Portrait Of A LadyAinda não leu a Parte 1? Leia Aqui.

Então chega o grande dia: nosso “menino” vai se casar! Qual a sensação que te inunda quando você pensa neste dia? Algumas mães constatam que um ciclo de sua vida está se fechando, uma etapa importante foi concluída, sua tarefa foi cumprida! Outras, no entanto, tomadas por um sentimento de posse que as cega, não conseguem se alegrar com os filhos e aproveitar estes momentos! Seus corações abrigam um sentimento ambíguo. Sabem que devem deixá-lo ir, que a vida é assim mesmo, mas no fundo não aceitam que de agora em diante ela não será mais a mulher mais importante na vida do filho. Quanto egoísmo! Quanto desconhecimento sobre as funções que Deus delegou a cada um na família! Quanta maldade há em nossos corações! E desta sensação amarga de que algo não está no lugar, de algo foi “roubado” delas, estas mães tiram forças para superar a dor de uma forma, nem sempre santa.

Se estas mães viveram para os filhos e não para os maridos, se sentirão traídas, desamparadas. Se tiveram maridos omissos, nos quais mandavam, se sentirão também muito confortáveis para mandar na casa de seus filhos. Aquele sentimento que falamos no primeiro texto, de que elas sabem o que é melhor para os filhos, agora encontra seu auge e o momento perfeito para se manifestar: quando eles se casam! Espero que este não seja o seu caso, querida irmã!

Quando a sogra parte de premissas erradas, as coisas podem se complicar. Quando a sogra pensa que: “só eu sei cuidar do meu menino, só eu sei fazer a comida que ele mais gosta, só eu entendo e faço os gostos do meu filho”, pode soar o sinal de alerta! Nestas circunstâncias, a nora torna-se para a sogra, aquela “menina” novinha, mas de cabeça oca que não será capaz de fazer seu filho feliz! Note, estamos falando de sentimentos escondidos, não declarados. Nenhuma sogra pensa assim de forma explícita. Muitas vezes ela sequer sabe porque tem aquela “implicância” com a nora, que se esforça tanto para obter a aprovação da sogra e gozar de sua amizade.

Se você é mãe de meninos, vá se preparando para não ser este tipo de sogra, e se você já é mãe de homens casados, precisa entender seu papel e o que Deus requer de você. Algumas lições nos ajudarão a caminhar nesta direção.

A partir do momento em que nossos filhos se casam, eles deixam de ser funcionalmente filhos e passam a ser maridos. Foi assim que Deus estabeleceu desde o princípio! Veja o que Adão fala em Gênesis 2.22, depois de haver Deus formado a mulher e tê-la trazido ao homem: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne.” Esta palavrinha “osso” está carregada de significado! “Osso dos meus ossos” significa: “procedente de, mesma substância, o próprio ser”. É assim que a Santa Palavra de Deus descreve o tipo de relacionamento que o homem tem com sua esposa, não com sua mãe! Eles se tornarão a mesma substância!

Exatamente “por isso deixa o homem pai e mãe se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gênesis 2.24). Cabe às mães crentes obedecerem à ordem de Deus e deixarem seus filhos seguirem o seu caminho. E esta palavra “deixar” não foi usada à toa. Ela significa, originalmente, “Soltar, abandonar, afastar-se de, deixar pra trás, abandonar, negligenciar, deixar livre, deixar ir, libertar, ser deixado, ser abandonado, ruptura, desligamento.” Forte, não?! Pois a ideia é exatamente esta! A partir do casamento, nossos filhos se tornam outra família! E este “deixar” é mais abrangente do que pensamos!

  • É um deixar geográfico

“Quem casa quer casa longe da casa que casa”, já dizia minha avó! Casar e morar com os pais nunca foi uma alternativa saudável para o relacionamento a dois. Na verdade, quando um casal é forçado a mudar de cidade, estado ou país no começo do casamento, por quaisquer circunstâncias, o ganho é incrível! Em muito menos tempo eles aprenderão a se virar sozinhos e a resolver os próprios problemas!

  • É um deixar financeiro

Não fique com peninha do seu filho que não terá tv à cabo quando se casar. Você também deu duro no começo da vida. Passar aperto não faz mal a ninguém. Não queira resolver as dificuldades financeiras de seu filho. Ele é o provedor da nova família, e precisa se virar sozinho para dar conta da tarefa. Claro que existem circunstâncias em que, por algum tempo, nossos filhos casados podem necessitar de algum tipo de ajuda mas, se isso acontecer, certifique-se que o dinheiro não seja uma arma que você utilize para manipular a nova família.

  • É um deixar emocional

Mães crentes, conscientes de sua missão, não criam filhos para serem “filhinhos da mamãe” a vida toda. Mães crentes devem criar homens de verdade, que serão emocionalmente fortes para aguentar as pressões de um casamento: filhos, emprego e as vicissitudes da vida. Largue as cordas, deixe-o viver sua própria vida, escolher suas amizades. Quantas mães eu conheço que têm ciúmes do filho que vai mais para a casa da mãe da nora do para a sua. Deixe que eles almocem lá todo domingo se quiserem, sem fazer chantagem emocional!!! Deixe que viajem com os amigos, sem você. Não faça bico por isso, não fique choramingando. O mundo dele, agora, é outro! Naturalmente ele se cercará de jovens casais que estão na mesma fase. Não fique ressentida, não culpe sua nora. Alegre-se por Deus proporcionar amigos que o ajudarão a crescer com Deus!

  • É um deixar espiritual

Sim, agora seu filho é o sacerdote de seu lar. Ele é o responsável diante de Deus pela vida de sua esposa e de seus filhos. Você pode ajudar com seus conselhos, maturidade e experiência, mas espere ser solicitada! É das mãos DELE que Deus cobrará um dia, não das suas! Seu trabalho de forjar nele uma atitude de líder espiritual deve ter sido desenvolvida de tal forma, que agora você possa descansar, e confiar na direção que ele dará à sua nova família.

Quando as mães de rapazes não se conformam com a nova realidade, os problemas começam. E se seu filho for um homem de verdade, temente a Deus, não permitirá que você ultrapasse os limites. Se ele se deixar manipular, criará problemas com a esposa.

Tente se colocar no lugar de sua nora. Um dia você também foi uma jovenzinha insegura, que mal dava conta do serviço da casa, e estava se adaptando à vida de cuidar do lar, do marido e dos filhos. Você também já queimou o feijão, já lavou roupa colorida com roupa branca, já queimou a camisa favorita de seu esposo. Você já fez arroz duro e já comprou coisa demais na feira e estragou a metade. Não sei como sua sogra reagiu, mas sei como você deve reagir: não sendo crítica, não se meta, a não ser que seja solicitada. Afinal, de que lado você está?? Se está do lado de seu filho e deseja a felicidade dele, cuide de amar e ter o melhor relacionamento possível com a sua nora. Não faça seu filho escolher entre você e ela. Não o coloque em situações difíceis. Não fale mal de sua nora para ele NEM PARA NINGUÉM. Reconheça que esta nova família é OUTRA família. Se você conseguir enxergar desta forma, ficará mais fácil não se meter e querer resolver as coisas na casa deles, do mesmo jeito que você resolve na sua!

Minha amada irmã, por favor, reconheça que a vida deles deve ser gerida da maneira que ELES acham melhor. Pode ser que ela não deixe a cozinha arrumada antes de dormir, não passe camisas sociais tão bem quanto você ou não seja uma exímia boleira. Talvez ela não acorde às 6 da manhã como você, e durma tarde demais. Pode ser que você discorde da forma rígida que eles criam seus netos, que você ache que dar chupeta é um absurdo e que ela deveria oferecer leite materno até os seis meses. Você pode estar convicta de que todos os seus palpites são os melhores (e eles podem realmente ser!), mas PRECISA reconhecer que nada disto é problema seu!

A forma como eles gastam o dinheiro deles, o bairro que escolhem para morar, a hora que eles chegam em casa, o tipo de cortina que colocam na sala, a roupa que o bebê vai usar no dia do batismo e a igreja que eles devem frequentar são escolhas que eles devem fazer. Seu papel como mãe, é estar sempre disposta a amar e ajudar ao novo casal quando estes pedirem socorro, sempre respeitando os limites, lembrando que eles não são seus.

Se você é a mãe da moças, precisa observar os mesmos princípios. Nunca se esqueça que, funcionalmente falando, ela não é mais FILHA, e sim ESPOSA. Agora ela tem um líder sobre ela, e por mais que você discorde da forma como ele está liderando sua filha, este é um problema que eles terão que resolver! Jamais fale mal dele para sua filha ou a incentive a ser insubmissa. Pelo contrário, encoraje-a a submeter-se e honrá-lo. Aprenda a respeitá-lo como chefe de família!!

Minha irmã, se porventura você tem sido este tipo de sogra, arrependa-se e faça o caminho de volta. Seja a sogra que Noemi foi para Rute, trate-a como sua irmã em Cristo. Respeite-a como você respeita as outras irmãs da sua Igreja. Seja motivo de inspiração para esta jovem no começo de vida. Ore por ela, tenha sempre palavras afáveis, seja amiga de verdade. Faça com ela do mesmo jeito

que você gostaria que sua sogra tivesse feito com você. Considere-a superior a você, sujeite-se a ela no temor de Cristo (Efésios 5.21). E se você ainda não é sogra, mas será um dia, vá treinando! Aprenda a lutar contra os sentimentos pecaminosos de ciúmes, posse e controle antes que eles criem raízes em seu coração.

Meu desejo e minha oração é que este texto ajude você a ser uma sogra que agrade a Deus e promova sua glória nesta terra. Que você contribua de forma amorosa para que seus filhos tenham casamentos sólidos, que sejam colunas a sustentar nossas igrejas. Lembrem-se: nossas famílias são um espelho para o mundo de quem Deus é, e de como ele age. Sejamos bênção, também, como sogras!

Em breve postaremos uma palavras às noras!

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* Simone Quaresma é casada há 23 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Icaraí e da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (21 anos), Israel (19 anos), Davi (17 anos) e Júlia (15 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler… de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; é professora da classe de jovens e trabalha com a SAF da Igreja onde ele é pastor auxiliar.