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O papel do Culto doméstico na preparação para o Culto Público

“Um lar sem culto doméstico não tem alicerce nem teto.” J. M. Mason.

Para desgraça da nossa geração, a prática diária do culto doméstico tem sido esquecida. Deuteronômios 6 e Salmos 78, no entanto, nos fazem entender que os pais têm a responsabilidade de ensinar toda a Lei de Deus a seus filhos. É certo que fazemos isso ao longo do dia, em cada pequena oportunidade e também no exercício da disciplina bíblica. Mas o ensino formal não pode de forma alguma ser desprezado. Aquele momento em que o sacerdote do lar, o chefe da família, reúne todos em volta das Santas Escrituras para cultuar a Deus é uma hora singular na vida da família. A leitura regular da Bíblia, as orações e os louvores entoados em família mostram desde muito cedo às crianças que nossas famílias são diferentes das outras. Que a cada dia, aconteça o que acontecer, tudo deve parar num determinado horário, para que toda a família se prostre em adoração a Deus. Nossos pequenos precisam aprender que a vida de nossa família gira em torno de um triplo acesso a Deus que consiste do culto privado, do culto familiar e do Culto Público.

É no culto familiar que teremos a oportunidade de ensinar nossas crianças numa linguagem adequada à sua idade. É no culto familiar que mostraremos a eles a importância do Dia do Senhor. É no culto familiar que os ensinaremos a manusear a Bíblia, a ficar quietos e de olhos fechados durante a oração. É no culto familiar que os ensinamos a se comportar na igreja. Crianças que não têm este hábito, certamente terão, além de outros prejuízos, maior dificuldade em participar do Culto Público.

A importância da preparação para o Dia do Senhor

O Puritano George Swinnock declarou: “Se quiseres deixar teu coração com Deus, no sábado à noite, então poderás achá-lo com Ele, na manhã do Dia do Senhor.” A ideia expressa aqui resume o pensamento Puritano de que a batalha pelo domingo seria perdida ou ganha na noite de sábado! A preocupação de nossos pais Puritanos era de que nossa semana fosse cuidadosamente ordenada a fim de que o Dia do Senhor fosse plenamente gozado, sem preocupações com afazeres cotidianos e sem cansaço. De que forma a sua semana e principalmente o seu sábado tem sido ordenado para o benefício de sua alma e da alma de sua família no Dia do Senhor? Como você tem se preparado e preparado os seus para o dia mais esperado da semana, o Dia da Feira da Alma? Pode parecer exagero, mas se não cuidarmos dos nossos afazeres e não medirmos as atividades semanais e principalmente as de sábado, corremos o risco de chegarmos ao Dia do Senhor tão moídas e tão cansadas, que este deixa de ser um Dia deleitoso. Se é assim conosco, que somos adultas, imagine com nossas crianças.

É imperativo que nos preocupemos com o estado de seus corpinhos! Exagerar nas atividades de sábado, não deixá-los dormir depois do almoço ou fazê-los dormir mais tarde do que de costume, pode gerar uma criança chorona, irritadiça e mal humorada. Se isso acontecer, certamente você terá mais dificuldade de mantê-la no culto. Cada criança é de um jeito e tem suas necessidades de sono e alimentação. Procure conhecer os pontos vulneráveis de seus pequenos, para com isso dar a eles plena possibilidade de te obedecer de bom grado. Se ele costuma dormir à tarde, por exemplo, não abra mão disso no domingo. Um soninho bem dormido garantirá que ele permaneça acordado durante o culto vespertino sem ficar enjoadinho.

Ordene sua manhã de domingo

A forma como nós preparamos as crianças para irem à presença de Deus é muito importante! Organize-se para que na manhã de domingo as coisas não precisem ser feitas de supetão. Normalmente as crianças não reagem bem a correrias e atropelos. Um dia destes eu estava hospedada na casa de uma família de amigos que tem três crianças pequenas em casa. Na manhã de domingo, pude observar que a mãe as acordou cerca de duas horas antes do culto matutino, cantando alegremente e anunciando ao entrar no quarto: “Bom dia meninas! Sabem que dia é hoje? O Dia do Senhor!! Acordem queridas, este é um Dia especial!” Na voz daquela doce mãe havia alegria e expectativa quanto àquele Dia. O acordar sem pressa, e o café da manhã em família as preparou para o Culto que começaria em breve. Percebi também que a mãe não deixou que as crianças se alimentassem como queriam, mas disse a elas que o café da manhã deveria ser reforçado, pois elas passariam muito tempo fora de casa. Acordar com tempo, comer bem, lembrar às crianças da importância do Dia, tudo isso fez com que aquelas pequenas meninas se sentissem preparadas para adorar ao Senhor. Outra coisa que devemos evitar neste Dia é nos atrasar. Deveríamos nos organizar de uma forma que toda a afobação e correria não consumissem nossas forças e nossa paciência. Se conseguirmos chegar com antecedência na igreja, manteremos nossas crianças calmas, poderemos levá-las para beber água, levá-las ao banheiro e adentrar as portas da igreja ainda em tempo de alguns lembretes nos seus ouvidinhos!  

O culto propriamente dito

Como já vimos, o Culto Solene é um momento de total reverência e quietude. Toda a atenção deve estar voltada para o púlpito. Dali Deus fala com o seu povo. Devemos estar conscientes que qualquer movimentação ou barulho, além de quebrar a solenidade do momento, atrapalha os irmãos ao nosso redor e pior, desconcentra os Ministros. Acredite, esta é uma luta que todo pastor tem: manter uma linha de raciocínio para expor a Palavra de Deus, enquanto há burburinho na Congregação. As mães de crianças pequenas, então, devem estar cientes de que ali é um lugar e uma ocasião especiais, que requererá delas um maior empenho para controlar seus pequenos. Por outro lado, os pastores e a congregação precisam ter paciência com os pequenos que estão em treinamento.

Algumas pessoas, ao ouvirem o menor resmungo de um bebê, já se viram para trás de cara feia, sem a menor compaixão pela situação que aquela mãe possa estar vivenciando no momento. Cada idade apresenta suas particularidades e suas dificuldades. Gostaria, então, de falar um pouco sobre a primeira infância, que é o período mais crítico. Estaremos aí, treinando e orientando nossos infantes para que se beneficiem do Culto, o respeitem e tenham prazer nele por toda a vida!

Os bebês

Algumas igrejas possuem berçários. Se o berçário, no entanto, é um lugar para as mães ficarem batendo papo e os bebês dormindo ou brincando, seu objetivo foi frustrado. O objetivo de todo berçário nas igrejas, deveria ser servir de apoio para uma mamada, troca de fraldas ou para acalmar uma criança aos prantos. Em algumas igrejas que conheço, eles são construídos no fim do salão de culto, com um vidro à prova de som, de forma que as mães vejam o culto pelo vidro, ouçam o pregador através de uma caixa de som, e assim, participem do culto. Este é o ideal! Um lugar não para os bebês brincarem e se relacionarem com outros bebês no momento do culto, mas um lugar de treinamento, onde as mães permaneçam fazendo o que têm de ser feito com seus bebês e ao mesmo tempo prestando culto a Deus sem atrapalhar a congregação. E mesmo nestas circunstâncias, o berçário deve ser usado apenas no período mais crítico e não deve ser prolongado além do estritamente necessário. Infelizmente a maioria das igrejas não possuem um berçário nestes moldes. Ou não têm berçários, ou estes são em salinhas lá atrás, onde as mães passam o culto todo contando as novidades da semana e as estripulias e descobertas de seus bebês… Se na sua igreja é assim, recuse-se a gastar o pouco tempo semanal que você tem para estar presente à Santa Convocação! Não vá para a salinha bater papo! Antes, comece desde cedo a ensinar seu bebê.

Sei que não é fácil. Enquanto meus filhos eram bebês, a igreja que freqüentávamos não tinha berçário nem dentro nem fora do salão de culto. Eu tinha que ficar lá dentro com eles. A igreja era extremamente reverente e o pastor não admitia conversas, movimentações e barulhos que atrapalhassem a boa ordem do culto. O que fazer nestes casos? Bem, meu marido e eu sempre nos assentávamos no último banco. Esta é a primeira providência a ser tomada por pais que têm crianças em fase de treinamento, principalmente se eles forem bebês. Sentada no último banco, eu podia me levantar ao menor resmungo do meu recém nascido, acalentá-lo ali mesmo e voltar a sentar. Se precisasse sair e entrar, não chamaria atenção e passaria despercebida. Algo que eu sempre tinha em mente era que, se precisasse sair, deveria voltar o mais rápido possível. Fazer apenas o estritamente necessário com o bebê e voltar ao culto.

Quando desde muito cedo um bebê chora, e nós vamos lá para fora brincar com ele, ele aprende que quando estiver chato lá dentro, ele pode chorar e ganhar passe livre para brincar e se distrair. Por isso eu sempre os acalmava de pé, atrás do último banco, ainda dentro da igreja. Se o choro começasse a incomodar, ia lá fora, o acalmava, dizia que agora era hora de parar o choro e voltava imediatamente, não importando quantas vezes eu teria que fazer isso. Desta forma, logo eles entenderam que não conseguiriam nos manipular com choramingos, que dentro da igreja era o lugar deles!

Na próxima semana falaremos sobre a terrível fase que dura até os três aninhos, dos quatro anos até a alfabetização e das crianças alfabetizadas e concluiremos com dicas de como a congregação pode ajudar as mamães e finalmente falaremos sobre o resultado de todo este investimento.

Até lá.

Continua…

2014-07-28

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simone* Simone Quaresma é casada há 24 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.

Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (22 anos), Israel (20 anos), Davi (18 anos) e Júlia (16 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.