O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.” 1 Coríntios 11:7

“Qual é o fim supremo e principal do homem?
O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.” (Cat. Maior, Pg. 1)

Uma das marcas distintivas de um crente reformado é saber de cor essa e outras perguntas do Catecismo. Conta-se que em determinado lugar onde a influência da Reforma era grande, dois homens se cruzaram enquanto caminhavam, e um desconfiou que o transeunte que passava por ele era um reformado,  e enquanto ainda caminhava perguntou: Qual é o fim principal do homem… e ele voltando-se respondeu: Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre…voltaram e se cumprimentaram! Sendo assim, será prioridade no coração de todos os reformados glorificar a Deus. Nós O glorificamos quando nos adequamos, com contentamento, à forma como Ele nos criou para glorificá-lo. O homem glorifica a Deus sendo homem com toda a sua virilidade e a mulher O glorifica sendo mulher em toda a sua graça, modéstia, feminilidade e submissão diante do seu marido.

Talvez surja a pergunta, por que apenas o homem é a glória de Deus? A mulher também não foi criada à Sua imagem? É verdade, a mulher foi criada igualmente à imagem e semelhança de Deus, mas, glorificará muito mais a Deus, quando por Sua providência, se casa e passa a ser a glória do homem! A mulher foi criada prioritariamente para ser esposa auxiliadora, mãe e a glória do homem, sendo assim, glorificará a Deus cumprindo o Seu propósito na criação. As solteiras, segundo a vontade de Deus, por outro lado, O glorificam de uma forma mais específica e excepcional, porém não estão excluídas no contexto da submissão aos homens. Dessa forma, a mulher que quer glorificar a Deus terá imenso prazer em sua feminilidade, graça e modéstia e em submissão ser a glória do homem, pois foi para isso que Deus a criou.

No seu comentário de 1Cor. 11, Calvino mostra em que sentido o homem glorifica a Cristo seu cabeça “… é dito que ele tem o primeiro lugar no governo de sua casa. Portanto, a glória de Deus brilha nele em consequência da autoridade com que ele foi investido…  se o homem não preserva seu status, se ele não está sujeito a Cristo na forma como preside sua família com toda autoridade, ele obscurece a glória de Cristo, que brilha de maneira correta como foi regulado o casamento.”  Mas a mulher, no propósito de Deus, foi criada para ser ornamento, auxiliadora e glória do homem. Calvino prossegue:  “Não há dúvida que a mulher é um distinto ornamento para o homem; pois é uma grande honra que Deus a designou para ser companheira de sua vida, e auxiliadora para ele, e a fez sujeita a ele como o corpo está sujeito à cabeça. Pois o que Salomão afirma sobre a mulher virtuosa em Prov. 12:4 é verdadeiro: ‘A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que o envergonha é como podridão nos seus ossos’.”

Quando o apóstolo Paulo escreve, inspirado pelo Espírito Santo, que “conservem-se as mulheres caladas na Igreja, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como a lei o determina”(1Cor.14:34) ou como em outro lugar, “…não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja porém em silêncio” (1Tm 2:12), os defensores do feminismo dizem que ele estava falando em um contexto cultural machista e tão somente procurava se contextualizar, mas veja o que diz o Rev. Ludgero Bonilha de Moraes em seu artigo (BP, julho/2012), “Penso que, quando Paulo determinou em 1Cor.14:34 que as mulheres, por ordem imperativa (pois o verbo vem no imperativo) deveriam se conservar “caladas nas Igrejas, porque não lhes é permitido falar…”, certamente criou uma grande celeuma. O fato é que era parte daquela cultura que as mulheres exercessem liderança espiritual sobre os homens. Veja o grito das mulheres no boicote ao véu ali na Igreja de Corinto. As sacerdotisas nos templos pagãos eram obviamente mulheres, as divindades adoradas eram mulheres, como a “deusa Diana dos efésios” e tantas outras. Grande parte dos crentes da Igreja de Corinto, como de outras na Ásia Menor, eram egressos do paganismo. Paulo falava num contexto cultural pagão e sua ordem não foi uma adaptação cultural, pelo contrario, ele levantou-se contra uma cultura vigente. O cristianismo e o judaísmo levantaram-se contra uma cultura feminista pagã. Além do mais, sua argumentação é toda bíblica e teológica.

Algumas mulheres cristãs, não se conformam de não poderem ensinar aos homens. E arrazoam: Porque então Deus me deu tanta inteligência e sabedoria? A minha resposta é: você pode usar isso para ajudar seu marido, ensinar as mulheres mais jovens (1Tim 2:4,5), crianças e adolescentes, ou derramar diante do Senhor como libação. Mas não ensine a outros homens. Você poderá até constatar que eles aprenderam, ficaram encantados com a sua sabedoria; mas eles nunca honrarão o seu marido quando assentarem com ele à porta, e Deus não será glorificado.

Tudo obedece a uma estrutura que Deus mesmo criou com o propósito de ser glorificado, e qualquer coisa contrária a isto será desonra. Quando a feminilidade, graça e modéstia é desprezada ou subvertida, a glória de Deus é comprometida. Uma mulher que não aceita a proposta de Deus para ela, mas prefere as propostas do mundo, segue a moda indecente e provocante, reivindica seus “direitos” de igualdade, despreza sua missão de mãe, preferindo disputar o mercado de trabalho com os homens e, ainda assim, insiste em dizer que é crente e que quer glorificar a Deus, na verdade está tornando sua glória em vexame, escandalizando os anjos (Sl 4:2; 1Cor. 11).

Se alguém pensa que isto só diz respeito às mulheres casadas, está muito enganado. Calvino também trata disso dizendo que quando Paulo, o apóstolo, usa o argumento da natureza, dizendo que é vergonhoso para as mulheres rasparem a cabeça e não usar o véu em sinal de submissão, fica claro que isto se aplica também às virgens. Desta forma, quando uma mulher, ou uma jovem, que ama ao Senhor, se pergunta como pode agradar a Deus e glorificá-lo, a resposta fica clara: cumprindo em toda sua plenitude o propósito para o qual Deus a criou, sendo piedosa, graciosa, modesta, feminina, meiga e submissa. Se for casada, que reverencie seu marido, respeitando-o, preservando a sua dignidade, ocultando os seus defeitos, preservando a sua imagem e tendo prazer e grande satisfação por ser a sua glória, de forma que ele possa se assentar com orgulho entre “os anciões da terra” (Ef. 5:33; Prov. 31:23). Se alguma esposa tem o temperamento mais voluntarioso, deve orar para que seja mortificada em sua natureza terrena, gênio impulsivo e desejo de liderar e ensinar, pois todas essas coisas atentam contra a sua feminilidade e graça e comprometem a glória de Deus. Cristo tem todos os recursos para ajudar, e isso é o que Ele mais deseja fazer pelo poder de Sua Obra na Cruz.

Hoje em dia, vemos uma deturpação total da ordem estabelecida por Deus desde a Criação. As mulheres que aderiram ao movimento feminista não estão preocupadas em saber se o que reivindicam glorifica ou não a Deus. Pelo interesse da subversão, se for necessário, propõem até mesmo que se troque o Deus masculino da Bíblia por uma deusa feminina, ou que não haja deus algum. O Rev. Ludgero, ainda em seu artigo, cita a feminista Naomi R. Goldenberg em suas conclusões sobre a sorte de Deus e do Cristianismo no seu livro,  Changing of the Gods: Feminism & the End of Traditional Religions (A troca dos deuses: Feminismo e o fim das religiões tradicionais). Veja o que ele diz:

“É de grande importância para compreendermos até onde se pode chegar. No primeiro capítulo do seu livro intitulado, ‘The End and the Biginning’ (O fim e o começo), responde ela a uma pergunta: ‘O que acontecerá a Deus?’, a revolução feminista não deixará a religião intocada. Eventualmente, todas as hierarquias religiosas serão povoadas de mulheres. Eu imaginei mulheres funcionando como rabinas, sacerdotisas e ministras. Eu imaginei mulheres usando vestes clericais e realizando deveres clericais e de repente eu vi um problema. ‘Como as mulheres poderiam representar um deus masculino? Porque não chama-Lo de Mãe, ao invés de Pai?'”.

Deus é Espírito, é verdade, não tem gênero, mas Ele mesmo quis ser representado pelo sexo masculino, são símbolos e imagens estabelecidos pelo Espírito Santo nas Escrituras que nos fazem compreender antropomorficamente seus dons e benefícios para com o Seu povo; Deus é descrito no VT como marido do seu povo. É assim que Ele ama, protege, sustenta e sente ciúmes quando é traído por Israel. O amor de Cristo para com a Igreja é tipificado na figura do Noivo e sua noiva, base sólida para interpretarmos o maravilhoso livro de Cântico dos Cânticos que trata do amor de Cristo para com sua amada e dela para com Ele. Inverter isso é zombar de Deus e de Sua sabedoria, é não se importar com Sua glória, é ímpio, vergonhoso, é se associar ao inferno e ao Diabo, é comer outra vez o fruto e desejar glória pra si mesmo.

Vez por outra, ouço o argumento de que quando Cristo veio, mudou a condição da mulher anulando aqueles castigos dados por Deus na queda; mas isso não corresponde à verdade, pois a mulher continua a ter dores na hora do parto. O que Cristo muda quanto à condição das mulheres é o que Ele faz na vida dos maridos. Lembrem-se que a sentença foi: “o teu desejo será para o teu marido e este te governará” (Gen. 3:16). Quando uma mulher é entregue ao governo de um homem pecador corrompido, egoísta, orgulhoso, impiedoso e mal, a submissão, antes um fardo, fica mais leve quando esse marido é verdadeiramente convertido, unido a Cristo, morrendo para sí mesmo, para o mundo e para o pecado e passando a amar sua esposa como Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef. 5:25). Com a mente de Cristo, esse marido regenerado, passa a “viver com discernimento a vida comum do lar, tendo consideração para com sua mulher como parte mais frágil” (1Ped 3:7).

A fragilidade tem tudo a ver com a feminilidade! Desta forma, quando surgir uma discussão entre marido e esposa, a mulher deve se lembrar de que são mais frágeis, não devem discutir com seu marido, dizendo impropérios, aumentando o tom de voz, enfrentando o marido em pé de igualdade, antes, deve chorar, ficar calada e indefesa. Isso constrangerá o marido em sua aspereza e, se ele for crente, certamente se envergonhará e pedirá perdão por não estar amando como Cristo amou, tendo em vista que aproveitar-se da feminilidade e fraqueza da mulher para levar vantagem é exorbitar às suas funções e execrar a Cristo ao qual representa.

Sim, Cristo faz toda diferença! O que seria das mulheres sem Cristo! Ele as amou ternamente durante o tempo que aqui passou em seu ministério terreno: aceitou o serviço delas quando elas não lhe deixaram faltar nada, assistindo-o até o fim; repreendeu os homens de sua época que concebiam uma opinião absurda e injusta com relação a um tipo de  divórcio que contemplava exclusivamente ao homem; conversava publicamente com elas, como fez com a mulher do poço; foi perdoador e amoroso com a mulher surpreendida em adultério livrando-a da morte e instruindo-a a que não pecasse mais; deu às mulheres o privilégio de serem as primeiras a vê-lo ressuscitado antes mesmo de quaisquer de seus discípulos, etc.

As mulheres, que foram tão beneficiadas por Cristo, devem em gratidão, amá-lo de todo coração, desejando honrar e glorificar ao seu Salvador ao viver sua feminilidade intensamente, afinal ela é um dom de Deus, e não há forma de exaltá-lo mais senão sendo a glória de seus maridos, para que eles, por sua vez, glorifiquem a Cristo, como cabeça de seu lar.

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* Rev. Josafá Vaconcelos é Pastor da Igreja Presbiteriana da Herança Reformada em Salvador; foi Presidente do Presbitério da Bahia; é conferencista reformado no Brasil e exterior; foi membro da Comissão de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil. Conferencista, autor e tradutor de diversos artigos publicados na revista Os Puritanos e dos livros: “Nada se Acrescentará” e ”O Outdoor de Deus”.