*Fonte: Pinterest

Eu tenho propagandeado esse dia por semanas, dizendo coisas como “Você vai amar o jardim de infância, amigão”. Para impulsionar o grande evento, nós achamos a foto da senhora Platinga no anuário da escolar e entrevistamos Jonathan – nosso vizinho que teve a alegria de ser parte da sala da senhora Platinga. Ele revisou cuidadosamente a rotina da sala de aula (créditos ao Jonathan por isso) até que Cole sentiu certeza de que o dia 7 de Setembro seria o melhor dia de sua vida.

Conforme Cole abria a porta da escola, ele esboçava a mesma expressão que faz numa manhã de Natal quando corre pela sala em direção aos presentes. A diferença é que hoje não haveria corrida pela sala! Hoje ele seria um aluno do jardim de infância.
E foi isso. Seu primeiro dia.

Entramos na sala de aula, que estava toda movimentada com mães ajudando os filhos a tirar marcas de marca-texto e pedaços de cola da mochila e crianças posando para fotos em suas novas carteiras. Eu peguei minha câmera e fiz um panorama da sala, capturando os pôsteres de maçã e os gráficos de números, até que avistei a mulher do momento pelo visor.
“Ali está a professora do jardim de infância de Cole!”, eu disse para o microfone. Meu foco nela balançou conforme Cole puxava meu braço. “Mãe, não consigo achar meu lugar”. Desliguei a câmera e comecei a examinar os nomes etiquetados nas carteiras. Trevor, Carter, Cassidy…

Hmmm… isso não era bom. Dei uma batidinha no ombro do meu menino, tranqüilizando-o, e andei de mãos dadas com ele em direção à maior conhecedora das coisas relacionadas ao jardim de infância. A senhora Platinga ouviu nosso problema e, então, verificou gentilmente sua lista enquanto Cole balançava sua mochila na minha perna.

“Hm…”, ela disse, com sua sobrancelha encurvando cada vez mais enquanto virava a página. Então, ela exclamou: “Oh, querido! Você está na aula da tarde!”.
O momento glorioso que eu estava propagandeando por semanas tinha agora se quebrado. Horrorizada, olhei para meu filho, cuja expressão de choque incrédulo logo mudou para ultraje. Um pequeno guincho escapou de sua boca ofegante, sinalizando um iminente colapso. Rapidamente eu me curvei e, com nervosismo, comecei a acariciar seu cabelo, sussurrando: “Está tudo bem, querido. A aula da tarde é tão boa quanto a da manhã! Nós voltaremos depois do almoço”.

Mas não. Não estava tudo bem. E Cole estava prestes a fazer todos nós saber disso. “Eu quero ir para o jardim de infância!”, ele gritou, fazendo a comoção da sala pausar imediatamente. Ai ai, menino. Só havia uma coisa que eu poderia fazer.

Comecei a arrastar com força em direção à porta meu menino de cinco anos, que estava gritando, chutando e implorando. Algumas mães sorriram, simpatizando comigo. Outras abaixaram sua cabeça num movimento de vergonha empática. Uma mulher olhou com claro desgosto.

“Eu quero ir para o jardim de infância”. Os lamentos agonizantes de Cole, enquanto eu o arrastava centímetro por centímetro para fora do prédio, podiam ser ouvidos por todo o corredor até as classes da 5ª série.

Uma Mãe Inadequada
Como pude cometer tamanho erro? Provavelmente eu estava num frenesi – tentando fazer o jantar, alimentando o bebê e respondendo perguntas – no dia em que abri o e-mail e li errado a frase “Jardim de Infância P.M.” (em vez de “A.M.” como foi solicitado), colocada com clareza no topo da página.
Não era a primeira vez que eu tinha esquecido um detalhe ou confundido uma informação. Não era mesmo. Eu tinha brincado várias vezes sobre ser uma “mãe tão ruim”. Dessa vez, porém, eu senti isso ser muito, mas muito verdade.

Eu só pude imaginar o que a professora do meu filho estava pensando sobre o menino de sua aula de tarde que apareceu para atrapalhar sua aula da manhã. E eu nem queria saber o que as outras mães estavam pensando.
Parece que eu sempre tenho essa voz na minha cabeça, cutucando: “Está tudo em suas mãos. Você é a mãe. Você tem que fazer tudo dar certo”. Mas e quando eu faço tudo dar errado? Aqui, no pontapé inicial da educação formal de meu filho, ele falha miseravelmente – tudo por minha causa.

O medo tomou conta do meu coração. Será que meu jeito disparatado iria dificultar a vida do meu filho? Será que minha negligência o atrasaria? Parecia que todo o sistema educacional estava sacudindo a cabeça, dizendo: “Que vergonha. Quem dera ele não tivesse uma mãe tão inadequada”.

Arriscado e Insensato
Na próxima semana, Cole vai começar o último ano do ensino médio. Bem que eu gostaria de dizer a vocês como meus medos eram completamente injustificados. Na verdade, alguns de meus outros erros maternais fizeram a gafe do jardim de infância parecer inofensiva. Eu causei incêndios e acidentes de carros. Eu corrigi demais e, outras vezes, corrigi de menos. Em alguns momentos cedi muito cedo; em outros, bati muito meu pé.
Porém, em tudo isso, Deus permitiu que a seguinte verdade crescesse em meu coração: Depositar minha confiança em mim mesma é arriscado e insensato. Depositar minha confiança Nele é sábio.

Provérbios 14:12 diz: “ Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte”.
Como mãe, muitas vezes sinto que sei qual é caminho certo. Sou convencida de que posso fazer tudo suceder. Tenho uma forte necessidade de cercar meus filhos no caminho que tenho certeza que levará a um final feliz.
Mas, então, há esses momentos em que se torna rapidamente claro que eu não tenho o que é preciso e que eu não posso fazer tudo dar certo. Eu detesto esses momentos. Ainda assim, eles oferecem uma linda perspectiva do Senhor.

Aquela voz dizendo: “Está tudo em suas mãos!” não é de Deus e nunca foi. Essa é a voz do meu coração pecaminoso, desejando por autonomia em vez de dependência, querendo controlar em vez de se render e ansiando escrever sua própria história em vez de ser parte da história de Deus.

Princípios do Jardim de Infância
Naquele primeiro dia do jardim de infância, Deus tinha uma lição para mim. Dali até a formatura da escola, Deus me pressionou a depositar minha esperança e confiança Nele somente e em nada mais – especialmente em mim mesma.

Leia Provérbios 14:26-27 (com uma adição enfática para mães):
“No temor do SENHOR, tem o homem [substitua por “mãe”] forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos. O temor do SENHOR é fonte de vida para evitar os laços da morte”.

Temer a Deus significa reconhecer humildemente o quanto preciso Dele. Significa orientar minha vida em torno Dele. Significa aceitar que Ele é a fonte de vida sem a qual não consigo viver. Depositar minha confiança em mim mesma é oposto disso. É como caminhar no deserto sem levar água – uma armadilha que leva à morte.

Confiar em mim mesma para ser tudo o que meus filhos precisam não concede vida nem a mim nem a eles. Antes, é como se eu depositasse minha esperança numa miragem que sempre promete demais e acaba desapontando. Como mãe, eu posso e irei falhar com meus filhos. Eu vou cometer erros, vou colocá-los em desvantagem e vou decepcioná-los. Porém, quando deposito minha confiança em Deus e fio-me Nele, eu treino meus filhos a fazerem o mesmo. Mesmo quando eu falho em colocar na mala tudo o que meus filhos precisam para a caminhada de suas vidas, eu não me desespero, porque estou mostrando-lhes como eles podem ir por conta própria ao encontro do Refúgio, que é sempre transbordante de vida.

Deus nunca desapontará meus filhos. Ele é uma fonte constante e efervescente de descanso, alegria e esperança para eles, não importa que dificuldades ou decepções eles enfrentem. Deus sempre será suficiente.

Libertos da Confiança Própria
Quando entramos no carro naquele primeiro dia do jardim de infância, eu comecei a chorar assim que Cole parou. Enquanto colocava o cinto nele, disse: “Cole, sinto muito mesmo! Mamãe errou feio sobre o jardim de infância”. Olhei para aqueles lindos olhos azuis e segurei suas pequenas bochechas em minhas mãos, lamentando sobre todo o problema que eu havia criado.

Mas Cole disse: “Está tudo bem, mamãe”. E realmente estava. Oramos juntos e, depois, aproveitamos uma manhã de sol no parque, além de almoçarmos no seu lugar favorito. Quando voltamos novamente para o jardim de infância, ele se recuperou e deu um belo sorriso quando achou a etiqueta com seu nome.
Ah, que liberdade em reconhecer que eu nunca serei tudo o que meus filhos precisam, mas que Deus sempre será!

Conforme meu filho se aproxima da vida adulta, ainda sou tentada a depositar minha confiança em meus próprios planos, perspectivas e esperanças para o futuro – e é aí que me desespero quando falho como mãe. Por isso é de grande ajuda revisar a lição que Deus tinha para mim no primeiro dia do jardim de infância.
Não está tudo em minhas mãos. Minha confiança não está em mim mesma. Meu papel como mãe é conduzir meus filhos para seu próprio refúgio de vida: Jesus Cristo. Ele é Aquele de quem meus filhos precisam, e somente Nele tenho uma confiança forte e perene.

Por acaso você luta com um sentimento de inadequação, seja como mãe, seja desempenhando outro papel? Por qual situação ou pessoa que você vem desejado ter autonomia e controle, dizendo: “Está tudo em minhas mãos”? Passe um tempo se arrependendo de seu pecado de confiança própria e meditando em Provérbios 16.1-9. Convide Deus para ser aquele em quem você deposita sua confiança.
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Esse artigo foi publicado www.reviveourhearts.com/true-woman, traduzido mediante permissão.
**Shannon Popkin é uma palestrante e escritora de Grand Rapids, MI, que gosta de misturar seu amor pelo humor e por contar histórias com sua paixão pela Palavra de Deus. O primeiro livro de Shannon, “Control Girl: Lessons on Surrendering Your Burden of Control From 7 Women of the Bible” [Garota Controladora: Lições sobre Entregar o Seu Fardo de Controle a partir de 7 Mulheres da Bíblia] será lançado em Janeiro de 2017. Shannon é feliz em compartilhar sua vida com Ken, que a faz rir todos os dias. Juntos, eles vivem a vida agitada de serem pais de três adolescentes.

*** Tradução : Rebeca Romero