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IV. Treine os seus filhos sempre com a consciência de que o principal a ser levado em consideração é a alma deles.

Preciosos, sem dúvida, são estes pequeninos aos seus olhos. Contudo, se você os ama, pense continuamente nas suas almas. Nenhum interesse deveria pesar tanto aos seus olhos quanto os seus interesses eternos. Nenhuma parte deles deveria ser tão preciosa aos seus olhos quanto aquela parte que nunca morrerá. O mundo, com toda a sua glória, passará; os montes derreterão; os céus serão enrolados como um pergaminho; o sol cessará de dar o seu brilho. Mas o espírito que habita nessas pequenas criaturas, as quais você ama tanto, sobreviverá a tudo isso. No entanto, se ele sobreviverá em felicidade ou em miséria eterna, isso depende de você (humanamente falando).

Este é o pensamento que deveria vir em primeiro lugar na sua mente em tudo o que você faz pelos seus filhos. A cada passo que você toma com relação a eles, a cada plano, a cada método, e a cada arranjo que os envolve, não deixe de lado esta poderosa questão: “como isto afetará as suas almas?”

O amor à alma é a alma de todo amor. Acariciar, mimar e ceder a todos os desejos da sua criança, como se este mundo fosse tudo o que ela tivesse para almejar, e como se esta vida fosse a única época para a felicidade – fazer isso não é amor verdadeiro, e sim uma crueldade para com elas. É tratá-la como qualquer animal neste mundo, que não possui mais do que esta vida para aproveitar, e nada após a morte. É esconder dela esta grande verdade, a qual ela deve ser treinada a aprender desde a mais tenra infância – de que o fim principal desta vida é a salvação da sua alma.

Um verdadeiro cristão não deve ser escravo da moda, se é que ele deseja treinar os seus filhos para o céu. Ele não deve se contentar em fazer coisas meramente porque elas são o costume deste mundo; ele não deve se contentar em ensiná-los e instruí-los de certa maneira meramente porque todos fazem assim; ou em permitir que eles leiam livros de questionável classificação, meramente porque todo mundo os lê; ou em deixar que eles formem hábitos de tendência duvidosa, simplesmente porque eles são os hábitos da época, ou que estão na moda. O verdadeiro cristão deve treinar os seus filhos com os olhos fitos nas suas almas. Ele não deve sentir vergonha ao ouvir o seu treinamento sendo acusado de estranho e esquisito. E daí se ele realmente for estranho? O tempo é curto – a moda deste mundo passará. Aquele que tem treinado os seus filhos para o céu, e não para a terra; para Deus, e não para o homem, este é o pai que será chamado sábio afinal.

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j-c-ryle-profile2* Esse artigo foi publicado em português originalmente no blog Maçãs de Ouro e re-publicado com autorização da tradutora. Trata-se da tradução de um capítulo do livro “Os Deveres do Pais”.  Observação: Esse livro foi publicado em português pela Editora Letras, porém esse texto não foi tirado da edição em português, é uma tradução independente.

** John Charles Ryle, comumente referido com J.C.Ryle foi um clérigo inglês, e o primeiro bispo da diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool. Ele foi espiritualmente despertado em 1838 enquanto ouvia a leitura de Efésios 2 na igreja e foi ordenado em Winchester em 1842. Ryle ficou muito conhecido por defender a doutrina evangélica da Igreja da Inglaterra contrária ao Anglo catolicismo, por meio de diversos tratados e livretos, chegando a ser reconhecido como um dos lideres da chamada “Baixa Igreja” da Inglaterra. Alem desses tratados, Ryle procurou sempre escrever material para que o povo pudesse compreender as doutrinas cristãs evangélicas, e escrever diversos livros práticos, como “Santidade” , e os “Comentários aos Evangelhos”.

*** Tradução:  Anna Layse Anglada Davis