kid-computerFora ter quebrado meus dentes num cabo de hockey e aquela viagem de caminhada tipo super-molhada e porque-na-vida-vim-de-jeans pelo parque Gatineau ,é uma das minhas poucas memórias vívidas da oitava série: Jeremy era, assim como eu, novato na escola naquele ano. Jeremy, como todos os garotos da nossa idade, estava curioso sobre a anatomia feminina. Então ele fez uma coisa que sabia que não lhe traria problemas: Rindo pelo caminho, ele foi até onde estava o Dicionário Webster no final do quarto, procurou pela palavra vagina e finalmente resolveu um daqueles mistérios que o estavam deixando perplexo. Em retrospecto, eu acho que ele não o resolveu realmente, porque a definição do dicionário era indubitavelmente meio sem graça e técnica para a mente de uma criança de 13 anos.

Ela era correta e oficial mas provavelmente um tanto insatisfatória .Mesmo assim, ele ficou saciado por um tempo.

Talvez seus pais nunca tiveram aquela conversa com ele. Aquela conversa com ele. Os pais dele não estavam sozinhos em pular essa conversa. Alguns pais nunca conseguiam suportar fazê-lo. Alguns confiavam nos orientadores ou professores de saúde do ensino fundamental .Alguns, com o rosto corado, entregavam a seus filhos um livro e diziam: “Se você tiver alguma dúvida é só perguntar”. A curiosidade natural de Jeremy o levou a fazer uma pequena pesquisa e o recurso disponível mais rápido para ele foi o dicionário. Nenhum dano feito. Sua inocente pergunta encontrou uma inocente resposta.

Os tempos mudaram e ao mesmo tempo, muito pouco mudou. Nossas crianças continuam curiosas. Nossas crianças ainda têm perguntas que se sentem desconfortáveis para fazer a seus pais. Mas hoje nossas crianças têm uma maneira toda nova de achar respostas.
Atualmente treinamos nossas crianças desde pequenas que o Google é o lugar para ir atrás de respostas. De quem é o quarto rosto no monte Rushmore? Veja no Google! Que tipo de críticas têm recebido aquele filme novo? Veja no Google! Quando será lançado o próximo iPod? Veja no Google! Deveria me preocupar com aquela verruga nas minhas costas? Veja no Google!

Um dos fatos que aprendi desde que escrevi um livro sobre pornografia, e desde a oportunidade que tive de escrever artigos para vários sites e publicações, é que as crianças hoje em dia estão levando suas perguntas inocentes para o Google e, demasiadas vezes, recebendo respostas nada inocentes.

Garotas estão testificando que só queriam saber um pouco de anatomia humana – questões curiosas de toda jovem adolescente ou até pré-adolescente – e foram apresentadas às mais vulgares pornografias ou a convites para começarem a explorar seus próprios corpos. Onde na minha geração o dicionário era o melhor que você conseguiria, a geração digital está achando vídeos gráficos, pornográficos e de alta definição.

Essas pesquisas levaram a despertares sexuais e vícios sexuais os quais por vezes levam a uma profunda vergonha e um crescimento espiritual atrofiado. E o tempo todo essas garotas estavam simplesmente fazendo o que foi modelado para elas desde a mais tenra idade: levar suas perguntas ao Google.

Garotos têm falado praticamente o mesmo, que poucos deles propuseram-se a achar pornografia. Ela acabou acontecendo à medida que eles seguiram o caminho de sua curiosidade natural movida por seus hormônios. Perguntas inocentes foram respondidas por corações endurecidos e consciências pesadas. E se uma pergunta inocente pode tão rápida e facilmente levar a tamanha perversão, quanto mais perguntas inevitavelmente não inocentes a mente de um jovem irá criar?

Pais, o simples fato é que nossas crianças levam suas perguntas embaraçosas e vergonhosas para um lugar seguro. E hoje os lugares fundamentalmente seguros são o Google ou outro lugar da Internet. Nós temos tacitamente treinado eles para fazer isso, temos encorajado eles a fazer isso, e ainda estamos esquecidos disso quando a natureza dessas perguntas é anatômica ou sexual.

Os pornógrafos não estão esquecidos. Nem um pouco. Eles aprenderam que os jovens vão fazer essas perguntas e eles respondem construindo e posicionando suas páginas de modo que sejam as primeiras a respondê-los. Como o McDonald’s e a Pepsi, eles sabem que se eles conseguem conquistar as crianças quando ainda são jovens, eles terão consumidores para o resto da vida. Lealdade à marca e tudo o mais. Então eles estão felizes demais para dizer às suas crianças o que eles querem saber e mais muitos outros aléns.

Isso estabelece um desafio para os pais. Mais do que nunca, vocês precisam abrir os canais de comunicação com suas crianças para que eles saibam que vocês são mais seguros e sábios até do que os mecanismos de pesquisa. Mais do que nunca, vocês precisam perguntá-los e convidá-los a fazer perguntas a vocês. E durante todo o tempo, você deve simplesmente estar a par do que eles estão procurando e quais perguntas eles estão levando para o onisciente Google.

2015-05-13

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* Esse texto foi postado originalmente no www.challies.com Republicado mediante permissão.

** Tim Challies serve como pastor da  Grace Fellowship Church in Toronto, Ontario. Ele é casado com Aileen e pai de 3 filhos com idades entre 7 to 13 anos.

Tradução: Julie Lawley