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Eu menciono isso também brevemente, para guardá-lo contra o desânimo. Você possui uma clara promessa ao seu lado: “Treina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pr. 22:6). Pense no que consiste ter uma promessa como esta. As promessas eram a única lamparina de esperança que encorajava o coração dos patriarcas antes da Bíblia ser escrita. Enoque, Noé, Abraão, Isaque Jacó, José, – todos estes viveram com base em algumas promessas, e prosperaram em suas almas. As promessas são as bebidas medicinais que em todas as épocas, têm apoiado e fortalecido os crentes. Aquele que tem um simples texto ao seu lado, nunca precisará desanimar. Pais e mães, quando os seus corações estiverem desapontados e prestes a estancar, olhem paras as palavras deste texto e sejam confortados.

Pense em quem é que está nos prometendo. Esta não é palavra de homem, que pode mentir ou se arrepender; esta é palavra do Rei dos Reis, que nunca muda. Se Ele disse alguma coisa, Ele não a cumprirá? Ou se Ele falou algo, Ele não o fará para o bem? E nem é coisa alguma difícil demais para que Ele a execute. As coisas que são impossíveis para o homem, são possíveis para Deus. Leitor, se nós não recebermos os benefícios da promessa sobre a qual estamos dependendo, a culpa não está Nele, mas em nós mesmos.

Pense, também, no que essa promessa contém antes de se recusar a ser encorajado por ela. Ela fala de um certo momento em que o bom treinamento especialmente produzirá fruto – “quando [a criança] for velha”. Certamente, há conforto nisso. Você poderá até não ver com os seus próprios olhos o resultado de um treinamento cuidadoso, mas você não sabe que benditos frutos poderão brotar disso, até mesmo bem depois de você morrer. Não é o modo de Deus nos dar tudo de uma só vez. “O porvir” é muitas vezes o tempo que Ele escolhe para trabalhar tanto nas coisas da natureza, quanto nas coisas da graça. “O porvir” é a estação quando as aflições produzem o fruto pacífico da justiça (Heb. 12:11). O “porvir” foi o tempo em que o filho que havia se recusado a trabalhar na vinha do seu pai se arrependeu e retornou (Mt. 21:29). E o “porvir” é o tempo para o qual os pais devem olhar se eles não veem sucesso no seu próprio tempo. Você deve semear na esperança e plantar na esperança.

“Lança o teu pão sobre as águas”, diz o Espírito, “porque depois de muitos dias, o acharás.” (Ec. 11:1). Muitos filhos, eu não duvido, se levantarão no dia do juízo e bendirão aos seus pais pelo bom treinamento recebido, os quais nunca mostraram sinal algum de terem tirado proveito dele durante toda a vida dos seus pais. Siga avante, portanto, em fé, e esteja certo de que o seu labor não será totalmente desperdiçado. Por três vezes Elias teve de se reclinar sobre o filho da viúva antes que ele revivesse. Siga o seu exemplo, e persevere.

2014-09-23

 

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j-c-ryle-profile2* Esse artigo foi publicado em português originalmente no blog Maçãs de Ouro e re-publicado com autorização da tradutora. Trata-se da tradução de um capítulo do livro “Os Deveres do Pais”.  Observação: Esse livro foi publicado em português pela Editora Letras, porém esse texto não foi tirado da edição em português, é uma tradução independente.

** John Charles Ryle, comumente referido com J.C.Ryle foi um clérigo inglês, e o primeiro bispo da diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool. Ele foi espiritualmente despertado em 1838 enquanto ouvia a leitura de Efésios 2 na igreja e foi ordenado em Winchester em 1842. Ryle ficou muito conhecido por defender a doutrina evangélica da Igreja da Inglaterra contrária ao Anglo catolicismo, por meio de diversos tratados e livretos, chegando a ser reconhecido como um dos lideres da chamada “Baixa Igreja” da Inglaterra. Alem desses tratados, Ryle procurou sempre escrever material para que o povo pudesse compreender as doutrinas cristãs evangélicas, e escrever diversos livros práticos, como “Santidade” , e os “Comentários aos Evangelhos”.

*** Tradução:  Anna Layse Anglada Davis