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O dia de hoje é considerado como um dia muito especial para todas as mulheres: 8 de Março – Dia Internacional da Mulher.

Vou ser sincero. Eu não acho que este dia faça qualquer bem às mulheres. Mas, antes de se aborrecer comigo e me xingar em teu coração, peço que faça o esforço de ler até o final.

Alguém que dirá que se trata de um dia para relembrar a história de luta pelos direitos das mulheres que, durante séculos, foram oprimidas por uma sociedade machista. A verdade, porém, é que este dia não celebra a mulher em si, este ente chamado “mulher”. O dia é uma bandeira de um movimento anticristão: o movimento feminista.

O valor e a importância da mulher não está no dia 8 de março. Isso não significa, porém, que não haja um dia para a mulher celebrar a sua identidade. A importância da mulher está naquele em quem ela encontra a sua real identidade: o Senhor Deus. A importância da mulher está no fato de ela ser alguém criado segundo a imagem de Deus, conforme a sua semelhança. É o que lemos em Gênesis 1.27: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. E é óbvio também que este versículo e o fato de tanto o homem como a mulher serem criados segundo a imagem de Deus mostra que eles são iguais, plenamente humanos, com igual dignidade, valor e importância. Homem e mulher compartilham a mesma humanidade e valor diante de Deus.

Mas é importante compreendermos que o fato de homem e mulher serem criados segundo a imagem de Deus, conforme a sua semelhança não mostra apenas que eles possuem a mesma natureza, importância e valor diante de Deus. O fato de a mulher ser criada à imagem de Deus também mostra que existem diferenças. Homem e mulher são iguais, mas não são idênticos. Homem e mulher, macho e fêmea são expressões diferentes do que significa ser humano. E as diferenças existentes fundamentam os papéis que ambos desempenham no lar, na sociedade e na igreja. Observemos, por exemplo, a passagem de Gênesis 2.23: “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada”. Ao criar Adão, Deus, deliberadamente o formou do pó da terra. E, intencionalmente, o Senhor formou a mulher a partir de uma costela de Adão. “É certo que se Deus quisesse comunicar uma identidade absoluta e inequívoca no modo como homem e mulher, respectivamente, são constituídos como seres humanos à imagem de Deus, Ele poderia ter criado os dois do mesmo modo”.

Por que o Senhor não criou a mulher do mesmo como criou o homem? Por que ele simplesmente não pegou do mesmo pó da terra e formou a mulher? Em vez disso, Deus, de maneira intencional e deliberada, não pegou mais pó da terra, mas, sim, uma costela de Adão como o material do qual formaria a mulher. A teologia envolvida nisso é clara. Como o próprio homem afirma após despertar do seu profundo sono, é que a identidade da mulher é de osso dos seus ossos e carne da sua carne. Ela seria chamada varoa, porquanto do varão foi formada. As palavras usadas para “varoa” (אשָּׁה) e “varão” (אישׁ) são muito interessantes. A palavra feminina é derivada da palavra masculina. “Na própria formação da mulher, deveria ficar claro que sua vida, sua constituição, sua natureza, estavam enraizadas e tinham origem na vida, constituição e natureza do homem”. Eu volto a insistir, meus irmãos, se Deus quisesse ter criado o sexo feminino a partir do pó da terra, como ele fez com o sexo masculino, certamente ele teria feito. No entanto, ao criar a mulher da forma como fez, o Senhor desejava comunicar duas verdades teológicas: 1. Ela, a mulher, é plena e igualmente humana, já que veio de seus ossos e carne; e 2. A própria natureza humana da mulher é constituída, não de modo paralelo e independente do homem, com ambos formados a partir do mesmo pó, mas como derivada da própria natureza humana do homem, demonstrando assim uma dependência do homem para sua origem, conforme Deus decidiu que fosse.

Esta dependência resulta na distinção de papéis exercidos por homem e mulher. E esta distinção, que por sua vez desembocará na questão da liderança piedosa masculina e na submissão piedosa feminina também encontra fundamento em Gênesis 2.18, quando Senhor Deus delibera criar a mulher: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Nesse momento, ao ler este texto, a mente influenciada pelo feminismo logo se aborrece deseja protestar, dizendo: “Ah, mas eu já li essa passagem e já sei que a Bíblia diz que a mulher é a ajudadora do homem. É justamente por isso que eu acho a Bíblia um livro obscurantista e machista!” Mas eu desejo que o Espírito Santo fale ao teu coração, ao chamar a tua atenção justamente para a glória e a preciosidade inerentes a esta palavra: “ajudadora” (עזֶר). Mas, o que tem de especial nela? Esta palavra é especial porque ela tem tudo a ver com o Senhor Deus. Muitas pessoas entendem, de forma equivocada, que a palavra “auxiliadora” denota a ideia de servidão, mas ela não é o mesmo que a palavra “servo” ou “escravo”. Esta palavra aparece como sufixo do nome de um dos filhos de Moisés: “Jetro, sogro de Moisés, tomou a Zípora, mulher de Moisés, depois que este lha enviara, com os dois filhos dela, dos quais um se chamava Gérson, pois disse Moisés: Fui peregrino em terra estrangeira; e o outro, Eliezer, pois disse: O Deus de meu pai foi a minha ajuda e me livrou da espada de Faraó” (Êxodo 18.2-4). “Eliezer” significa “Deus ajudador”. Leia também comigo o Salmo 121.1: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?” A palavra traduzida como “socorro” é עזֶר, de modo que nós também poderíamos ler o verso primeiro assim: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o Ajudador?” E quando você lê o versículo 2 pode perceber que, de fato, essa palavra tem tudo a ver com o Senhor Deus: “O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra”. O fato é que, das 19 vezes em que essa palavra aparece no Antigo Testamento, em 16 delas ela é usada para falar de Deus. Qual o significado disso para a feminilidade cristã? Significa, portanto, que, embora haja uma relação de dependência do homem, não há nenhuma noção de inferioridade da parte da mulher: “quando se atribui à mulher a qualidade de ‘auxiliadora’, mostra uma alta qualidade essencial que a mulher merece ter”. Ser uma auxiliadora não é algo degradante, pois descreve o que o próprio Deus é. “Deus é o maior e o mais importante ser existente no Universo e, no entanto, é o nosso grande ezer, que vem em nosso socorro em todas as horas”. Então, ser mulher é ser alguém criado à imagem de Deus. Ser mulher é ser alguém que é honrado com um precioso papel que tem a sua máxima expressão no próprio Deus.

Qual o significado dessa verdade para a mulher? Ora, a mulher deve ser valorizada e amada, não por ser ela alguém superior ao homem – ela não o é. Ela não deve ser valorizada e amada nem mesmo por ser igual ao homem. O valor da mulher está em Deus, seu Criador. Está no fato de ter sido ela criada conforme a imagem e semelhança de Deus, e por este partilhar com ela uma das suas características mais importantes: a de Ajudador do seu povo. Como alguém criado assim pode se sentir desvalorizado? Houve um dia, ainda no princípio da história, quando Senhor Deus, o Criador, trouxe à existência a mulher. Você não precisa de um dia no ano para celebrar o fato de ser mulher. Você pode fazer isso todos os dias. Portanto, querida mulher, alegre-se com a lembrança daquele precioso dia, quando a bela e graciosa ezer do homem veio à existência pelas mãos do grande Ezer.

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1.Bruce A. Ware. “O Complementarismo de Macho e Fêmea e a Imagem de Deus”. In: Wayne Grudem e John Piper (Orgs.). Fundamentos Bíblicos para a Masculinidade e a Feminilidade. Niterói, RJ: Tempo de Colheita, 2013. p. 81.
2.Ibid.
3.Ibid.
4.Heber Carlos de Campos. O Habitat Humano: O Paraíso Criado. Vol. 1. São Paulo: Hagnos, 2011. p. 115. Nota de rodapé.
5.Ibid.
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* Rev. Alan Rennê é Pastor na Igreja Presbiteriana do Cruzeiro do Anil, em São Luís-MA, Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico do Nordeste, em Teresina -PI (2005), e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo-SP (2010). Mestre em Estudos Histórico-Teológicos, com concentração em Teologia Sistemática (Sacrae Theologiae Magister – S.T.M.), pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, São Paulo-SP. Professor visitante de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife-PE e na Faculdade Internacional de Teologia Reformada (FITRef). Escreve no blog Cristão Reformado.