couple-walkingSe todas as mães cristãs ensinassem a seus filhos os princípios bíblicos da sujeição mútua, a vida adulta seria infinitamente mais fácil, os relacionamentos pessoais mais suaves e a nossa obediência a Deus menos dolorosa. Se as mães de meninas soubessem que, desenvolver nas filhas um coração obediente, traria bênçãos sobre a futura família delas, talvez o fizessem com maior afinco. O que eu quero dizer com isso? Que filhos criados segundo o padrão de Deus, de obediência e sujeição mútua, estão sendo treinados para serem crentes melhores no futuro, vivendo segundo a Palavra de Deus.

Segundo João Calvino, “Deus de tal forma nos vinculou uns aos outros, que nenhuma pessoa deve desvencilhar-se da sujeição. E onde reina o amor, existe uma mútua servitude… como, porém, nada é mais oposto ao espírito humano do que a submissão recíproca, ele desperta nossa lembrança para o temor de Cristo, o único que pode domesticar nossa impetuosidade, para que não nos desvencilhemos do jugo, e subjuga nosso orgulho, para que não nos envergonhemos de servir ao próximo.” Quando uma mãe ensina seus filhos a se submeterem aos outros em amor, todos ganham: os filhos, a família, a Igreja e a sociedade. Mas, comentando o texto de Efésios 5, Calvino vai dizer que, além da sujeição mútua que deve haver entre os crentes (v. 21), existe – a partir do verso 22- certos tipos de sujeição específicas requeridas dos crentes: “Ele traz agora a lume os vários grupos; pois, além do universal vínculo de sujeição, alguns são mais estreitamente vinculados uns aos outros, segundo as suas respectivas VOCAÇÕES. A sociedade consiste de grupos, os quais são como que jugos, nos quais há obrigações mútuas das partes. O primeiro jugo consiste no matrimônio entre esposo e esposa…”

Não há nenhuma dúvida em nossas mentes de que a Bíblia fala sobre a submissão da esposa ao marido. E NÃO, esta ordenança não é cultural, não ficou circunscrita às mulheres de Israel. Você que está para se casar, ou você, minha irmã, que já é casada e tem lutado para ser submissa ao seu esposo, precisa estar com este tema muito claro em sua mente: A submissão da esposa ao marido não é invenção de uma sociedade machista, como as feministas alardeiam. A submissão feminina ao marido não é uma questão de opção e não relega a mulher a um estado de inferioridade em relação ao homem.

Homens e mulheres são iguais diante de Deus?

Sim, homens e mulheres são IGUAIS perante Deus. Em Gálatas 3. 23 a 29 Paulo advoga que não estamos mais sob a tutela da lei, que agora somos um em Cristo e termina dizendo: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Paulo aqui não está dizendo que não existam diferenças, não está eliminando as distinções entre um senhor e seu escravo, por exemplo. O que o Apóstolo quer ressaltar é que a condição humana, de ser judeu ou grego, escravo ou livre, não faz a menor diferença no que tange à salvação. Todos somos um em Cristo, cada qual exercendo sua função. Mamãe deveria ter nos ensinado que ela, por ser nossa mãe, não era em nada melhor do que nós diante de Deus. Precisávamos obedecê-la porque, FUNCIONALMENTE, ela estava numa posição de autoridade sobre nós. Se lá na infância tivéssemos aprendido que obedecer aos pais não significa ser inferior, menor e incapaz, tudo seria mais fácil. Se nossos pais não usassem de sua autoridade para se impor com força e brutalidade sobre nós, antes tivessem exercido uma liderança firme e dócil, teríamos aprendido desde cedo o modelo bíblico da liderança: o maior dentre vós seja o que vos sirva.

A liderança do homem sobre a mulher foi consequência da queda?

A submissão da mulher ao homem não é uma deturpação que homens machistas fizeram da Palavra de Deus. A liderança masculina não tem a ver com a queda, não é consequência de pecado. Esta foi uma ordem estabelecida na criação, antes do pecado entrar no mundo. Em Gênesis 2 versos 15 a 17 vemos Deus dando ao homem ordens muito específicas. Deus ordena que ele GUARDE o jardim (seja o protetor|), o CULTIVE (seja o provedor) e dá a LEI a ele (seja sacerdote do seu lar). A mulher sequer havia sido criada quando o Senhor ordenou o modo que a família deveria funcionar e quem seria o responsável por ela diante de Deus. Vemos isso também na queda, quando as maldições sobre o pecado ainda não haviam sido lançadas, quem foi que Deus chamou para acertar as contas? Não foi a mulher, que havia tomado o fruto, mas o seu CABEÇA, o seu representante. A serpente subverteu a ordem da criação oferecendo o fruto a Eva, mas Deus manteve esta ordem. Chamou o homem para o acerto de contas, em nome da família. Por causa de homens maus, que não amam ao Senhor nem à sua Palavra, e que entendem mal a questão da submissão, muitas vezes não queremos nem ouvir falar nesta palavra. Por causa do movimento feminista, que há anos nos massacra com suas deturpações sobre o papel do homem e da mulher, talvez não queiramos sequer estudar este assunto. Por causa da massiva propaganda da mídia sobre liberdade e independência da mulher, temos nossas mentes encharcadas por conceitos pecaminosos sobre a submissão. Por causa, em fim, do nosso próprio coração rebelde, não gostamos de admitir que a submissão bíblica seja uma ordem BOA, SANTA e que tem o objetivo de proteger a mulher.

Então, o que é a submissão bíblica?

A definição da palavra submissão já nos dá uma ideia de como as coisas são mais sérias do que pensamos. O sentido na língua original, que muito nos importa, é: “organizar sob, subordinar, sujeitar, obedecer, submeter-se ao controle de alguém, render-se à admoestação ou ao conselho de alguém”. Talvez estes significados lhe arrepiem os cabelos! Mas sim, submissão significa isso aí! Inclusive tem um texto, que a gente ama passar por cima e ler correndo, que diz exatamente assim: “Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissa a seu próprio marido, como fazia Sara, que OBEDECEU a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não tendo perturbação alguma.” I Pedro 3.5 e 6. Agora pense comigo: por que as palavras obediência e submissão causam um furor tão grande? Por que amamos a idéia de que submissão seja apenas algo figurado ou algo que está no passado? Será que estamos tão contaminadas pelo mundo, pelo pecado e pela nossa própria carne, que, após lermos que Sara obedeceu a Abraão, paramos aí, e nem reparamos no fim do texto? Veja que conclusão linda: por causa da sua submissão a Abraão, Sara não tinha perturbação alguma! Este texto nos ensina que mesmo que Abraão não fosse um marido perfeito, e não era, Sara confiava nele e se submetia à sua liderança. Ela não usou esta desculpa para se desvencilhar da autoridade do marido! A submissão bíblica, a um marido amoroso, que representa para a esposa o mesmo que Cristo representa para a Igreja, faz de nós mulheres protegidas, guardadas, que não têm o que temer! Isso deveria despertar em nós o desejo de ser cada dia mais submissas e obedientes ao nosso marido! Por causa do pecado e da forma como alguns homens se afastaram de Deus, deixaram de cumprir a sua parte na ordenança acerca da família. Muitos homens deixaram de representar Cristo para suas esposas. Ao invés da solução do problema começar com os homens entendendo que não têm cumprido o seu chamado, as mulheres preferiram tomar a frente, se livrando da autoridade dos maridos. Não! Não é porque muitos maridos são grosseiros, péssimos líderes, que fazem suas mulheres de capacho, que precisamos nos voltar contra o conceito de submissão bíblica. O erro não está na Lei do Senhor, que é perfeita, está no nosso pecado e no pecado de nossos maridos. Se o pecado não tivesse entrado no mundo, as mulheres seriam sempre perfeita e alegremente submissas a maridos sempre perfeitamente líderes. Eles não dominariam com tirania, não as fariam ficar caladas, mas ouviriam seus conselhos, e as teriam em tão alta conta, que seria delicioso ser liderada por um homem assim! É este o alvo que devemos perseguir para a nossa família! Não podemos pensar que, só porque as pessoas deturpam a Lei de Deus e fazem tudo errado, temos autorização para extirpar da nossa vida a ordem de sermos submissas ao nosso próprio marido. No próximo texto, falaremos mais um pouco sobre o que é a submissão bíblica, e como podemos ser obedientes a esta ordem de maneira prática no nosso dia a dia.

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simone* Simone Quaresma é casada há 24 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.

Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (22 anos), Israel (20 anos), Davi (18 anos) e Júlia (16 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.