Difícil foi não transformar esta resenha em uma transcrição, tamanha a quantidade de trechos que encravavam em minha mente durante a leitura.

Se você já leu muitos livros sobre criação de filhos e está pensando: “Ok, mais um livro sobre o mesmo assunto!”, vou lhe explicar aqui por que, mesmo que você já saiba bastante sobre criação de filhos e já tenha feito a leitura dos clássicos (“Pastoreando o Coração da Criança”, “Instruindo o Coração da Criança”, “Família Guiada Pela Fé”…), esse livro vale cada trecho da leitura.

Douglas Wilson, ao longo de 11 capítulos, explica com muita propriedade sobre a criação pactual dos filhos e os deveres dos pais da aliança. Os pais — e aqui especialmente o pai — são responsáveis pela edificação de uma cultura bíblica em seu lar.

“Os pais devem certificar-se de que sua família está edificada a ponto de se tornar uma verdadeira cultura, em que seus membros são, em tudo, idênticos na busca por conformar-se aos padrões bíblicos, e, no mais, tão distintos quanto seus sobrenomes”

            Assim como a soberania de Deus e a responsabilidade humana parecem assuntos contraditórios, mas são, ao mesmo tempo, totalmente conciliáveis, da mesma forma, por vezes, pensamos que as promessas aos filhos do pacto estão distantes da questão da responsabilidade dos pais de serem fiéis ao Senhor — ambas, porém, são duas realidades totalmente relacionadas.

“As promessas do pacto são dadas a pecadores arrependidos. E uma vez que são promessas do evangelho, são nossas pela graça mediante a fé. Pais cristãos devem ter a esperança de ver seus filhos crescendo e conhecendo ao Senhor”

            É maravilhoso sabermos que Deus cumpre sua promessa e aliança; ao mesmo tempo, porém, o autor nos lembra das terríveis maldições e consequências de sermos infiéis, como pais, se desobedecermos aos mandamentos do Senhor. Não é fácil criar filhos, todos sabemos, mas é nosso dever como mães e pais fazê-lo.

            “No mundo contemporâneo, pais e mães se desculpam dizendo coisas como: “fizemos tudo o que podíamos”. Em primeiro lugar, nenhum pecador jamais tem o direito de dizer esse tipo de coisa – nenhum de nós jamais fez tudo o que podia. Em segundo lugar, a alegação não somente é falsa, ela é escancaradamente falsa. Muitas vezes, os pais não ensinaram a seus filhos a orar, nem ensinaram a eles a Palavra; pelo contrário, eles foram educados por sacerdotes de Baal nas escolas do governo, e não foram biblicamente corrigidos e castigados por seus pais. O verdadeiro problema é que continuamos a ficar surpresos como resultados de nossa desobediência e negligência na criação dos nossos filhos.”

            A cada dia somos desafiados, como pais, a colocar nossa confiança nas promessas do Senhor; se não confiamos que Ele fará o que prometeu, quão angustiante será essa nossa missão como pecadores cuidando de outros pecadores. Ao mesmo tempo, temos a responsabilidade de praticar uma disciplina piedosa, como ordenado tantas vezes nas Escrituras, sob a pena de deixá-los à mercê de uma punição eterna gerada pela ira do nosso próprio Deus.

            “Para os pais que buscam ser mais sábios do que Deus, rejeitando a disciplina, o que seus filhos esperam não é outra coisa senão uma dolorosa punição final pela mão do Senhor. Aqueles que se recusam a entender a disciplina odeiam seus filhos. A escolha é clara: disciplina agora ou punição adiante.

No restante do livro, Douglas Wilson dá orientações mais práticas sobre a disciplina em uma família da aliança, tratando também de questões como a autoridade dos pais, a necessidade de uma educação cristã e como amor e segurança futura dos filhos estão relacionados ao amor e segurança em um lar cristão. O autor também nos orienta sobre relacionamentos com filhos adolescentes e até mesmo o que esperar depois que eles forem adultos.

Agradecemos a CLIRE (Centro de Literatura Reformada) por tão rico material. Recomendamos muito essa leitura.

Com Carinho

Equipe MP

Douglas Wilson é pastor da Christ Church em Moscow, Idaho, Estados Unidos, e editor da revista Credenda/Agenda. Ele é autor de “Reformando o Casamento”, Fidelidade” e outras da série best-seller sobre família. Casado com Nancy, tem três filhos e muitos netos.