“Portanto, sigamos as coisas que servem para a paz e as que contribuem para a edificação mútua.” (Romanos 14.19)

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“Pastor, o sr. sabe o que ele fez comigo?!”

“Pastor, eu não sei se terei paciência com ele da próxima vez!”

“Pastor, se ela estiver no grupo de música, não conte comigo!”

“Conflitos! Conflitos! Conflitos! Eu odeio ter que lidar com conflitos na Igreja!” – disse um velho pastor. Se existe algo que o pastor deve tomar como certo, ao sair de um seminário, é o fato de que irá lidar com muitos conflitos na igreja.

Conflitos, no âmbito da Igreja, são bem mais comuns do que muitos de nós gostaríamos de admitir. Entretanto, admiti-los como algo concreto será benéfico não só para o ministério, mas também para a vida de nossas ovelhas. Uma igreja saudável não é aquela que está isenta de problemas nos relacionamentos, mas aquela que sabe lidar com seus problemas à luz das Escrituras. Ernst Werner Janzen afirma que “a saúde de uma igreja não pode ser medida pela ausência de conflitos. Uma igreja saudável é aquela que aprendeu a lidar com conflitos quando eles se apresentam”.

Como pastores do rebanho que Deus nos confiou, devemos ensinar nossas ovelhas a lidarem com conflitos à medida em que exercemos o pastorado. Alfred Poirier afirma que:

Pastorear é pacificar. Pastorear é mediar. Tudo o que fazemos é pacificação, pois é isso que somos, agora, em Cristo, o Mediador. Pregar é pacificar. Orar é pacificar. Ministrar os sacramentos é pacificar. Liderar é pacificar. Disciplinar é pacificar. […] O que anunciamos é a grande história de intimidade, traição e restauração, cujo o personagem central proclamamos ser o único mediador entre Deus e os homens – o homem Jesus Cristo (1 Tm 2.5).

Em Cristo, podemos conduzir uma agenda de resolução de conflitos que faça jus às Escrituras. Em Cristo – aquele que veio para Mediar o conflito outrora existente entre nós e Deus – podemos ter esperança quando guerras e contendas são desencadeadas entre nossas ovelhas. O Príncipe da Paz, Cristo, que estabeleceu a paz entre nós e Deus, nos convoca para a nobre missão de sermos mediadores/pacificadores. Poirier, mais uma vez, nos é útil aqui:

Como pastores, não entramos no meio de uma briga sozinhos, por nossa própria conta e risco. Nosso Deus vai à nossa frente. Ele nos equipou com sua Palavra e seu Espírito. E tudo isso repousa sobre a obra de Cristo, que veio, ressuscitou e agora reina. Agora ele media por meio de nós, pois nos encarregou da função de sermos pacificadores.

Precisamos das orações dos irmãos para que possamos exercer nossa missão de pacificadores em meio aos conflitos na esfera eclesial. Portanto, penso que os irmãos podem nos auxiliar orando pelos seguintes pontos:

Ore para que seu pastor seja apegado às Escrituras. Nossa concepção dos problemas, assim como a solução deles é, totalmente, dependente daquilo que a Escritura nos diz. Precisamos nos apegar, cada vez mais, às concepções formuladas pela Palavra de Deus, ao passo que devemos nos afastar dos conceitos mundanos de conflitos que rivalizam com aquilo que Deus nos mostra em Sua Palavra. Heath Lambert afirma que “não há solução para o nosso problema e nenhum outro processo de mudança além daquele que Deus proveu”.

Ore para que seu pastor seja hábil interprete das Escrituras e de pessoas. É necessário entendermos, conforme nos ensina o Dr. Wadislau Gomes, que “é preciso que o pastor seja hábil intérprete da Palavra e hábil interprete de pessoas”. Em momentos de conflito, pastores precisam estar cientes a respeito do posicionamento que eles devem ter a partir das Escrituras, assim como das atitudes e motivações esboçadas pelas pessoas envolvidas no conflito.

Ore para que seu pastor seja um pacificador dos conflitos de sua própria casa. Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: “e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)”. Não raro nos deparamos com pastores que são, absolutamente, indiferentes aos conflitos que ocorrem entre os membros de suas próprias famílias. Caminham no ministério ignorando seus relacionamentos na esfera familiar e acabam abrindo a porta para que suas famílias sejam motivo de péssimo testemunho entre os irmãos.

Que o bom Deus nos conduza de maneira que nossas ações sejam firmes, bíblicas e norteadas pelo desejo pungente de glorificar o Seu santo nome. Que os interesses do Senhor sejam postos na mesa em cada mediação de conflito levando os conflituosos a se renderem ao Redentor de suas almas.

Que Deus nos ajude!

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BIBLIOGRAFIA

GOMES, Wadislau Martins. Aconselhamento Redentivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

JANZEN, Ernst Werner. Conflitos na Igreja: Como sobreviver aos conflitos e desenvolver uma cultura de paz. Curitiba: Editora Esperança, 2013.

LAMBERT, Heath. Teologia do aconselhamento bíblico. Eusébio, CE: Peregrino, 2017.

POIRIER, Alfred. O pastor pacificador. São Paulo-SP: Ed. Vida Nova, 2016.

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Heliomar Dias está cursando o Magister Divinitatis (MDIV), com área de concentração em Estudos Pastorais e linha de pesquisa em Aconselhamento Bíblico, no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. É bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife-PE), e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo-SP). É pastor-efetivo na Igreja Presbiteriana do Abolição, em Mossoró-RN.