mulher no computadorEstamos em uma era tecnológica e, tecnologia é algo muito mais amplo do que só internet, telefone celular e computadores. Não vou me ater a abordar tudo que envolve tecnologia, pois não sou da área e seria um assunto muito longo. Quero tratar de como usamos a internet e os dispositivos eletrônicos à nossa disposição e como isto pode prejudicar nossa fé.

Usamos tecnologia em aparelhos domésticos o tempo todo (geladeira, máquina de lavar roupa, lava-louças, microondas, etc) e isto facilita nosso dia corrido. O bom uso desta tecnologia em casa, nos ajuda a ter mais tempo para a família, por exemplo.

Mas, claro, isso nem sempre foi assim. Um exemplo disso, temos em 16 de Abril de 1912, quando o jornal London Times reportou que o navio Titanic havia afundado na manhã do dia anterior. A notícia foi enviada via telégrafo e levou um dia para chegar à população em Londres. Já no dia 11 de Setembro de 2001, notamos a diferença, quando o mundo inteiro assistiu à queda das Torres Gêmeas ao vivo.

Porém nem sempre usamos desta tecnologia de forma sábia, de maneira que honre a Deus. Muitos precisam ficar 24 horas com o celular ao alcance das mãos para poder responder a todas as mensagens de todas as contas virtuais que possuem. E isto passa a ser um vício.

Benção ou Maldição?
Todos os dias são disponibilizados milhares de vídeos de massacres, guerras, bombardeios, acidentes e pessoas que fazem vídeos da desgraça de outros. A pornografia tomou proporções gigantescas e continua crescendo diariamente. Pedófilos usam vastamente a internet para procurar suas vítimas e para comunicarem entre si. Bullying, fofocas e mentiras (chamadas de hoax) também fazem parte do dia de milhares de pessoas que vivem online e se alimentam desta podridão que circula via internet. Com tanta maldade que se espalha rapidamente online, podemos dizer que a internet é benção?

Mas por outro lado, avôs têm a oportunidade de participar das festas de seus netos, mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Um pai pode ver os primeiros passinhos do seu filho enquanto está trabalhando em um projeto em outro Estado. As crianças têm acesso a centenas de informações para fazer um projeto escolar. Serviços médicos que podem atender online pacientes que estão em localidades distantes. Até pessoas que estavam desaparecidas podem ser encontradas através de websites. No âmbito da igreja: missionários podem receber treinamento sem sair do campo; há várias versões da Bíblia em línguas diferentes, hinários, cânticos, e-books, pregações, estudos bíblicos e até mesmo evangelizações. E agora, com tantas oportunidades e coisas boas que acontecem online, podemos dizer que a internet é maldição?

Em sua essência, a internet é uma ferramenta de comunicação muito eficaz. Ela em si é neutra, nem benção nem maldição. Porém os seus usuários não são neutros, são corrompidos pelo pecado e corrompem as ferramentas a sua volta.

Do que está cheio o seu hard drive?
Arrisco dizer que a mão digita do que está cheio o seu hard drive, ou em outras palavras “… a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34b). Emails, tweets e posts são usados com frequência para autoexaltação, ataques e críticas.

Essas ferramentas (internet e eletrônicos) úteis para nos auxiliar diariamente, viraram equipamentos de autosatisfação, suprindo nossas pecaminosas necessidades diárias por curiosidades, amenidades e aceitação perante os homens.
Tiago nos exorta para que controlemos nossa língua e nossos desejos. E neste mesmo contexto, podemos incluir textos e mensagens diversos.

Tiago 3:16-18: “Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins. A sabedoria , porém, lá do alto, é primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.”

Um sentimento faccioso pode surgir de uma simples imagem. Uma festa para qual você não foi convidada, mas que todas suas amigas estavam lá, pode fazer com que sentimentos de inveja entrem em ebulição em seu coração. Mesmo que você saiba que não poderia ter ido ao evento, o simples fato de não ter sido convidada, incomoda muito.

Normalmente o tempo que gastamos online para nos atualizarmos com o que acontece na vida e família alheia é maior do que o necessário. E com muita frequência, fagulhas de inveja e orgulho são acesas em nosso coração contaminando nossas ações.

Com isso, vamos enchendo o nosso drive (mente/coração) de futilidades, coisas que poderíamos viver sem saber, vídeos que não são edificantes ou que não são prioridades naquele momento. E digo isto não apenas questionando a boa administração do nosso tempo, mas questionando o alimento para nossa alma.

Muitas vezes nosso interesse está em saber sobre coisas que não são tão necessárias, tais como:
• Qual a roupa que a blogueira famosa recomendou hoje? (posso copiá-la?)
• Quem postou fotos do encontro de ontem? (me marcaram?)
• Quantas curtidas minha foto recebeu? (em quanto tempo?)

Filipenses 2:3: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.”

Quando temos necessidade de saber quão populares somos, deixamos de lado a humildade e nos colocamos em alta posição. E mesmo que não façamos isto com frequência, precisamos estar atentas ao que é mais importante, aquilo que nos dá segurança e esperança nesta vida e na vida porvir.

Provérbios 29:25 : “Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no SENHOR está seguro.”

Tomar conhecimento de quantas pessoas curtiram algo que postamos infla nosso orgulho, nos faz sentir importantes e escancara nosso temor de homens. O temor de não sermos conhecidas ou reconhecidas, o temor de não sermos amadas ou seguidas, deixando de lado, bem longe o amor e temor a Deus em primeiro lugar.

Precisamos estar mais atentas para nos alimentarmos com a Palavra de Deus, para que ela nos transforme conforme Aquele que morreu por nós. A informação que vem muito rápido, pode sumir rapidamente também, mas a Palavra de Deus é reta e o seu proceder é fiel (Sl 33:4), e devemos guardá-la em nosso coração para não pecar contra Deus e nosso próximo (Sl 119:11). E em contraste com o imediatismo da internet temos o Salmo 1 :” Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios… Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” Quando temos um coração cheio dos ensinamentos da Palavra de Deus, o que digitamos e procuramos online é digno de honra ao Senhor.

No mundo da distração
Não há nada de errado em usar a internet como entretenimento, para assistir a um filme, para leitura (notícias, livros, artigos, blogs) etc. E eu não posso negar que as redes sociais tem seu lado bom, reconheço que tem sim. Faço uso delas frequentemente com objetivos diferentes: mando e recebo notícias de queridos de forma rápida e simples; acompanho o crescimento de filhos de amigas que não posso ver com frequência; as vezes posto fotos dos meus filhos para que outros se alegrem comigo; leio artigos e postagens de fiéis na fé que perseveram por ensinar a boa doutrina. E muitos outros exemplos poderiam ser dados aqui que chancelariam a internet como benção, mas infelizmente nosso uso destas redes não se restringe apenas aos exemplos bons.

Filipenses 4:8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isto o que ocupe o vosso pensamento.”

Para saber a vontade do Senhor precisamos nos alimentar do que é verdadeiro, ou seja, da Bíblia. Facebook ou outras redes sociais são um mundo virtual, surreal, onde todos estão sempre felizes, em lugares bonitos e curtindo “o melhor” que a vida pode lhes dar. Definitivamente não é o lugar para onde devemos dirigir nossas atenções e corações com intensa frequência, não é o lugar onde devemos procurar fidelidade, respeito, pureza, amabilidade e verdade. Isto só encontramos na Palavra de Deus.

Sim, você pode expressar verdade, amabilidade e pureza através da internet, mas por termos um coração desesperadamente enganoso, precisamos nos lembrar continuamente do fruto do Espírito (Gálatas 5:22,23) quando usamos a internet. Principalmente o domínio próprio, para saber controlar o uso do nosso tempo e o texto que digitamos.

Uma dica prática é colocar limite de tempo para uso de redes sociais, leituras de blogs, e uso da internet em geral. Isto vale tanto para crianças quanto para adultos. É uma boa forma de administrar melhor o nosso tempo e exercitar o domínio próprio, sem deixar que a distração deste mundo virtual nos leve por caminhos enganosos.

Continua…

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natalie

Nátalie Campos, casada há 13 anos com Heber Campos Jr., mãe de Bianca e Samuel. Serve na Igreja Presbiteriana Aliança em Limeira, onde seu marido é pastor.