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Quero lhes falar sobre cinco princípios que são fundamentais:

Primeiro princípio: os filhos são bênção de Deus. É aí que você tem que começar. Eles não são um problema, eles não são um juízo, mas eles são uma bênção de Deus.

Deus abençoou Adão e Eva, e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei a terra.” A civilização primitiva entendeu isso, mesmo depois do dilúvio. Quando esse mandamento do Senhor era repetido, as pessoas entendiam que os filhos eram uma bênção do Senhor. Na verdade, não poder ter filhos era um desastre nas mentes das pessoas no mundo antigo.

No capítulo 29:32 de Gênesis, por exemplo, Raquel era estéril. “Lia concebeu e deu à luz um filho e chamou Rúben, pois disse: Porque o Senhor tem visto a minha aflição; certamente agora meu marido vai me amar.”

É como se não ter uma criança fizesse com que seu marido não a amasse. E o mesmo pensamento é repetido nos versos 33 a 35. Os filhos foram uma bênção do Senhor para Lia. Era uma espécie de vergonha em sua mente não ter muitos filhos.

Capítulo 30:1, diz: “Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro.”Então, ela veio com um plano estúpido, como você sabe, e queria uma espécie de criança substituta, uma espécie de barriga de aluguel do mundo antigo, em que sua escrava geraria um filho com Jacó, tal como fizera Abraão no passado.

Deus foi gracioso com ela. Veja os versículos 23 e 24: “E ela concebeu, e deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha. E chamou-lhe José, dizendo: O Senhor me acrescente outro filho.” Era quase como se uma criança não fosse o suficiente. O desejo do coração de uma mãe era de ter muitos filhos, porque os filhos foram indicados por Deus como sinais de benção.

Vejamos o Salmo 127, verso 3, que diz: “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá.”

Na verdade, era uma espécie de censura pessoal, uma espécie de vergonha, não ter filhos. Certamente, havia algumas pessoas para as quais Deus não projetou filhos. Mas, de um modo geral, os filhos eram uma bênção; e não ter filhos era como ser impuro no mundo antigo.

Segundo princípio: paternidade é uma bênção. Três vezes em Provérbios é declarado que um filho faz o coração de um pai feliz. Provérbios 29:17, diz: “Disciplina o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma.” As crianças são uma benção, e ser pai é uma bênção.

Terceiro princípio: a qualidade do papel dos pais é avaliada observando-se o resultado do seu papel na criação dos seus filhos. O que quero dizer com isso? Simplesmente significa o princípio que está em Provérbios 22: 6, que diz:  “Ensina a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.”

Realmente, os filhos são um testemunho do papel de seus pais em sua criação, pois são o resultado desse papel.

Esse texto de Provérbios 26 não é uma garantia de salvação. É apenas um axioma. É apenas um truísmo. É apenas uma verdade auto-evidente: crianças se transformarão naquilo que você as criou para ser. Isso é um fato.

Um texto equivalente do Novo Testamento é o de Lucas 6:40: “O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito [ou treinado] será como o seu mestre.” Você será responsável por moldar seus filhos. Eles vão ser o que você levá-los a ser. Eles vão se tornar no que você permitir que eles sejam. Eles vão tomar a forma que você forneceu para eles em sua paternidade.

Nada que você faça garantirá que eles sejam salvos. O texto não está dizendo que a obra de vocês é que irá salvá-los, porque essa obra é de Deus apenas. Mas, ele está dizendo que seus filhos serão os produtos de sua paternidade. A paternidade é medida pelo esforço dos pais na formação de seus filhos, no resultado dessa formação.

Então, você olha ao seu redor e você diz para si mesmo: ‘Eu não sei se eu quero criar uma criança no mundo que está vindo, ou o mundo que existe…’. Lembre-se: em qualquer ocasião, em qualquer mundo, qualquer criança vai crescer para ser o que você a formou para ser.

O papel dos pais é uma responsabilidade sem paradas. Não há pausas para café. Não há férias, porque é extremamente importante. Não pode ser um trabalho em tempo parcial. É por isso que as mães que trabalham fora podem ser um desastre nas vidas de seus filhos.

Quarto princípio: os pais são a mais poderosa influência na vida de seus filhos. É mais poderosa do que a cultura. É mais poderosa do que as amizades. É mais poderosa do que a mídia, porque os pais podem controlar todas essas outras influências. É uma responsabilidade em tempo integral.

Na verdade, se você voltar a Deuteronômio, capítulo 6:4-6, Deus estava preparando o povo para entrar na Terra Prometida e traz a seguinte direção: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração…”. Esse é o resumo de todos os mandamentos.

E, então, vem o versículo 7: “E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Esse é o papel ininterrupto dos pais. Sem paradas.

Verso 8: “Também as atarás por sinal na tua mão…”, de modo que a palavra de Deus influencie tudo o que você faz. “… e te serão por frontais entre os teus olhos”, para que a Palavra controle o que você pensa. Esse é o significado dessa linguagem simbólica do texto.

Verso 9: “E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas”, para que quando você entrar ou sair, a Palavra do Senhor domine tudo o que você for fazer. Esta é a forma como os pais têm a maior influência.

Tenha em mente que os filhos de Israel, neste momento da sua história, estavam vivendo no meio do paganismo. O paganismo era algo tão ruim, que Deus lhes havia dito, que quando entrassem na Terra Prometida, deveriam matar, literalmente, as nações que ocupavam a terra. Eles não fizeram isso, e por isso havia essa batalha constante com uma cultura corrompida.

A história de Israel, francamente, é uma lição sobre os perigos de não ensinar seus filhos, de não ter a lei de Deus dominando seus filhos, de não ensiná-los, de não falar sobre a Palavra de Deus quando você se sentar, andar, deitar, quando se levantar. Obviamente, Israel não conseguiu fazer isso, mesmo tendo sido ordenado em Deuteronômio 6.

Olhe, por exemplo, para a geração imediatamente posterior àquela que primeiro entrou na Terra Prometida. Veja o que diz Juízes 2: 7: “E serviu o povo ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram depois de Josué, e viram toda aquela grande obra do Senhor, que fizera a Israel. “

Agora, o versículo 10: “E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após ela se levantou, que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.”

Aquela geração não conseguiu fazer o que eles foram orientados a fazer: ensinar a lei de Deus aos seus filhos, para que eles pudessem amar o Senhor seu Deus de todo o coração, com toda a sua alma e com todas as suas forças. Toda aquela primeira geração fracassou em sua paternidade.

Os versículos 11 a13 mostram o resultado da omissão daquela primeira geração de pais: “Então fizeram os filhos de Israel o que era mau aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins [falsos deuses]. E deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos, que havia ao redor deles, e adoraram a eles; e provocaram o Senhor à ira. Porquanto deixaram ao Senhor, e serviram a Baal e a Astarote.”

A uma geração foi dada uma ordem clara: “Tome a lei do Senhor e a ensine aos seus filhos.” Eles não fizeram. Eles se voltaram para os deuses dos cananeus – um padrão que se tornou repetido na vida de Israel. E todos nós sabemos a terrível, trágica história que resultou disto.

Eu creio que o resumo dessa história está em Juízes 21:25b: “… cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.” Soa familiar? Isso é a cultura dos nossos dias. Esse é o mundo em que vivemos. E nós chegamos a esse ponto pela mesma razão que Israel chegou.

O povo de Israel viveu neste mar de paganismo. Foi-lhes dito o que fazer para se proteger: ensinar a Palavra de Deus aos seus filhos. Era uma responsabilidade em tempo integral, sem folga. E não apenas ensinar a teoria, mas ensinar pelo exemplo a “amar o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda tua alma, com todo o seu poder. “

Quando esse papel dos pais é ignorado, o prejuízo virá não apenas para a família em si ou para os filhos, mas afetará toda uma geração.

Continua…

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John_macarthur*Esse artigo faz parte de uma série de sermões publicada no site da Grace to You, traduzido e sintetizado pelo site Rei Eterno, reproduzido aqui sob autorização da tradutora.

**John MacArthur, Jr. é pastor da Grace Community Church em Sun Valley, na Califórnia, e autor de diversos livros, entre eles Abaixo a Ansiedade, A Morte de Jesus, Crer É Difícil, Criação ou Evolução, Doze Mulheres Notáveis, Como Educar seus Filhos segundo a Bíblia, Como Obter o Máximo da Palavra de Deus, Como ser Crente em um Mundo de Descrentes, O Caminho da Felicidade, O Livro sobre Liderança, O Poder da Integridade, todos da Editora Cultura Cristã.