faxinaQuando eu estava aprendendo a dirigir, meu pai costumava dizer para mim: “Você que dirige o carro. Não deixe o carro dirigir você”. Ele sempre dizia isso quando eu ia muito rápido ou começava a perder o controle. Pensei muito nessa expressão na semana passada. Ela foi uma daquelas semanas de vírus-no-estômago em que fiquei acordada a noite inteira com os filhos vomitando. Adicione o caos de uma casa em reforma com uma gravidez de 32 semanas na mistura e me restava uma simples escolha – ou eu escapava para o Starbucks no momento em que meu marido chegasse em casa ou arriscava uma combustão interna. “Em outras palavras”, eu expliquei para Clint numa tarde, “esse copo de café – e, mais importante, o silêncio do ambiente ao redor dele – é uma questão de vida ou morte”. Ele me deixou ir.

No momento em que o cheiro do café macchiato se espalhou no ar, minha mente começou a clarear. Eu pensei em tudo aquilo de que estava “escapando” – cinco pilhas de roupas pós-vomito esperando para serem dobradas (por três dias agora já), uma briga insignificante sem fim sobre uma boneca Elsa que eu pagaria 1000 dólares para se multiplicar em duas, brinquedos suficientes na sala-de-estar para eu começar meu próprio negócio, migalhas suficientes no carpete para alimentar um ninho inteiro de ratos…

Minha Casa, Meu… Ídolo?
“Você administra a casa. Não deixe a casa administrar você”. Hmmm… De repente, eu tinha 15 anos de novo e estava tentando dirigir um carro completamente fora de controle. É tão irônico que uma coisa tão digna como o chamado para administrar a casa pode se tornar uma das maiores fonte de idolatria e pecado na minha vida. Foi desse jeito para mim por muito tempo. Eu sou o tipo de pessoa que prefere limpar a casa toda e correr para pegar as crianças da escola parecendo alguém que acabou de escapar de um campo de refúgio do que arriscar retornar para uma casa que parece um campo de refúgio. É uma coisa minha – o ídolo para qual sempre sou atraída. E você quer saber a verdade? Sem dúvida não tem nada a ver com a casa.

Quando tudo ao meu redor está limpo e organizado, eu sinto como se meu coração estivesse limpo e organizado. Eu sinto como se estivesse no controle. Como se fosse bem-sucedida. E é isso o que me move. É essa sensação (ilusão, na verdade) de parecer Deus, de que eu posso controlar as bagunças do meu coração controlando as bagunças da minha casa. Mas como todo frenético por limpeza sabe, isso é passageiro como uma bancada limpa. E aqui está a parte realmente irônica: todo esse tempo em que fico desfilando por aí como uma deusa no controle do próprio universo, é a casa, na verdade, que está me controlando. Está governando minhas emoções e reações. Ditando minhas escolhas e atitudes. Ela não é minha serva; é a minha dona. Por que mais eu sentiria a necessidade de escapar dela?

E isso tampouco é limitado a coisas de limpeza apenas. Como estou me preparando para ter outro bebê, meus instintos de “preparar o ninho” estão bem ativos, então fico oscilando entre amostras de tinta e catálogos das lojas de móveis. É tão ruim assim eu querer que minha casa fique bonita?

Querer ter um lugar caloroso e convidativo (e que talvez até cause um pouco de inveja)? Ah, o exercício da ponderação! Como eu gostaria de poder colocar em ordem as atitudes do meu coração da mesma maneira que eu faço com os brinquedos das crianças:

Desejo de abençoar minha família com uma casa bonita? Fantástico, vamos manter isso.
Desejo egoísta de me fazer sentir bem? Eca, para o lixo!
Desejo de servir os outros? De aproveitar e acatar meu chamado como dona de casa? Maravilha, nós vamos manter esses também. Espírito competitivo e materialista, consumido por coisas terrenas? Para o lixo!

Mas as más motivações no meu coração não são como as cebolas que eu posso remover rapidamente do jantar do meu bebê. Elas são entrelaçadas lá no profundo como um vírus. O que eu preciso é do antídoto. Eu preciso da verdadeira resposta para para as ânsias e desejos do meu coração. Eu preciso lembrar que o desejo de “preparar um ninho” é, na verdade, um desejo de segurança e estabilidade. É o clamor do meu coração por um lugar de pertencimento.

Encontrando a Verdadeira Resposta
Dentro desse profundo sofrimento, Jesus oferece segurança, identidade e propósito. Ele olha para mim (e para você) e diz: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhoa luz” (2 Pe 2:9).

Ele olha para mim (e para você) esfregando o vômito do carpete às 2h da manhã, e Ele diz: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9).
Ele olha para mim (e para você) correndo entre a louça e as fraldas, idas e vindas de carro e catálogos, tentando seu melhor para ser apenas boa o suficiente, e Ele diz “Você foi crucificado comigo, e já não é você quem vive, mas eu vivo em você. Então viva essa vida na terra pela fé em mim, porque eu te amo e entreguei a mim mesmo por você” (Gl 2:20, parafraseado).

Segurança, identidade, propósito. Esperança, força, graça. Quão tolo é acreditar que nós podemos encontrar essas coisas numa lata de tinta ou num quarto de brinquedos organizado! Isso significa que nós vamos jogar a toalha e nos inscrever para uma aparição no “Acumuladores”? Não, por mais tentador que isso soe. Você e eu fomos chamados para uma corrida (Hb 12:1).

Essa corrida começou no momento em que nos rendemos a Cristo e irá culminar no dia em que cruzarmos a linha de chegada, onde repousaremos em Seus braços. Nós devemos continuar correndo, mas tão importante quanto isso é nos perguntarmos por que estamos correndo. Nós estamos correndo para sermos aceitos ou por que já somos aceitos? Nós estamos correndo para o prêmio celestial ou para um terreno? Oh, quão trágico seria cruzar a linha de chegada com uma casa perfeita e uma uma vida inteira de uma corrida sem propósito (1 Co 9:24-27)!

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jeanne*Este post foi publicado originalmente no blog True Women, traduzido mediante autorização. Original em inglês aqui.

**Jeanne é esposa de pastor e mãe de três pequenas filhas. Ela também é autora do livro  Loving My Lot: A Young Mom’s Journey to Contentment.

*** Tradução: Rebeca Romero