa que podemos, pela graça, ser boas e fiéis servas e deixar os resultados com Deus. Nossos dons, habilidades e esforços nunca são desperdiçados quando os usamos para honrar à Deus.

Quando compreendemos cada vez mais quão grande e vital é o trabalho de uma mãe, talvez nós não queiramos mais ser cavalos. Talvez, sejamos gratas que podemos ficar em casa com nossos filhos pelos poucos anos que eles estarão em nossas casas.

________________________

Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit” traduzido e re-publicado com permissão da autora.
ps. A versão em português tem algumas (pouquissimas) alterações solicitadas pela própria autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”

** Tradução: Vivian Junqueira Viviani