beautiful-oil-painting-by-andrei-belichenko (8)Tem havido muita conversa sobre a beleza por aqui ultimamente. Um amigo até rotulou a conversa como “ADB – A Discussão sobre Beleza”. Nós temos arrastado Agostinho, reformadores, puritanos, filósofos e os Mahaneys na discussão para nos ajudar e ajudar nossas filhas a pensarem sobre as mulheres e sobre a beleza como cristãs. Aqui estão cinco pontos:

A beleza física é tão real quanto à beleza espiritual. A nossa cultura diz às mulheres que a beleza física é tudo que importa. Alguns cristãos reagem a isso dizendo que a beleza espiritual é a única beleza real. Mas isso não é verdade; Deus criou o real, a beleza física, e neste mundo vemos muito disso, inclusive em outras pessoas. Algo puramente físico pode ser bonito (a flor, o pôr do sol, e o cabelo de Taylor Swift) e nós podemos ser gratos por isso. Há uma tensão entre a beleza física e a espiritual, enquanto nós nos esforçamos para manter o corpo e cultivar a alma, mas uma não é menos real do que a outra, embora uma seja menos valiosa do que a outra.

Beleza pode mentir. Embora este mundo esteja cheio de beleza física, não é a beleza que já foi uma vez. Deus criou a beleza, a bondade e a verdade para serem aspectos de uma mesma coisa (o refletir de Sua perfeição), mas em um mundo caído de Genesis 3 as três já não andam mais juntas o tempo todo. É por isso que você pode ter uma mulher bonita, sem discrição (Prov. 11:22) e uma mulher enrugada e fraca , porém cheia de bondade, compaixão e paciência. Beleza exterior nem sempre diz a verdade. George Eliot disse: “longos cílios escuros- o que pode ser mais requintado? Acho que é impossível não esperar alguma profundidade da alma por trás de um profundo olho cinza com longos cílios escuros, porém uma experiência me mostrou que eles podem ir junto com o engano, peculato e estupidez …. Em certa demora, alguém começa a suspeitar que não existe uma correlação direta entre cílios e moral … “. E é por isso que esta questão é tão complicada. O pecado cortou a beleza da verdade e do bem, Satanás distorce e abusa da beleza, e temos a tendência de olhar para o lado de fora (1 Sam 16: 7.), somos atraídos pela beleza, mesmo quando ela é divorciada ou está em oposição à bondade e verdade.

Nossas ideias de beleza são mais informadas pelos padrões culturais do que pensamos. Na Europa medieval, as mulheres arrancaram seus finos cabelos para darem-se testas altas. Belezas renascentistas foram muito acima do peso para os nossos padrões. Em outras culturas ao redor do mundo, pescoços longos, lábios esticados e cabeças raspadas desafiam as nossas ideias de beleza como meramente culturais e temporais e não atemporais e universais. Nós certamente temos dificuldade em pensar fora da nossa caixa cultural, mesmo quando temos de lidar com passagens da Escritura que exaltam os cabelos grisalhos como uma coisa boa.

Não somos lindas do jeito que somos. Há uma batalha acontecendo na cultura secular sobre beleza. Ambos os lados afirmam que a beleza é extraordinariamente importante. Um lado, no entanto, diz que tudo o que estamos fazendo não é suficiente: precisamos ser mais finas, ter o cabelo mais cheio, olhos maiores, as roupas mais caras e por aí vai, a fim de sermos realmente bonitas. Depois, há o outro lado (eu tenho certeza que você já viu os anúncios): toda mulher é bonita do jeito que ela é. Não é verdade. Qualquer um que pensa que elas são perfeitamente lindas apenas como elas são ou está na pré-escola ou tem problemas de percepção. É por isso que, quando você perguntar às mulheres o que não gosta em sua aparência, elas podem citar pelo menos algumas coisas. E elas podem estar certas: manchas e rugas e todas essas coisas são feias, não bonitas (Ef 5:27). Nós temos coisas erradas com a nossa aparência, tanto quanto temos coisas erradas com as nossas almas, e não há muito que possamos fazer sobre isso. Gênesis 3 não só nos fez pecadores: também nos fez feias, embora não tão feias como poderíamos ser, felizmente! Assim como no resto da criação, Deus preservou muita beleza em nós, embora todos nós saibamos que ficamos aquém do padrão estético, tal como fazemos moralmente.

Seremos bonitas. Exatamente onde a nossa cultura nos deixa pendurado (não estamos perfeitamente lindas e é uma batalha perdida) é o lugar onde as promessas da Palavra tornam-se especialmente claras. Nossos corpos estão definhando. Com o passar dos anos, eles estão ficando mais enrugados, flácidos, manchados, curvados e incolores. E enquanto uma mulher cristã cuida de seu corpo como um templo do Espírito (1 Cor 6, 19-20.), ela pode ser satisfeita e sensata durante este processo. Podemos real e verdadeiramente envelhecer graciosamente no sentido mais pleno, sabendo que este é o corpo físico temporário que um dia vai ser deixado de lado e depois receberemos de volta como um corpo espiritual perfeitamente refeito: forte, saudável e muito bonito.

Talvez três palavras devam moldar nossos pensamentos sobre a beleza: a mortalidade, a humildade e a fecundidade. Esses órgãos são temporários e há um limite do que podemos fazer para fortalecê-los enquanto nós os temos. Nós somos mortais: temos uma data de expiração da mesma forma como o leite na geladeira. A mortalidade deveria nos fazer humildes, não deveria? A pessoa de 20 anos mais linda deve se sentir sóbria quando se lembrar de que um dia seu belo rosto e corpo estarão em uma sepultura e as pessoas não vão querer vê-la. É aí que a fecundidade traz equilíbrio. Se estamos todos destinados à sepultura, o que vamos fazer com esses corpos que ocupam muito tempo e esforço? Frutificar. Sabemos que fruto estamos nutrindo: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Sabendo que somos mortais e que vamos morrer, devemos nos esforçar para sermos saudáveis e em bom condicionamento, não por causa da pressão cultural, mas porque somos capazes de servir aos outros. Admitindo-se que nossos corpos estão caídos, ainda abundamos de amor ao próximo. Podemos esconder as manchas e rugas com um pouco de maquiagem, demonstrando bondade para com as pessoas que têm de olhar para nós. E nós podemos usar o autocontrole e humildade ao nos vestir, ao fazer o cabelo e todo o resto, porque vamos ter de dar conta de como passamos cada minuto e cada dólar. Felizmente, é nessa segunda vinda que também receberemos não somente novos corpos, mas também mentes e almas perfeitamente capazes de usá-los da maneira que melhor traz glória a Deus. Vamos começar a praticar agora.

2014-10-15

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Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit” traduzido e re-publicado com permissão da autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”

** Tradução: Bruna Bugana