“Pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2Pe 1.3).

Busca pelo conhecimento sempre foi uma intenção humana. A história de todas as coisas começa com o relato de Deus revelando-se ao homem e este, desejou ter algum conhecimento à parte do Senhor.

Em nosso tempo, o conhecimento é buscado com variadas motivações, a saber: conhecer a si mesmo e, assim, solucionar angústias e dilemas; aquisição de certificados de conhecimento para progresso no trabalho, ou até mesmo para uma colocação de emprego.

A possibilidade de membros de igreja e pastores estarem envoltos nessa dinâmica mundana de busca pelo conhecimento é grande. Portanto, reflitamos sobre alguns aspectos bíblicos acerca do verdadeiro conhecimento.

No texto citado acima, o apóstolo Pedro define o conhecimento como um elemento concedido por Deus e que deve ser associado às virtudes dadas também por Ele, as quais juntas levam o crente ao crescimento espiritual e frutífero. Todas as coisas que produzem um conhecimento completo sobre Cristo e que levam a uma vida piedosa, foram doadas por Deus. Assim também, todas as promessas com o objetivo de tornar-nos coparticipantes da natureza divina e livres da corrupção do mundo. A vida cristã frutífera e piedosa depende do pleno conhecimento de Jesus Cristo.

Segundo Peter Jensen, “[…] o conhecimento relacional de Deus, é o fruto do evangelho, pois a revelação produz conhecimento, e o evangelho-revelação afirma produzir, acima de tudo, o conhecimento salvador de Deus. ‘E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste’ (Jo 17.3)”.[1]

Podemos relacionar as palavras de Pedro às que Paulo escreveu em sua carta aos filipenses, onde lemos: Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (Fp 3.8-11).

Ainda que tenhamos pastores cultos e sejamos uma igreja culta, não podemos nos esquecer de que o conhecimento de Deus é mais precioso do que todas as coisas, sendo o alvo de nossa vida, o alimento para nossa alma, o vigor para nossa fé, a fonte de toda a riqueza.

Temos plenas condições de servir a Deus de maneira digna porque ele nos deu acesso ao seu conhecimento, através da fé em Cristo Jesus. A partir disso, podemos crescer e crescer (Hb 5.11-14; 2Ts 2.13-15).

Uma vez que, com diligência, buscarmos o aumento dessas virtudes, confirmaremos nossa vocação e eleição; também evitaremos os tropeços, supriremos nossa entrada no reino eterno que já está garantida pelo Sangue de Cristo (2Pe 3.17).

Somos desafiados a buscar em Deus o aprimoramento necessário para uma vida frutífera diante dele.

O Senhor nos deu tudo aquilo de que precisamos para tornarmo-nos crentes mais fortes e que manifestam com clareza e eficácia as virtudes cristãs; seja para os de perto, isto é, os da família da fé, seja para os de longe.

Portanto, minha irmã leitora, ore por seu pastor para que:

  • Ele seja capacitado por Deus para conhecer sua Palavra, e conhecer as informações que circulam em nossos dias, com o objetivo de instruir o povo do Senhor, protegendo-o de enganos e alertando-o dos perigos ao seu redor. A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil (CI/IPB) também reconhece que o pastor deve ter conhecimento, tanto das Escrituras Sagradas quanto de questões gerais, conforme lemos a redação do Art.32: “O ministro, cujo cargo e exercício são os primeiros na Igreja, deve conhecer a Bíblia e sua teologia: ter cultura geral; ser apto para ensinar e são na fé; irrepreensível na vida; eficiente e zeloso no cumprimento dos seus deveres; ter vida piedosa e gozar de bom conceito, dentro e fora da Igreja”.[2] É importante que a igreja reconheça a necessidade de estudo contínuo que seu pastor tem, investindo nele e o liberando para realizar cursos sem, é claro, penalizar a ordem da igreja.
  • O conhecimento não se torne um ídolo que interfere na adoração a Deus, ou no pastoreio, nem o leve à soberba.
  • Ele seja humilde tanto no momento de transmitir conhecimento, quanto para reconhecer a necessidade de adquirir novo conteúdo.

[1] Jensen, P. (2006). A Revelação de Deus. (C. A. B. Marra, Org.) (1a edição, p. 65). Cambuci, SP: Editora Cultura Cristã.

[2] Manual presbiteriano / Igreja Presbiteriana do Brasil. São Paulo: Cultura Cristã, 2019, p. 46.

O Pastor Felipe Quirino, tem 33 anos, é casado com Marcele Quirino, pai de Danilo (9 anos) e Miguel (6 anos). É pastor auxiliar da Primeira Igreja Presbiteriana de Itajaí-SC, servindo na plantação da Igreja Presbiteriana de Balneário Camboriú. Formou-se em Teologia no Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (JMC) em São Paulo.