Muitas de nós somos um pouco Maria e um pouco Marta. Sentimos as pressões do mundo e da Igreja, para parecermos mais com Marta, e produzir resultados visíveis para nós e para os outros. Mas Jesus nos instrui, através de nossos amigos em Betânia, a como estabelecer prioridades. Nós encontramos Marta, Maria e Lázaro em três contextos diferentes. O primeiro mostra Marta atarefada na cozinha e ainda reclamando por Maria estar aprendendo aos pés de Jesus. Depois, é a triste ocasião da morte de Lázaro, e, então, sua feliz ressurreição. Poucos dias depois, Marta serve um jantar, no qual Jesus e Lázaro são seus convidados de honra, e Maria derrama sobre os pés de Jesus um óleo caríssimo sob os protestos de judas e outros discípulos.

Temos a tendência de comparar Marta e Maria, mas elas possuem semelhanças importantes. Principalmente, ambas amaram e creram em Jesus Cristo. Elas queriam serví-lo e servir a seus seguidores. Quem quer que seja que entrasse pelas portas de sua casa, recebia uma calorosa hospitalidade. Elas eram dedicadas uma à outra e ao seu irmão Lázaro. Portanto, sua base era a mesma, contudo, suas personalidades eram muito diferentes, assim como a de muitos irmãos hoje em dia.

Marta era provavelmente a mais velha, como as Escrituras descrevem que a casa era dela. Como uma típica filha mais velha, ela se responsabilizava pelas coisas e dizia aos irmãos o que fazer. Sendo uma pessoa prática, ela fez seu trabalho. Seu forte era organização, especialmente servir comida para muitas pessoas. Era, provavelmente, por causa de Marta que sua casa era um imã para os que necessitavam de uma refeição quentinha, de comunhão e de uma cama, incluindo o próprio Jesus. Ela expressava seu amor por jesus com comida gostosa e um quarto bem varrido. Marta tinha um coração de serva, apesar de ser agressiva e falar o que pensava. Ela lidou com a tristeza da morte de Lázaro se encarregando de encontrar Jesus e dizer que ele poderia ter prevenido isso, e ainda assim, ela professou sua fé em Jesus e na ressurreição.

Maria era contemplativa. Ela queria absorver cada palavra do discurso de Jesus. Ela valorizou a comida espiritual em lugar da comida física. Ela lidou com a tristeza da morte de seu irmão, esperando calmamente em casa, até Marta dizer a ela que Jesus a estava chamando. Ela expressou sua gratidão e seu profundo amor por Jesus derramando seu precioso óleo em seus pés e enxugando-os com seus cabelos. Jesus explicou, “Ela fez isso para o meu sepultamento,” revelando que Maria entendia o que os discípulos não entendiam: que ele morreria.

A inclinação de Marta era de servir, e a inclinação de Maria era o crescimento espiritual. Jesus aprovou a atitude das duas e amou as duas. Mas o conflito momentâneo entre a cozinha e a sala oferece-nos um momento de ensino. Enquanto Marta estava cozinhando muito bem, Maria estava sentada aos pés de Jesus. A temperatura, então, começou a subir. Marta estava cozinhando com raiva: “Isso não é justo! Eu estou trabalhando duro e Maria está lá, sentada! Jesus com certeza sabe que todas essas pessoas precisam ser alimentadas!” Finalmente ela não pode aguentar por muito tempo. Marta foi falar direto com a maior autoridade: “Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado só com todo o serviço? Peça-lhe, portanto, que venha ajudar-me!”. Marta julga o caráter através de atitudes isoladas (assim como nós fazemos com frequência), acusando Jesus de não se importar, e Maria de preguiça, negligência e abandono.

A resposta de Jesus é uma repreensão amorosa. “Marta, Marta, andas preocupada e atarefada com muitas coisas. Mas apenas uma é necessária, e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será tirada.” Jesus está dizendo para Marta, para você e para mim: “Eu amo você e sua comida, mas toda essa confusão está tirando sua atenção de mim. Ao preparar tantos pratos deliciosos, você está se preocupando demais. O alimento para o corpo é necessário, mas é temporário. Maria está focada no que é mais importante, querida Marta. Eu estou com você agora, gaste seu tempo comigo. Aprenda de mim e você será saciada”.

Maria e Marta me ensinaram que essa nutrição espiritual é fundamental. Jesus é a nossa prioridade. Cozinhar e servir também é bom e necessário, e Deus criou comidas maravilhosas, temperos deliciosos e o apetite pra desfrutar deles ao redor da mesa com família e amigos. Mas ele não quer que nos estressemos. Todo dia, especialmente aos domingos, vamos escolher a melhor parte, a que não pode ser tirada de nós.

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10655411_391949484296298_8202839384768507436_o*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth (Edição online de Julho-Agosto 2016) , traduzido com permissão do editor.

**Mary Beeke é esposa do Dr. Joel Beeke e mãe de Calvin, Esther e Lydia. Mrs. e Dr. Beeke têm duas netinhas. Ela trabalhou como enfermeira e professora, e tem mestrado em educação especial. Desde 1989 é dona-de casa e esposa de pastor.

*** Tradução: Adriana Botelho Grangeiro de Araújo