A quarta coisa principal que eu desejo imitar no exemplo da minha mãe é o altruísmo. A mortificação foi algo que ela demonstrou com filhos pequenos; depois, com uma casa cheia de adolescentes; agora, com os netos; e sempre com um marido ocupado.

Conforme eu crescia, isso me parecia tão normal, que eu nem sequer pensava a respeito. Mas a vida fora do lar e a formação de minha própria família me fez perceber o quanto minha mãe priorizou as necessidades daqueles ao seu redor, colocando a si mesma por último.

Ela deu educação formal em casa (homeschool) a seis filhos; eu nunca a ouvi dizer que estava cansada. Meu pai trabalhava 80 horas por semana; eu nunca a ouvi dizer que precisava de mais tempo com ele. Nós normalmente recebíamos pessoas muitas vezes por semana, frequentemente na hora das refeições; eu nunca a ouvi dizer que estava atarefada. Nós vivíamos em um grande par de propriedades que caiu sob os cuidados dela; eu nunca a ouvi dizer que desejava ajuda. Nós vivíamos com um orçamento restrito; eu nunca a ouvi mencionar quanto planejamento era necessário para alimentar e vestir a todos nós.

Encontros românticos com o meu pai eram raros, as férias eram atarefadas, a casa era cheia de pessoas e de livros, as passeios de compras incluíam todos os seus seis filhos e eram tão curtos quanto possível. Idas à “Starbucks” eram inexistentes.

Isto não é apenas contra-cultural, mas também vai contra a natureza humana. Mas, nós seis crescemos pensando que esta era a norma para o crente. Em uma cultura que me diz para cuidar de mim mesma, para “me dar tempo”, para ter certeza que minhas necessidades estão sendo satisfeitas, minha mãe se destaca como um exemplo do que o altruísmo significa. Deus capacitou-a a constantemente negar a si mesma, fazendo morrer o velho homem e servindo àqueles ao seu redor. Este é um enorme encorajamento para minhas próprias lutas com meu eu, visto que muitas vezes eu me sinto cansada (há alguma mãe no mundo que não se sente?), atarefada (você conhece alguém que acha que não é?), e eu estou precisando de umas férias (não é isso que as revistas de turismo querem que pensemos?).

Tirar umas férias, fazer uma pausa ocasional, e tirar uma soneca são coisas boas – necessárias! –, mas muitas vezes eu as vejo com se fossem direitos. Minha mãe me mostrou o que significa ser humildemente grata por uma noite inteira de repouso, ser agradavelmente surpreendida quando alguém se oferece para ajudar, e ansiar por servir a minha família nas férias. Ela nos ensinou que, uma vez que o que merecemos é o inferno, e que por causa do sacrifício de Cristo o que estamos recebendo é o céu, devemos nos render em grato serviço durante o nosso curto espaço de tempo neste mundo. Ela nos ensinou que o nosso descanso eterno está chegando, que o Senhor nos provê de tudo o que precisamos enquanto estamos aqui, por isso devemos “gastar e sermos gastos” em Seu serviço.

Ela me mostrou não somente o duro trabalho de alegremente morrer para si mesma; ela também permanece como um exemplo das bênçãos que vêm com a obediência a esse comando. Nós sabíamos, mesmo quando crianças muito pequenas, que ela nos daria qualquer coisa possível que ela pensasse ser para o nosso bem – seu sono, seu corpo, seus pensamentos, seus esforços, sua instrução, seus dias. Nós nunca pensamos que ela estivesse fazendo algo com más intenções ou que ela estivesse retendo algo de nós. Ela tem nossa total confiança e carinho para toda a vida. Ela tem isso do meu pai também. A primeira vez que li, “O coração do seu marido confia nela”, pensei, “Oh, eles devem ser como mamãe e papai”. Ela tem uma reputação de boas obras, tem mostrado hospitalidade, lavado os pés dos santos, cuidado dos aflitos, e se dedicado a toda boa obra (I Tm 5:10). Sua luta constante contra o pecado tem produzido o fruto pacífico da justiça.

Isso só pode ser verdade a respeito de alguém que está realmente morrendo para si mesmo. Isso é certamente algo que oro para que meus próprios filhos experimentem na medida em que o Senhor me capacita a levar a minha cruz e segui-Lo.

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Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit“, traduzido e re-publicado com permissão da autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”.

** Tradução: Arielle Pedrosa.