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Tirem as crianças da sala!

Como foi visto no Catecismo Maior, muitas vezes, por causa da posição de autoridade que nossos maridos ocupam ou por estarmos diretamente envolvidas numa situação problemática com algum irmão, precisamos falar com nossos maridos sobre fatos e acontecimentos que envolvem terceiros.

Se seu esposo é pastor ou presbítero, por exemplo, ele saberá de pormenores da vida dos membros da igreja que são desconhecidos da maioria dos outros membros. Você, como auxiliadora, será, por vezes, chamada a ajudá-lo a pensar sobre o assunto, a aconselhá-lo quanto a melhor forma de abordar o problema. Vamos usar como exemplo um caso de adultério. Houve a denúncia, e agora o pastor daquela família precisa lidar com todos os desdobramentos que este pecado trará. O cuidado em resguardar os episódios e os envolvidos deve ser descomunal. Lidar com pecados tão destruidores de nossos irmãos deve gerar em nós um senso de integridade e lealdade, tanto a eles, quanto ao Senhor. Portanto, o cuidado que precisamos ter ao falar sobre o ocorrido deve ser proporcional ao amor que temos pelo Reino de Deus. Lembre-se, o que está em jogo é a alma de seus irmãos faltosos.

Dos cuidados que temos que tomar nestas circunstâncias, talvez o maior deles seja o mais negligenciado: Não falar sobre o ocorrido na frente dos filhos. Por vezes pensamos que as crianças estão desligadas, fazendo outras coisas, mas suas antenas estão ligadas e tudo que vocês disserem na frente delas, será devidamente armazenado. O perigo não é apenas de as crianças abrirem a boca num momento inoportuno, com as pessoas erradas. Nossos filhos não são líderes da igreja. Eles não têm maturidade para aguentar o tranco de tantas histórias complicadas e com finais tão dramáticos. Eles ainda não conhecem a malignidade do coração humano como você e ser constantemente alimentado de informações adversas sobre os irmãos da igreja, pode gerar neles uma desconfiança quanto a fé. Poupe seus filhos, o quanto puder, de se decepcionarem com os irmãos da igreja. Muitas vezes isso não será possível, pois o pecado terá sido público. Mas isso é diferente de sua criança passar a infância inteira, ouvido diariamente sobre as fraquezas dos crentes. Aos poucos ela saberá como as coisas funcionam e aprenderá que crentes pecam, que existem falsos crentes e que precisará lidar com isso, mas vá com calma! Tudo tem seu tempo.

Mesmo quando os filhos já são crescidos, este princípio deve ser observado. Segredos que são confidenciados a você e a seu esposo, devem permanecer entre vocês. Quantos e quantos casos de adultério, de fornicação, de roubos e mentiras foram tratados no ministério pastoral de meu esposo, que nossos quatro filhos nem sonham… e por que eles deveriam saber e participar? Muitas destas situações foram resolvidas e os membros faltosos arrependidos foram restaurados sem que sua integridade fosse aviltada. Cuidado: os problemas dos membros da sua igreja não são assunto de família! Quando muito, e se necessário for, devem ser abordados pelo casal, reservadamente.

Se seu esposo não é líder da igreja, o conselho é o mesmo. Talvez vocês estejam enfrentando problemas de relacionamento com alguns irmãos, talvez não estejam conseguindo trabalhar juntos em um departamento da igreja. Vocês podem estar descontentes com os rumos que a igreja está tomando, com essa ou aquela conduta do pastor e do conselho. Conversem apenas entre vocês de forma piedosa e cuidadosa, longe dos ouvidos das crianças, e depois, procurem o pastor ou o conselho e diga a eles o que lhe aflige! Conheço famílias que, durante anos, no almoço de domingo, ao invés de reforçarem ou expandirem os preceitos expostos no sermão da manhã, usam suas palavras para reclamar da liderança, falar mal do pastor, maldizer os irmãos. Este não é um bom ensino para seus filhos, principalmente no Dia do Senhor, logo após sair do culto. O Catecismo Maior de Westminster, na pergunta 151 nos adverte quanto a isso:

“Que fatores agravantes tornam alguns pecados mais detestáveis que outros?
O pecado torna-se mais grave… em razão das circunstâncias de tempo e de lugar: se for no Dia do Senhor, ou em outras ocasiões de culto divino; ou imediatamente antes ou depois delas ou de outros auxílios para a prevenção ou tratamento desses desvios; se forem público ou na presença de outros passíveis de serem por isso estimulados a tais transgressões ou contaminados por elas.”

Nossas crianças são muito suscetíveis e propensas a seguir nosso exemplo e nossos hábitos, sejam estes bons ou ruins. Este é outro argumento significativo, que deve nos fazer pensar duas vezes no modo como temos usado nosso falar. Nossos filhos verão e reproduzirão a conduta que aprendem em casa. A forma benevolente e terna que falamos dos irmãos ou nosso jeito desapiedado, empedernido e cruel ao nos referirmos às imperfeições deles, marcarão nossos filhos por toda a vida. Eles tenderão a seguir nossos ensinamentos, mesmo que estes não tenham sido dados objetivamente.

Portanto, muito cuidado com o que fala, quando fala e perto de quem fala!

A quebra do 9º mandamento e as redes sociais

Como se não tivéssemos combustível suficiente em nós mesmas para detonar toda espécie de pecados da língua, podemos também contar com a ajuda externa, de meios que facilitam o alastramento de pecados deste tipo. Refiro-me especificamente ao uso inadequado das redes sociais. Como têm se proliferado os escândalos em nosso meio! Como temos demonstrado mais notoriamente nossa falta de habilidade com as palavras e nossa falta de cortesia e delicadeza com o próximo.

Para não cairmos em pecado, também virtualmente, com o uso das palavras, gostaria de sugerir algumas medidas de precaução quando nos pusermos a digitar:

  1. Aquilo que vai para a internet sai do nosso controle. Portanto, antes de publicar qualquer coisa, pense bem.
  2. Nunca comente como anônimo. Se responsabilize por suas opiniões e posicionamentos.
  3. Não use as redes sociais para desafogar as mágoas que tem de alguém. Não mande indiretas. Não fique dando ‘bronquinhas’. Seja madura e adulta e, se tiver alguma coisa para dizer a alguém, faça isso diretamente com esta pessoa.
  4. Quando tiver que resolver algum problema com alguém, fale pessoalmente com esta pessoa! Não se resolve assuntos importantes por emails, mensagens de texto ou Whatsapp. Olho no olho, tom de voz, postura corporal demonstram o espírito manso que você dispõe para a resolução de um conflito. Palavras escritas são frias e não raramente, passam uma impressão errada.
  5. Nunca, nunca, nunca use a rede para fomentar inimizade entre irmãos. Existem pessoas que vivem pesquisando o que uma irmã disse de outra e passando estas informações para a ‘ofendida’, fazendo prints das fotos ou das atualizações do fecebook. Isto se enquadra em “semear contenda entre os irmãos” e é descrito em Provérbios como um pecado que Deus abomina!
  6. Evite repassar notícias destrutivas nas redes sociais. Dia destes fui surpreendida, logo pela manhã, ao abrir meu facebook, com vários amigos compartilhando e comentando sobre um famoso pastor que havia caído em pecado. Isso não deveria ser ‘notícia’ em nosso meio. Não conhecemos as circunstâncias, não somos seus líderes, não sabemos se houve arrependimento. As pessoas se esquecem que, mesmo que tudo que foi dito naquela matéria seja verdade, ao divulgarmos isso publicamente, estamos tornando um fato mundialmente conhecido, quando, na verdade, apenas as pessoas envolvidas deveriam saber e tomar as providências cabíveis. Por causa da internet, os acontecimentos tomam proporções inimagináveis. Será que ninguém se lembrou que aquele pastor tinha esposa e filhos? Será que não consideraram que, o fato de o pecado ter sido descoberto e tratado, já era algo doloroso o suficiente para aquela família? Por que agravarmos a vergonha e a angústia do culpado, divulgando e comentando publicamente, o que deveria ser tratado reservadamente?
  7. Tenha muito cuidado com os ‘desabafos’ que você escreve para as pessoas. Estas palavras podem servir como documentos contra você. Talvez num dia em que você não esteja bem, resolva escrever a uma irmã e colocar para fora pecados que deveriam ser tratados com seu marido ou com seu pastor. Você corre o risco de abrir o seu coração e deixar isso documentado com uma pessoa que pode se mostrar desleal. Ou corre o risco de que os filhos de sua amiga mexam no celular dela e encontrem ali confissões que deveriam ser resguardadas.
  8. Por fim, gostaria de alertá-las a ter cuidado quanto ao uso de suas palavras em debates na internet. Este é um hábito que sempre floresceu entre os cristão, em todas as eras: o debate teológico. Ele é sadio e ajuda o povo de Deus a fugir das heresias e a ter sua curiosidade aguçada por grandes temas. Por outro lado, o imediatismo das redes sociais deixa pouco tempo para a reflexão antes de discordarmos e publicarmos o que pensamos! Todo o cuidado ainda é pouco. Ao debatermos uma idéia, carecemos de bom senso nos argumentos, mas especialmente de doçura, mansidão, brandura e palavras amenas e respeitosas. Lembremo-nos sempre de que, por trás daquela tela está um irmão em Cristo. Sim, ele pode estar redondamente equivocado, mas ainda assim, merece nosso apreço. Palavras debochadas, irônicas, sarcásticas, ofensivas e que ataquem a pessoa ao invés de argumentos, demonstram destempero e falta de polidez de nossa parte. Podemos sim, discordar veementemente, mas com todo o respeito que nossos irmãos na fé merecem. Muito cuidado também quando vai escrever algum comentário sobre um texto de algum Ministro do Evangelho! Tenho visto mulheres discordarem, discutirem, ofenderem e desdenharem de homens que foram chamados para o sagrado ministério e que são representantes do próprio Cristo! Elas não temem desacatar uma autoridade em público, quebrando assim, o 5º mandamento. Lembre-se que os pastores estudaram e estudam por anos a fio, e certamente, têm uma bagagem muito maior que a nossa. Lembre-se também, que os pastores são pastores do rebanho de Cristo e não apenas de uma igreja local. Então, mesmo que aquele pastor não seja o ‘seu’ pastor, merece tanta consideração quanto o seu. Se em algum momento você achar que é necessário discordar de algo que algum pastor sério postou, faça isso em privado. É contra toda prudência uma mulher arguir e chamar a atenção de um Ministro do Evangelho em público! Cuidado!

Não quer errar? Cerre seus lábios!

“No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.” Provérbios 10.19

Quanto mais falamos, mais riscos estamos correndo. Esta é uma verdade bíblica irrefutável. Se temos alguma dúvida sobre estarmos ou não agradando ao Senhor com o que vamos dizer, melhor nos calar e avaliar se devemos ou não continuar. Se já temos certeza que aquele tipo de conversa tem quebrado a lei de Deus, se não tenho o objetivo de construir, de ajudar, de abençoar, de erguer, então posso parar antes de começar… O livro de Provérbios nos previne largamente sobre os perigos de falar muito:

“Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua do sábio é medicina.” Provérbios 11.18

“O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias.” Provérbios 21.23

“Até o estulto, quando se cala, é tido por sábio, e o que cerra os lábios, por sábio.” Provérbios 17.28

“O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína.” Provérbios 13.3

Pense comigo no quanto você já sofreu por ter sido precipitada em suas palavras, por ter se metido em assunto que não lhe tocava, por emitir opiniões desnecessárias ou por dar palpites que não lhe foram pedidos… quantas e quantas vezes eu já fui dormir com a incômoda sensação de que deveria ter me calado em determinado assunto. Quantas vezes falei demais com as pessoas erradas, e estas, falaram demais com outras pessoas erradas sobre o que eu disse… Por vezes um desabafo fora de hora, uma situação que me aborreceu e que eu emiti juízos contra meus irmãos porque estava irada. Tanta dor poderia ter sido evitada se ao menos eu tivesse pensado biblicamente naquela hora… se ao menos eu tivesse me dedicado a estudar e decorar estes versículos, que demonstram a sabedoria de Deus, me ensinando a moderar os meus lábios! Mas palavras ditas não voltam atrás… depois de pronunciadas, só nos resta catar os cacos.

“Está na boca do insensato a vara para a sua própria soberba, mas os lábios do prudente o preservarão.” Provérbios 14.3

“Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo o insensato se mete em rixas.” Provérbios 20.3

Se dermos ouvidos aos santos mandamentos, entretanto, poderemos deixar de causar destruição com a nossa boca e usá-la apenas para a edificação. Deixaremos de comer do amargo fruto de uma língua inconsequente e poderemos provar a doçura que palavras ponderadas e comedidas trazem. Viver desta forma, é viver prudentemente, sabiamente. Aliás, o livro de Provérbios associa de maneira muito contundente a sabedoria à moderação da língua. Veja comigo:

“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Provérbios 25.11

“Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência.” Provérbios 17.27

“O coração do sábio é mestre de sua boca e aumenta a persuasão nos seus lábios.” Provérbios 16.23

Continua…

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simone* Simone Quaresma é casada há 25 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (23 anos), Israel (22 anos), Davi (19 anos) e Júlia (17 anos). Ela trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.