O meu método é melhor que o seu!

As promessas de sucesso rápido através da adoção de métodos não se restringem à maneira como tratamos nossos filhos oumaridos, mas também a uma variada gama de situações do dia-a-dia de uma dona de casa, esposa e mãe ocupada:

São métodos de organização e desenvolvimento de bons hábitos que se multiplicam assustadoramente na internet e nas livrarias. Os métodos não são ruins em si mesmos. Pelo contrário! Muitas mulheres têm se beneficiado deles. Intermináveis vídeos ensinam a dobrar a roupa de cama, arrumar os armários para otimizá-los, dividir tarefas de forma pensada e estudada. 

O problema começa quando começamos a achar que esses métodos são capazes de nos modificar e de afastar os pecados de nós. Muitas vezes essa ideia é passada de maneira quase imperceptível:

“Se você conseguir dormir com a pia limpa todos os dias, já acordará animada, sem reclamar logo de manhã” – Nosso real problema não é como a pia amanhece, mas que nosso coração é ingrato e somos preguiçosas no serviço ao próximo.

“Acorde e tire o pijama imediatamente! Assim a preguiça vai embora” – Talvez seja preciso mais do que o traje exterior para arrancar a indolência do nosso coração.

“Esteja sempre arrumada e maquiada em casa, o dia todo. Isso pode prolongar o encanto do seu marido por você e o afastará de outras mulheres.” – O coração do homem é desesperadamente corrupto. Não basta ser uma bela e interessante mulher para afastar nossomarido ou nós mesmas das garras do adultério.

É claro que bons hábitos devem ser cultivados. Seu marido deve ser conquistado todos os dias! Descobrir os melhores caminhos para que suas tarefas sejam feitas é uma coisa boa. É óbvio que se organizar ajuda! É claro que descobrir como outras pessoas fizeram dar certo a rotina de casa é bom. Dicas são sempre bem-vindas, mas precisam ser dadas de forma sóbria e cuidadosa, nunca como tábuas de salvação. Nunca como a única forma de resolver tal e tal contratempo.

Outro problema é quando a ênfase é dada ao método em si, na forma em que se faz as coisas e não nos resultados almejados. Nós somos assim por natureza! Amamos descobrir caminhos mágicos, fórmulas infalíveis e dez passos rápidos para resolver nossas demandas. Se você, como eu, também é assim, guarde esta verdade: não conseguimos vitória em nada, nem na vida espiritual, nem nos relacionamentos, nem com os impasses da casa usando “passos simples”! Toda mudança exige esforço, suor e lágrimas. Tanto as externas, quanto (e principalmente) as internas.

Muitas vezes também queremos impor nossos métodos sobre os outros, julgando que só desta forma terão êxito. O nosso modo de fazer as coisas é o melhor! Por trás desse sentimento, talvez o orgulho e a arrogância estejam bem escondidos.

Nancy Wilson fala brilhantemente sobre isso em seu livro O Fruto de suas mãos. Ela busca fazer a diferenciação entre métodos e princípios. Explica que alimentar os bebês, por exemplo, é um princípio geral para a humanidade. Se você fará isso dando o peito ou mamadeira e quantas vezes por dia o fará, é método. A mãe pode fazer livre demanda, ou marcar horários rígidos para amamentar. Tanto faz. O princípio deve permanecer: bebês têm de ser alimentados.

Esse dilema entre princípios e métodos se estende por várias outras áreas: se você coloca seus filhos na escola ou os educa em casa; se os disciplina usando chinelo ou galho de árvore; escolhe os desenhos que seu filho vê ou joga sua televisão fora; o quanto de maquiagem podemos usar sem pecar, a que horas nosso bebê deve dormir e se dorme no quarto dele ou no nosso; qual o comprimento da nossa saia, o que se pode fazer no namoro cristão, se devemos ou não ir ao cinema, ouvir músicas “do mundo” ou jogar cartas… 

Há verdades absolutas na Palavra de Deus que devem ser aplicadas por todo cristão, mas, por vezes, temos métodos diferentes para empregar cada princípio. Existem formas diferentes de se fazer as coisas em várias instâncias da vida. Há uma infinidade de detalhes da nossa vida prática que desejamos que sejam guiados por regras bem estabelecidas e firmadas. Nancy Wilson argumenta que isso traz uma certa segurança e, principalmente nós, as mulheres, gostamos de nos sentir seguras em um trilho, por assim dizer. “Se conseguirmos fazer o culto doméstico sempre na mesma hora, se dermos conta de ensinar todo o catecismo para as crianças e fizermos mais isso, isso ou aquilo…”

Devemos, então, tomar alguns cuidados:

● Certifique-se de que não está usando seus métodos como solução para vencer pecados;

● Não imponha sobre os outros sua maneira de fazer as coisas;

● Tenha certeza de que seu método não te faz sentir superior às suas irmãs que fazem diferente de você;

● Não mostre aos outros sua maneira de fazer as coisas como se essa fosse a única correta;

● Tenha sempre a convicção de que está obedecendo a Palavra de Deus, exposta perfeitamente na Bíblia.

Dessa forma, ficaremos livres para dar dicas para nossas irmãs sem colocar pesados fardos sobre elas e deixando-as livres para fazer do mesmo jeito que nós ou não! Poderemos tentar ajudar contando como as coisas têm funcionado em nossa casa. Deixaremos claro o limite entre o que é a nossa opinião e o que é uma ordem bíblica. E creia, se você é uma mulher mais experiente, há dezenas de outras esperando seu auxílio!

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Simone Quaresma é casada há 28 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Ponta da Areia, no Cachambi, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas, casado com Ana Talitha; Israel, casado com Larissa e pais da linda Elisa; Davi e Júlia. Trabalha com aconselhamento e Palestras para mulheres e é autora dos livros: “O que toda mãe gostaria de saber sobre disciplina bíblica” e “A mulher piedosa e a quebra do 9º mandamento”. Livros disponíveis no site: www.simonequaresma.com.br