O terceiro motivo principal pelo qual sou grata ao exemplo de minha mãe é a sua atitude para com as coisas materiais – dinheiro, roupas, objetos. Sua dupla abordagem quanto a isso teve poderosas consequências espirituais.

Minha mãe cuidava das coisas que Deus havia dado a ela, e nos ensinou a fazer o mesmo. Ela usava o dinheiro sobriamente. Ela limpava a casa, lavava a roupa (trabalhando especialmente em limpar todas as manchas de grama e barro), espanava os porta-retratos, lustrava os móveis e, geralmente, cuidava muito bem de tudo. Ela nos ensinou que, uma vez que Deus nos havia dado esses bens, precisávamos não só cuidar deles e fazê-los durar, mas também usá-los de maneiras que abençoassem a outros. O orçamento financeiro existia para que pudéssemos dar dízimos e ofertas. A casa era limpa para criar um lugar agradável para a família e convidados. As roupas eram lavadas e cuidadas para que nós estivéssemos limpos e confortáveis e não parecêssemos meninos de rua. Os bens deveriam ser usados para o serviço. Usar o que tínhamos cuidadosamente, pois tudo era presente de Deus confiado a nós para abençoar outras pessoas, foi uma grande lição em si mesma.

Mas a segunda parte de seu exemplo foi ainda mais poderosa em uma sociedade materialista. Embora minha mãe cuidasse das coisas e as usasse apropriadamente, ela não as amava. Isto era claro de muitas maneiras. Embora nós fossemos ensinados a ser cuidadosos ao manejar as louças, ocasionalmente quebrávamos uma, e minha mãe nunca ficava com raiva, triste ou decepcionada. Certa vez, eu quebrei um bule antigo que ela amava, e lhe contei imediatamente. “É apenas um objeto”, respondeu ela. “Jogue fora e limpe o leite, querida”. Isso é o que ela sempre dizia, isso ou:  “Vai ser destruído pelo fogo de qualquer maneira”, referindo-se ao Julgamento. Nós estragamos muito mais do que louças, e ela sempre respondia da mesma maneira às inocentes destruições de pertences. Ela mostrava-nos contentamento absoluto com o que ela tinha, com o que ela não tinha, e quando o Senhor tirava o que ela tinha. Seja deixando uma grande casa para morar em uma pequena, gastando o dinheiro das compras no carro quebrado, ou recebendo um presente incrível e doando mais – tudo foi feito com a eternidade em vista.

Este exemplo me moldou incrivelmente. Em uma cultura tão obcecada com a obtenção de mais, eu assisti a décadas o que realmente significa estar contente, com a sobriedade que olha para Deus e para a eternidade a fim de manter o seu equilíbrio. Em um mundo que constantemente lança a luz das riquezas terrenas em minha face, minha mãe estava ali me ensinando a dizer “não” porque existe algo melhor. É assim que se ensinar seus filhos a ajuntar tesouros no Céu (Mt 6:20).

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Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit“, traduzido e re-publicado com permissão da autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”.

** Tradução: Arielle Pedrosa.