Eu estava apressada quando uma amiga me enviou uma mensagem sobre suas queixas contra outra pessoa. Algumas visitas deveriam chegar dentro de uma hora e tudo parecia acontecer ao mesmo tempo. Entre combinar a mistura líquida para os bolinhos de milho e avisar ao meu marido o que ele precisava comprar pra mim na loja, eu enviei algumas duras verdades para minha amiga, em resposta à sua mensagem.

Então, com mãos sujas, eu enviei essa minha resposta a três outras pessoas que estavam cientes da situação e que também oravam por ela. Eu escrevi, “acabei de mandar isso para nossa amiga. Por favor, orem. O coração dela é muito duro”.

Só que acidentalmente incluí minha amiga na mensagem de grupo. Que encrenca.

Sim, minha preocupação com ela estava aumentando, mas depois desse incidente, percebi que teria sido melhor se houvesse compartilhado essa preocupação apenas com ela e com Deus. Em vez disso, eu a magoei profundamente. Onde eu errei?

A. Eu estava apressada. Provérbios 19:2 deixa claro, “não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado”.
B. Eu assumi o papel de salvador, que pertence apenas a Deus. Teria sido bem melhor ter simplesmente orado pela minha amiga, “e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2 Crônicas 20:12).
C. Eu repassei uma mensagem, que fedia a fofoca. Paulo nos alerta sobre aqueles que “aprendem a ser… Tagarelas e intrigantes, falando o que não devem” (2 Timóteo 5:13).
D. Eu compartilhei um pedido de oração de outra pessoa sem a sua permissão. Como Provérbios 25:9 afirma, “pleiteia a tua causa diretamente com o teu próximo e não descubras o segredo de outrem”.

TRÊS RESOLUÇÕES PARA SE TORNAR UM AMIGO MAIS CONFIANTE

Enquanto pedia a Deus para que mudasse meu coração e me tornasse mais confiável, eu tracei alguns limites.

1. Decidi não compartilhar pedidos de oração de ninguém a não ser que eu tenha pedido explicitamente por sua permissão.
Provérbios 11:13 diz, “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre.”
Uma pessoa que revela o segredo de outra é uma mexeriqueira, conforme a Bíblia. A versão da Bíblia King James chama a pessoa de “fofoqueira”. Nós provavelmente não vemos pedidos de oração como fofocas, mas quando deixamos de citar o “por favor, orem por isso e isso”, pareceria diferente de uma fofoca? Não devemos usar a oração como forma de fofocar.

2. Resolvi não repassar outras mensagens endereçadas a mim (ou minhas respostas) sem permissão.
É muito fácil, no nosso mundo conectado, compartilhar as lutas de alguém com outras pessoas. Frequentemente parece necessário, já que acreditamos no poder da oração. Quanto mais pessoas orando, melhor, não?
Mas talvez não seja esse o caso. Talvez, só talvez, você e eu estamos usando a oração como um disfarce para a fofoca, o medo, a frustração e o apoio.

3. Resolvi esperar para dividir uma verdade dura com outras pessoas apenas quando puder falar pessoalmente ou ao telefone.
Isso requer abrandamento. Exige não se apavorar no momento e pensar que a resolução do problema depende de você e de você somente. Requer coragem para conduzir um problema sem uma proteção eletrônica entre as pessoas. E também requer clamar em profunda dependência àquele que é o único Salvador, ao invés de tentar fazer o trabalho dele por ele, como se Deus estivesse de férias.

SEIS QUESTÕS A SEREM FEITAS PARA PREVENIR A FOFOCA SUTIL

E se nos perguntássemos as seguintes questões antes de compartilhar os problemas de outras pessoas?

1. O meu amigo me deu permissão para compartilhar esse pedido de oração com outras pessoas? Eu estou considerando o meu amigo antes de mim mesmo? (Filipenses 2:3)
2. Quanto tempo passou entre eu saber do problema dessa pessoa e compartilhar com outras? Estou compartilhando impulsivamente?
3. Se não passou um bom período de tempo, estou compartilhando isso com pânico? Estou confiando no Senhor para agir (Salvos 37:5) ou estou confiando em mim mesma como salvadora?
4. Eu orei seriamente sobre essa questão antes de me achegar a outras pessoas? Eu me ajoelhei em oração? Por quanto tempo eu orei?
5. Eu acredito que a oração fervorosa de um único justo é eficaz (Tiago 5:16)? Ou eu penso que minhas orações não são suficientes para mover o coração de Deus?
6. Eu me sentiria envergonhada em algum momento, por ter enviado esse texto ou e-mail? (Se sim, então provavelmente não deveria manda-lo).

É PRECISO MAIS DO QUE BOAS INTENÇÕES

Eu sei que é fácil pensar que nossas intenções são boas. Eu pensei assim originalmente também. Mas talvez devêssemos desconfiar um pouco mais das nossas intenções. Mesmo que a base das nossas intenções seja boa, devemos sempre estar vigilantes no que diz respeito a motivações mistas. O amor pode muitas vezes vir colado a um desejo pecaminoso de saber da vida dos outros, de estar “a par” ou sentir-se envaidecido por nossas vidas não estarem tão bagunçadas.

No meu caso, independente dos meus motivos originais, eu quebrei a confiança e, nesse momento, a única resposta que cabia para mim era a de arrependimento.

Então foi isso o que eu fiz. Naquela noite, depois que nossas visitas foram embora, liguei para minha amiga e deixei uma mensagem de voz, pedindo perdão. Dei a ela a liberdade de me ligar quando estivesse preparada para falar. No tempo devido, ela graciosamente me perdoou, mas por causa da confiança que eu quebrei ao compartilhar aquilo que não era meu, levará tempo para que ela consiga me olhar como a amiga plenamente confiável que eu desejo ser, com a ajuda de Deus.

E quanto a você? Você vai lutar para amar mais a fidelidade do que o prazer da fofoca? Você se juntará a mim, decidindo ser cuidadosa antes de compartilhar a vida dos outros?
Esforcemo-nos para sermos como as mulheres recomendadas em I Timóteo 3:11: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”.
Afinal de contas, nós servimos e representamos o amigo mais confiável e fiel de todos.

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Esse artigo foi publicado www.reviveourhearts.com/true-woman, traduzido mediante permissão. Adaptado de “Seis Perguntas para Diagnosticar a Fofoca Sutil”, originalmente publicado em desiringgod.org.
**Paula é escritora e gerente editorial do Revive Our Hearts.  Ela e seu marido, Trevor, vivem em New York.

***Tradução: Sara Mendonça