Ainda nao leu “O legado de minha mãe temente a Deus – Parte 2”? Leia Aqui.

Este post é o terceiro que trata de reflexões sobre o caráter de minha mãe, Johanna Beeke (falecida em 23 de julho de 2012).

 3. Bondade Nossa mãe foi incrivelmente bondosa. “A lei da bondade” estava no seu coração, e, portanto, em sua língua e em todas as suas expressões faciais. Quando tínhamos companhia, ela não se esquecia de nós. Quando tínhamos uma sala cheia com o povo de Deus em nossa casa, o que aconteceu frequentemente enquanto eu era garoto, e chamava sua atenção do outro lado do cômodo, ela sempre sorria calorosa e bondosamente.

Talvez eu tenha me esquecido, mas eu não me lembro de ver nossa mãe criticando alguém por qualquer coisa. Certa vez ela me disse: “Você pode falar sobre as pessoas tanto quanto você quiser, desde que o que você diz seja bom”. Nem me recordo de alguma vez que ela tenha falado comigo, sobre qualquer aspecto da minha vida, com qualquer frustração, irritação ou raiva em sua voz.

Quando minha esposa perguntou a ela, em seu 80º aniversário: “Mãe, você tem algum conselho a dar sobre como lidar com as crianças quando você se sente frustrada? Como você lidou com isso?” Mãe pensou por dez segundos, depois sorriu simpaticamente, e disse:” Eu temo, querida, que eu simplesmente não consiga me recordar de ter ficado frustrada com eles”. Agora, aquela resposta (que por sinal, realmente não ajudou minha esposa) não quer dizer, eu te asseguro, que todos éramos excelentes filhos, mas, porque a graça de Deus santificou o caráter dela, na sua língua havia “a lei da bondade” (Provérbios 31: 26). Talvez esta graça também tenha santificado sua memória, de modo que ela soubesse do que se lembrar e do que se esquecer!

Acho que nossa mãe pensava que criticar um ministro era um pecado duplo, porque ele é um servo do Deus Altíssimo. Visto que a nossa igreja não teve um ministro por muitos anos, todos os pregadores que vinham nos trazer a Palavra de Deus durante a maior parte desses anos ficava em nossa casa. Um deles trouxe ainda seu cachorro, o que não me deixou nenhum pouco feliz, então eu deixei que minha mãe soubesse como eu me sentia. Ela prontamente me repreendeu por ter criticado o cachorro do pastor!

A bondade da nossa mãe irradiava dela de diversas formas. Quando estávamos doentes, ela costumava dizer – e expressava isso – que ela desejava poder estar doente em nosso lugar. Quando uma fatia de pão queimava, ela era sempre quem comia. Enquanto crianças, quando saímos para a escola, ela acenava para nós da janela da frente enquanto ela pudesse nos ver. Ela sempre tinha tempo para nós, ela nos perguntava todos os dias como tinha sido a escola.

Agradeço a Deus que, pela Sua graça, nos deu uma mãe em cuja língua estava “a lei da bondade”.

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*Dr. Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA). É pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation, editor da Banner of Sovereign Grace Truth, diretor editorial de Reformation Heritage Books, presidente da Inheritance. Foi co-autor, escreveu ou editou mais de 50 livros, dentre os quais, “Vivendo para a Glória de Deus” e “Vencendo o Mundo”. Obteve seu Ph.D. em Teologia da Reforma e Pós-reforma no Westminster Theological Seminary. Ele é convidado freqüentemente para lecionar em seminários e pregar em conferências ao redor do mundo. Ele e sua esposa, Mary, foram abençoados com três filhos: Calvin, Esther e Lydia.

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** Tradução: Arielle Pedrosa