portrait_of_madame_pecoul_mother_in_law_of_the_artist_1784_XCom toda a certeza, a palavra “sogra” gera em nós uma série de sentimentos. Infelizmente, a maioria destes sentimentos não são bons! Sogras são motivo de piadas, brincadeiras e anedotas nem sempre amistosas. Aqueles que não têm problemas com suas sogras são olhados de forma estranha, quase como se fossem seres de outro planeta. Precisamos admitir que este mito tem seu fundo de verdade. Quantas de vocês já não participaram de situações constrangedoras protagonizadas por sogras possessivas e noras furiosas? Quantas já não acompanharam a destruição de casamentos fomentada por uma sogra que não abre mão de dominar a vida de um filho? Quantas brigas, discussões desnecessárias, desgastes, dor e frustração esta relação pode proporcionar à nossa vida conjugal?

Quando trazemos este assunto à tona, o que mais deveria nos incomodar e alertar, é o fato de que estes conflitos atingem não apenas os ímpios, mas atingem também aqueles que deveriam viver segundo o padrão da Palavra de Deus. E seguindo o padrão de Deus, qualquer (QUALQUER MESMO!) tipo de relacionamento deve espelhar a santidade de Deus. Sogras e noras não estão à parte da lista de relacionamentos que devem ser impactados pelo conhecimento que temos de Deus! O Evangelho deve atingir também estas categorias de pessoas. E você, querida irmã, de uma forma ou de outra, está ou estará em alguma destas situações por boa parte de sua vida. Por isso, vale à pena descobrirmos o que o Senhor espera de nós, e como podemos glorificá-lo e ser bênção na vida de nossos filhos!

POR QUE ESTES RELACIONAMENTOS SÃO TÃO CERCADOS DE PROBLEMAS?

Pelo mesmo motivo que todos os outros relacionamentos do mundo são cercados de dificuldades: por causa do pecado! Gostaria de começar analisando com vocês a primeira mulher criada, como ela se portou desde o começo, e o que temos imitado e trazido para nossos relacionamentos. Quando Deus formou o homem, deu a ele uma série de responsabilidades e de atribuições: Em primeiro lugar, Deus ordenou que Adão cultivasse e guardasse o jardim (Gn 2.15). Ele seria o provedor e o protetor. Em seguida, deu a ele uma ordem que o colocou também como o sacerdote de sua casa (Gn 2.17). Deus deu a ELE a ordem para não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A mulher sequer havia sido formada. Quando lemos o capítulo 3 de Gênesis, lembrando destes detalhes, o pecado de Adão se omitindo, e de Eva tomando a frente para decidir espiritualmente por toda a família, se torna mais grave, mais claro, mais perturbador! Adão estava ali, assistindo a oferta da serpente, e não foi capaz de interrompê-la, tomar para si a responsabilidade da decisão que afetaria toda a família. Eva por sua vez, vendo o quanto a serpente subvertera a ordem estabelecida por Deus, não chamou seu marido, não deu a ele o lugar de liderança. Eva foi à frente. Adão permaneceu onde estava. O mais impressionante é que quando, lá no verso 9, Deus vem ao jardim para saber o que havia acontecido, ele não fez como a serpente, não subverteu a ordem. Ele não cobrou da mulher, mas do homem: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: onde estavas?”.

Deste acontecimento, que gerou a morte e o pecado passados a toda a humanidade, precisamos tirar vários ensinamentos. No caso do tema abordado hoje, precisamos entender a atitude de Eva, para não nos parecermos com ela neste aspecto. Eva agiu como uma matriarca. De acordo com o dicionário Houaiss, matriarca é aquela mulher que governa uma família, um clã, uma tribo. Uma mulher que domina um grupo qualquer de pessoas. Por gerações e gerações inteiras temos presenciado este tipo de mulher dominar seu clã. Não que ali não existam homens capazes de fazê-lo- Deus os formou para isso! Eles simplesmente abdicaram de sua posição de líderes e suas mulheres, pronta e pecaminosamente assumiram seu lugar. Neste ponto você pode estar pensando: o que tudo isso tem a ver com o relacionamento entre sogras e noras? TUDO! É este protótipo de mulher que manda, que resolve, que se sente responsável por tudo, que quer gerir e governar tudo à sua volta que se tornará sogra um dia! E se este pensamento de matriarca, de dona do clã não for encarado como pecado, e não for vencido, esta mulher, cheia de boas intenções, tornará a vida de seu filho e de sua nora um verdadeiro tormento!

A INFLUÊNCIA DA “VIRGEM” MARIA

Como se não bastasse o modelo de Eva, também somos bombardeadas por outras ideologias e mitos acerca de Maria, que nos faz acreditar em mentiras e viver por meio delas. Você sabia que para a Igreja Católica, Maria foi CONCEBIDA sem pecado? Você sabia que ela é considerada santa, sem pecado porque é a “mãe de Deus”, e considerada virgem até hoje, mesmo depois de ter tido outros filhos? Esta concepção é tão forte e tão entranhada na cultura católica do nosso país, que mesmo sem saber destes detalhes, somos afetadas pelos pensamentos gerados por estas heresias. Quer ver só? Por causa destas mentiras sobre Maria, existe uma aura de santidade na maternidade. As mães, segundo o senso comum, são seres melhores, superiores, quase santos. Analise comigo se não é assim mesmo que acontece:

  • É como se toda mulher, ao se tornar mãe, se tornasse uma pessoa melhor. NÃO: toda mulher continua uma pecadora miserável depois de se tornar mãe, necessitando desesperadamente da graça redentora de Cristo!
  • É como se amor de mãe fosse perfeito, como se justificasse qualquer atitude. NÃO: o nosso amor de mãe também é corrompido pelo pecado! Mães também maltratam seus filhos, abandonam suas famílias, pecam contra eles. Mas por que nos assustamos quando as mães fazem isso, mas não tanto quando os pais o fazem? Porque já estamos inundados pela heresia de que “igual a amor de mãe não há outro”.
  • É como se a maternidade fosse mais importante que a paternidade. (E não é não??) NÃO: Deus revela sua paternidade através da maternidade e da paternidade. Pai e mãe formam uma unidade, refletindo a paternidade de Deus. Mas você já reparou como o famigerado “dia das mães”, sempre comemorado no DIA DO SENHOR, é mais importante e vende muito mais do que o dia dos pais? Já reparou no ditado que diz que “toda mãe deveria viver para sempre”? Mas e o pai?
  • É como se só as mães soubessem o que é bom para os filhos. NÃO: o pai também sabe o que é bom para os filhos. Aliás, vamos nos lembrar que a liderança do lar foi dada por Deus a ele. Então é o pai que tem a palavra final sobre o que é melhor para seus filhos, e das mãos dele, esta responsabilidade será cobrada.
  • É como se os filhos fossem apêndices das mães. NÃO: nossos filhos não fazem parte de nós! Aliás, esta é a primeira e mais representativa atitude tomada quando um bebê nasce! CORTAR O CORDÃO QUE O LIGA À MÃE! A mulher é uma só carne com uma pessoa só neste mundo todinho: SEU MARIDO! A mulher não é uma só carne com seus filhos. Filhos são herança do Senhor, que Deus nos confiou por um CURTO ESPAÇO DE TEMPO, para que o entreguemos ao seu cônjuge, com quem ele será uma só carne!
  • É como se, por causa das dores de parto que sentimos e por tê-los carregado por 9 meses, e termos tido trabalho para criá-los, ganhássemos um título de posse perpétua sobre nossos filhos. É como se eles se tornassem eternos devedores nossos. Quem já não presenciou uma mãe, com voz de choro, citando uma lista interminável de sacrifícios que já fez pelo filho, esperando, é claro, uma recompensa por isso? “Você sabe quantas noites eu fiquei sem dormir por sua causa? Quantas madrugadas eu passei no pronto-socorro? Quantas vezes eu deixei de comer para dar meu pedaço à você? Quantas viagens eu deixei de fazer para pagar sua escola?” É quase como se nossos filhos fossem obrigados a viver sob nossa sombra, reconhecendo diariamente através de palavras, presentes e amor incondicional devotado apenas a nós, que somos maravilhosas, que não há outra igual a nós e que eles não podem viver sem nós.

Toda esta gama de sentimentos e pensamentos nem sempre falados, mas muitas vezes sentidos, precisam ser analisados à luz da nossa única regra de fé e de prática. No próximo texto, veremos como todas estas ideias podem atrapalhar nossas vidas, e o que podemos fazer para fugir do estereótipo de sogras e noras inimigas, lutando pelo amor e reconhecimento do mesmo homem.

Continua…

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* Simone Quaresma é casada há 23 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Icaraí e da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (21 anos), Israel (19 anos), Davi (17 anos) e Júlia (15 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; é professora da classe de jovens e trabalha com a SAF da Igreja onde ele é pastor auxiliar.