The_Duties_of_Parents__85509_zoomClique AQUI para ver todos os posts dessa série. VII. Treine-os ao hábito da diligência e da regularidade no exercício dos meios de graça públicos. Fale aos seus filhos sobre o dever e o privilégio que temos de ir à casa do Senhor e de nos unirmos às orações da congregação. Diga a eles que onde quer que o povo do Senhor se reúne, ali está presente o próprio Senhor Jesus de uma maneira especial, e que aqueles que se ausentam desse lugar devem esperar, como aconteceu com o Apóstolo Thomas, perder uma grande bênção. Conte a eles sobre a importância de ouvir a Palavra de Deus pregada, já que ela é a ordenança divina para a conversão, santificação e edificação das almas dos homens. Fale a eles como o Apóstolo Paulo nos admoesta a que “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Heb. 10:25). Eu considero uma cena muito triste na igreja quando ninguém se dispõe a participar da ceia do Senhor senão as pessoas idosas, enquanto a maioria dos jovens se ausenta dela. Mas eu considero uma cena ainda mais triste quando eu não vejo praticamente criança alguma na igreja, senão aquelas que vieram para a Escola Dominical e são obrigadas a permanecer ali. Que nenhuma desta culpa repouse sobre a sua cabeça. Há muitos meninos e meninas em cada comunidade, além daqueles que vêm à escola, e vocês que são seus pais e amigos devem cuidar para que eles sejam levados à igreja juntamente com vocês. Não permita que eles cresçam com o hábito de inventar vãs desculpas para não virem à igreja. Faça com que eles compreendam claramente que enquanto estiverem debaixo do seu teto, a regra da casa é que todos aqueles com saúde devem atender a casa do Senhor no dia do Senhor, e que você considera aquele que não guarda o dia do Senhor como um assassino da sua própria alma. Certifique-se também, se assim for possível, de que os seus filhos compareçam à igreja juntamente com você e que sentem ao seu lado enquanto você estiver ali. Ir à igreja é uma coisa, mas se comportar corretamente na igreja é outra coisa bem diferente. E acredite em mim, não há melhor segurança para o bom comportamento dos seus filhos do que mantê-los debaixo dos seus próprios olhos. A mente das crianças é facilmente desviada e a sua atenção facilmente se perde, e você deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para combater isso. Eu não gosto de ver crianças sozinhas na igreja – elas normalmente se ajuntam com más companhias e aprendem mais mal no dia do Senhor do que no resto da semana. Outra coisa que eu não gosto de ver é um “cantinho de jovens” na igreja. Eles normalmente adquirem hábitos de falta de atenção e de irreverência ali que levarão anos para serem desaprendidos, se é que um dia eles os desaprenderão. O que eu me alegro em ver é uma família inteira sentada juntamente, jovens e velhos, lado a lado – homens, mulheres e crianças, servindo a Deus em família. Contudo, eu sei que muitos dizem ser inútil requerer que as crianças participem dos meios de graça, já que eles não os podem compreender. Eu os aconselho a nunca darem ouvidos a tal raciocínio. Eu não encontro doutrina alguma que justifique tal raciocínio no Antigo Testamento. Quando Moisés se encontrou perante faraó (Ex. 10: 9), eu vejo que ele diz: “havemos de ir com os nossos jovens, e com nossos velhos, e com os filhos e com as filhas… porque temos de celebrar festa ao Senhor”. Quando Josué leu a lei, eu devo observar, “palavra alguma houve de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse para toda a congregação de Israel, e para as mulheres, e os meninos, e os estrangeiros que andavam no meio deles”. “Três vezes no ano”, diz Ex. 34:23, “todo homem [incluindo mulheres e crianças] deve vir perante o Senhor Deus, o Deus de Israel”. E quando eu vou ao Novo Testamento, encontro menção de crianças participando em atos religiosos públicos também juntamente com os adultos. Quando o apóstolo Paulo estava deixando os discípulos em Tiro pela última vez, eu o encontro dizendo (Atos 21:5): “passados aqueles dias, tendo-nos retirado, prosseguimos viagem, acompanhados por todos, cada um com sua mulher e filhos, até fora da cidade; e ajoelhados na praia, oramos”. Samuel, nos dias da sua infância, parece ter ministrado ao Senhor alguma vez antes de realmente vir a conhecê-lO: “Porém Samuel ainda não conhecia o Senhor e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor.” (1 Sam. 3:7). Os próprios Apóstolos não parecem ter compreendido tudo o que o nosso Senhor disse na época em que foi dito: “Seus discípulos a princípio não compreenderam isto: quando porém, Jesus foi glorificado, então, eles se lembraram de que estas cousas estavam escritas a respeito dele” (João 12:16). Pais, confortem as suas mentes com estes exemplos. Não se desanimem ao ver que os seus filhos ainda não compreendem todo o valor dos meios de graça. Simplesmente treine-os a possuírem o hábito de praticá-los com regularidade. Faça com eles venham a enxergar tais práticas como um dever santo, elevado e solene; e creia em mim, logo chegará o dia quando eles provavelmente lhe bendirão por aquilo que você fez a eles. 2014-07-22

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j-c-ryle-profile2* Esse artigo foi publicado em português originalmente no blog Maçãs de Ouro e re-publicado com autorização da tradutora. Trata-se da tradução de um capítulo do livro “Os Deveres do Pais”. Observação: Esse livro foi publicado em português pela Editora Letras, porém esse texto não foi tirado da edição em português, é uma tradução independente.

** John Charles Ryle, comumente referido com J.C.Ryle foi um clérigo inglês, e o primeiro bispo da diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool. Ele foi espiritualmente despertado em 1838 enquanto ouvia a leitura de Efésios 2 na igreja e foi ordenado em Winchester em 1842. Ryle ficou muito conhecido por defender a doutrina evangélica da Igreja da Inglaterra contrária ao Anglo catolicismo, por meio de diversos tratados e livretos, chegando a ser reconhecido como um dos lideres da chamada “Baixa Igreja” da Inglaterra. Alem desses tratados, Ryle procurou sempre escrever material para que o povo pudesse compreender as doutrinas cristãs evangélicas, e escrever diversos livros práticos, como “Santidade” , e os “Comentários aos Evangelhos”.

*** Tradução: Anna Layse Anglada Davis