Ainda não leu a Parte 1? Leia Aqui.

2. Roupas modestas são apropriadas. Em nossa cultura, isto parece ser um problema crescente, na medida em que o individualismo e o pós-modernismo tentam extinguir qualquer padrão, por isso, é algo que deve ser considerado com cuidado.

Vista-se adequadamente para a sua idade. Se você tem cinquenta anos, por favor, não se vista como se tivesse dezoito. Isso não é ser modesta. Isso mostra um descontentamento com o lugar onde Deus te colocou, e faz com que você chame atenção de uma forma que não é respeitável.

Além disso, vista-se de forma adequada a uma mulher. Existem variações culturais e cronológicas aqui, e o que é feminino em um lugar pode ser problemático em outro. Você não precisa se enfeitar com acessórios rosas o tempo todo, mas use algo reconhecidamente feminino. Em uma cultura em que travestis e confusões de gênero estão afetando os estilos, isso está se tornando mais difícil, mas ainda é possível. Não use uma camiseta que ficaria ideal em seu filho adolescente. Fique longe de sapatos genéricos, ou outras peças que não são claramente femininas. É claro, se você estiver acampando, ou limpando o celeiro, sua roupa deve ser adequada para isso. Mas, em geral, a nossa roupa deve ser visivelmente feminina.

Também se vista de forma adequada ao seu estado civil. William Gouge, um dos teólogos de Westminster, disse que “é apropriado a todas as mulheres,  e de forma peculiar às esposas, que busquem vestir-se em respeito à posição e condição do marido (…). A modéstia da esposa, portanto, exige que seu vestuário não seja nem dispendioso, acima da capacidade de seu marido, nem indiscretamente impróprio à vocação dele (…). Considerar a posição e condição do marido em sua vestimenta é um sinal de grande respeito de sua uma mulher para com ele“. Gouge disse que isso é especialmente importante para as mulheres que são casadas com juízes, professores, e ministros do evangelho. Em outras palavras, vista-se de maneira que seja adequada a uma mulher, e vista-se de maneira que seja adequada à mulher de seu marido.

Por último, use roupas adequadas às circunstâncias ou eventos. Se você estiver indo para a igreja, será imodesto você se vestir como se estivesse indo à praia. Se você estiver indo para a praia, será imodesto você se vestir como se estivesse indo a um funeral. É atrair a atenção para si mesma e não considerar os outros. A modéstia implica em que nos vistamos de acordo com a ocasião e amemos os outros por nos ajustarmos à ocasião. A roupa modesta é, como diz a passagem de I Timóteo, “respeitável”.

 3. Roupas modestas nos permitem servir em certas circunstâncias. Então, se você está levando seus filhos ao parque, você deve deixar em casa a bota de salto alto ou a sandália plataforma (mesmo se você as acha modestas em outras situações). Vista algo que te permita divertir-se e cuidar de seus filhos. Se você está indo visitar alguém no hospital, vista algo alegre e limpo. Quando você se vestir de manhã, pense se a roupa que você está vestindo vai ajudar você a fazer as tarefas que você precisa para aquele dia. Uma roupa modesta lhe permite fazer as boas obras que Deus preparou de antemão para que você faça – Lhe honrando na medida em que você serve em Seu nome.

4. Roupas modestas são moderadas, não elaboradas, decadentes, ou chamativas. Se você está andando por aí com uma camisa de lantejoulas vermelhas, você não está sendo modesta. Sempre se vestir com roupas de marcas caras não é modesto. Ir a uma loja cara no início de cada estação para abastecer seu guarda-roupa com as últimas tendências não é modesto. Vestir uma roupa nova a cada domingo não é modesto. Todos esses exemplos mostram um coração que está apaixonado por atenção e olhares, em vez de um coração que deseja trazer glória a Deus e servir aos outros. Um guarda-roupa modesto é moderado e autocontrolado.

Quando alguém te vê na mercearia, você aparenta estar tentando imitar Hollywood, para associar-se aos ricos e poderosos, ou a moderninha, hip e urbana? Ou você aparenta bom gosto e prontidão para servir? Você se parece com uma serva agradecida que aponta para o seu Criador, ou com alguém que ama o mundo e as coisas do mundo? Não é errado ter o seu próprio estilo, mas é errado ser extravagante quanto a isso, gastar grandes quantias de dinheiro com isso, ou deixá-lo definir você. Matthew Henry diz, “pouca razão nós temos para nos orgulharmos de nossas roupas, que não são nada além de sinais da nossa pobreza e infâmia [espirituais]”.

Roupas que são moderadas em estilo, preço e quantidade, são modestas, pois se utilizam dos recursos dados por Deus com sabedoria e nos ajudam a evitar a obsessão pela forma como o mundo pensa que deveríamos parecer.

5. Roupas modestas são culturalmente sensíveis. Então, isso significa que mesmo que você considere que shorts são modestos na América do Norte, seria imodesto e tolo usá-los no Oriente Médio. Seria imodesto usar um lenço na cabeça no Sul do Sudão, porque lá o lenço está associado com o Islã e é ofensivo. Se você se mudasse, digamos, da Dinamarca para Indiana, seria provavelmente imodesto que você continuasse usando roupas que parecem futuristas para as pessoas de lá.

Mas, se você se mudasse, talvez, de Grand Rapids para Los Angeles, você teria que usar um biquíni para se ajustar e ministrar à multidão da praia? Não. Você deve sempre se ajustar a uma cultura respeitando as orientações bíblicas de cobrir partes inapresentáveis, independentemente da cultura em que você vive. Elizabeth Elliot usou roupas modestas e ministrou com sucesso a uma tribo que se vestia com cordas e miçangas.

Na maioria das vezes, podemos ser biblicamente modestas ao sermos culturalmente sensíveis sobre o que vestir. Este é apenas um aspecto de ser ‘todas as coisas para todos os homens’, e não causar ofensa desnecessária ou chamar atenção desnecessária para si mesma. É por isso que missionários como Hudson Taylor e Amy Carmichael adotavam a veste local enquanto tentavam ministrar o evangelho. Sensibilidade cultural na maneira de se vestir é simplesmente amar o próximo através de um vestuário modesto.

6. Roupas modestas são bonitas. Mesmo que cada uma de nós tenha perspectivas ligeiramente diferentes sobre o que é feio, como mulheres cristãs devemos tentar nos vestir de uma maneira que seja bonita. Não elaborada ou decadente ou sedutora, como eu disse, mas bonita.

Carolyn Mahaney diz: “Porque somos criadas à imagem de nosso Criador, cada uma de nós tem essa propensão para fazer coisas bonitas. Isso significa que, quando decoramos nossas casas, ou plantamos um agradável jardim de flores, ou tentamos acrescentar alguma forma de beleza ao nosso redor, e mesmo quando tentamos melhorar a nossa aparência pessoal, nós estamos, na verdade, imitando e nos deleitando nas obras do nosso Grande Criador”.

Deus ama a beleza. Ele criou beleza. Cristo é Aquele que é o mais bonito, e o vestir-se em roupas feias nega esta verdade e desonra Aquele que nos deu o dom da beleza e criatividade. Como filhos de Deus, devemos nos deleitar na beleza que Ele nos deu, ao desfrutar das cores, texturas, criatividade, habilidade, e até da beleza da imagem e da forma, que são todos os dons de um Criador benevolente para com as Suas criaturas. Devemos ser um adorno para a criação. Nós somos a coroa da criação, mas podemos parecer escória sem muito esforço.

Calvino afirma que a Escritura condena a extravagância, e não a elegância. Muito frequentemente, a modéstia é associada à deselegância, ao ser obsoleta, ao mau gosto – roupas que atraem a atenção simplesmente por serem esteticamente ofensivas. Mas, dentre todas as pessoas, as mulheres cristãs são as que deveriam exemplificar o uso correto de beleza e da criatividade no vestir-se, em vez de ignorá-las, em reação a um mundo que abusa delas. A modéstia exemplifica um uso correto de uma roupa bonita – um uso que glorifica o Criador.

Há realmente uma grande tradição protestante aqui: através da história da Igreja, vemos crentes vestirem-se com roupas atraentes e contemporâneas, dentro das normas bíblicas. Algumas pessoas acusaram John Owen de se vestir de forma elegante demais para um ministro, porque ele usava o mesmo tipo roupa que os outros jovens estavam usando, em vez de usar a tradicional beca dos professores. Ele argumentou que os cristãos são livres para vestir roupas atraentes, desde que não sejam reveladoras ou extravagantes. C.S. Lewis destacou que os puritanos “foram muito elegantes e modernos”. O cristianismo nunca defendeu uma forma de modéstia que não tem atrativos.

Penso também que nós esposas precisamos pensar mais em nossos maridos quando estamos comprando roupas ou vestindo-as. Não é agradável a eles que vistamos coisas antiquadas, coisas que não nos cai bem, ou coisas que não combinam. Eu sei que é muito fácil, para quem tem um monte de crianças pequenas, simplesmente pegar alguma coisa limpa, experimentar e deixar as tarefas da casa em dia. Ficamos em casa, não temos ideia do que as pessoas normais estão vestindo, mal temos tempo para ir às compras, e, se compramos algo, nos sentimos culpadas de ir a algum lgar alem de uma loja de preço popular. Mas muitas vezes podemos esquecer que os nossos maridos têm de voltar para casa no final de um longo dia de trabalho no mundo, e olhar para nós através da mesa do jantar.

Minha irmã me disse uma vez que eu estava em uma idade em que eu deveria ir às compras com uma adolescente moderna para equilibrar meu “look mãe”. Você conhece este look: camisa com elástico porque você está amamentando, algo que você guardou do último período pós-parto se ajusta à sua barriga de grávida, e sapatos confortáveis para que você possa correr atrás do seu filhinho. Nós poderíamos ser um pouco mais atenciosas e vestir roupas atraentes para os nossos maridos, de forma a darmos testemunho do plano do Senhor.

Então, quando você deixa o seu quarto pela manhã, os homens que não são da sua família podem te olhar como uma irmã em Cristo, que os está incentivando à santidade, e não como uma pedra de tropeço? Os incrédulos podem vê-la como uma pessoa moderada e autocontrolada no vestir-se? A nossa roupa nos distingue como servas que servem ao Deus glorioso? Cada uma de nós deve ter uma consciência clara, bíblica e informada ao responder a essas perguntas.

_______________

Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit”, traduzido e re-publicado com permissão da autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”

** Tradução: Arielle Pedrosa