Não existe no mundo empreendimento maior, tarefa mais árdua ou privilégio como este: conduzir os Filhos da Aliança a Deus. O Puritano Deodat Lawson dizia que “os filhos nascidos em nossas famílias são nascidos para Deus.” Antes de um casal pensar em ter filhos, deveria se perguntar seriamente se estão dispostos a embarcar nesta viagem sem volta, que demanda esforços monumentais, envolvimento absoluto, trabalho de tempo integral. Nenhuma outra carreira exige tanto empenho, tanta dedicação, tanta oração, tantas lágrimas; ao mesmo tempo não há nada mais maravilhoso neste mundo inteiro do que assistir a seus filhos crescerem como homens e mulheres que amam a Deus e vivem em busca de uma vida de santidade!

É um enorme desafio exercer o papel que Deus nos chamou para desempenhar no seio da família. A mulher precisa cuidar de si mesma e de sua vida com Deus, dar suporte ao marido, cuidar da casa e dos milhares de detalhes que isso envolve, tendo também sob seu encargo, juntamente com o marido, a educação dos filhos. Essa última atribuição, com certeza, requer atenção especial. Nossos filhos terão alguns poucos anos sob nossa responsabilidade, logo baterão asas para longe de nós. O tempo de plantar é curto e os resultados serão colhidos ao longo da vida toda. Por isso, o trabalho é urgente, diário e repetitivo.

Não é à toa que Moisés insiste com o povo para que guardem a lei de Deus e a ensinem cuidadosamente aos seus filhos: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e dela falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-se, e ao levantar-te.” (Deuteronômios 6:6 e 7) A pergunta que nos fazemos diante de todas as exigências que a Palavra de Deus nos traz é: como dar conta de nosso papel de mãe e esposa? A resposta é simples, e vem através de outra pergunta: qual é a prioridade da nossa vida? Toda mulher que deseja viver segundo a Palavra de Deus ordena deve sempre se fazer essa pergunta.

Em um mundo tão hedonista e egoísta, que cerca as mulheres de uma série de exigências para que elas se tornem ‘bem sucedidas’, precisamos sempre firmar nossos valores na Palavra de Deus e no que Ele espera de nós. O mundo prega que a mulher precisa ser magra, jovem, atraente, bem sucedida profissionalmente… Ela precisa também saber dirigir, mexer no computador, falar várias línguas, estar com as unhas sempre feitas, e não pode esquecer-se de cuidar da pele! Ufa!

Será que com uma agenda tão apertada daria tempo de se dedicar a ensinar um filho a amar ao Senhor? Será que, com tantas ‘demandas’, não precisaríamos nós mesmas estabelecer, de acordo com a Palavra, o que estaria em primeiro lugar nas nossas vidas? E não podemos nos enganar, em geral, dedicamos a maior parte do nosso tempo àquilo que é prioritário. Não adianta dizermos que nossos filhos ou nossos casamentos são prioridades se não dedicamos tempo, cuidado, atenção a eles. Criar uma Semente Santa demanda tempo. Precisamos olhar para cada um de nossos filhos como únicos, pessoas que possuem uma Alma Eterna, que são, por natureza, tendentes ao pecado: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”, Salmos 51:5.

Aquele doce bebezinho no berço, embora tão pequeno e frágil, já carrega dentro de si a desgraça do pecado de Adão, e é através da educação, do ensino e do trabalho dedicado dos pais, aliado, é claro, à boa mão de Deus sobre nossos esforços, que estes pequenos Filhos da Aliança conhecerão, amarão e servirão ao Deus de seus pais. Por este motivo, nosso papel de mãe é fundamental. O ensino, admoestação e disciplina foram as formas ordinárias que Deus estabeleceu na família para que estas pequenas joias sejam lapidadas.

O livro de Provérbios nos exorta frequentemente a cumprir nosso papel de educadores na vida de nossos filhos: “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar sua mãe” (29:15); “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” (23:13 e 14) . Que poder maravilhoso a disciplina Bíblica exerce sobre a alma de nossos pequenos! Que promessas consoladoras se encontram nesses versos!

O conceito do mundo, quanto à criação de filhos, se resume em dar uma boa educação formal – frequentar as melhores escolas, enchê-los de atividades extracurriculares, ter um plano de saúde e dar caros presentes em festas deslumbrantes. Nada tão distante do que Deus requer… Meu desejo é que nós, servas do Deus altíssimo, nos coloquemos a seu dispor também neste quesito. Precisamos assumir as rédeas da criação de nossos filhos e não permitir que a televisão, a escola, a babá, a vovó, a Escola Dominical ou a internet tenham na vida deles um lugar que Deus ordenou que nós ocupássemos!

Quem vai ensinar seu filho a não mentir? Quem vai ajudá-lo a controlar suas crises de raiva quando sua vontade não for feita? Quem vai corrigi-lo dócil e firmemente quando ele agir de forma egoísta com seu irmãozinho? Quem poderá ensiná-lo a ceder a sua vez e a não se achar o centro do mundo? Quem os ensinará a falar respeitosamente com os mais velhos? Quem cuidará para que ele se afaste das más companhias? Quem orará por ele e com ele? Quem o ensinará a ler e a amar a Palavra de Deus?

Ensinar uma criança a pedir licença e ser educadinho, de vez em quando, qualquer um pode fazer, mas forjar o caráter de Cristo em nossos filhos, só nós, pela misericórdia de Deus, podemos! Que Ele nos conceda esta graça para depois colhermos os lindos frutos que a Bíblia nos promete: “Corrige teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma.” Provérbios 29:17

_________
* Simone Quaresma é casada há 23 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Icaraí e da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (20 anos), Israel (18 anos), Davi (16 anos) e Júlia (14 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; é professora da classe de jovens e trabalha com a SAF da Igreja onde ele é pastor auxiliar.