sb2O experimento social que Dove publicou é fascinante. Ele tem uma clara mensagem: “Você é mais bonita do que você pensa”.

Aparentemente, não é novidade as mulheres pensarem que são feias. Daí a precoce invenção da maquiagem, que está presente pelo menos desde que os antigos egípcios deram início ao uso do delineador, cerca de 4.000 anos atrás. Ambrósio de Milão, escrevendo no século IV, comentou: “[As mulheres] apagam a pintura [de Deus] ao sujar seu rosto com uma substância de cor branca ou ao aplicar um vermelho artificial. O resultado, é um trabalho não de beleza, mas de feiúra; não de simplicidade, mas de engano. É uma criação temporal, uma vítima do suor ou da chuva. É uma armadilha e um engano que desagrada a pessoa que se deseja agradar, pois ela percebe que tudo é algo estranho e não propriamente seu. Isso também é desagradável ao seu Criador, que vê o Seu próprio trabalho suprimido. Diga-me, se você convidasse um artista de capacidade inferior para trabalhar em uma pintura de alguém com talento superior, não ficaria este último entristecido ao ver o seu trabalho falsificado? Não troque a criação artística de Deus por uma valor meretrício…!” (“The Hexaemeron “, em Pais da Igreja, 42:260).

Curiosamente, Dove e Ambrósio estão nos dizendo a mesma coisa por razões diferentes. Devemos nos ver como mulheres bonitas. Dove nos diz isso baseada no individualismo (e nas vendas), e Ambrósio nos diz isso baseado na criação. Ambos estão certos. Eu sou bonita não porque pareço com ___________ (insira o nome da celebridade aqui), mas porque sou uma pessoa feita à imagem de Deus.

As mulheres cristãs devem ser mais gratas pelos aspectos de sua aparência física com os quais Deus as abençoou, seja uma boa imagem, um cabelo com uma cor legal (que inclui branco), cílios longos – o que for. Dove está certa, devemos ser mais gratas por nossa beleza natural. Não sermos agradecidas é uma afronta ao nosso Criador.

Como podemos ser gratas? Agradecendo a Deus por estas partes da nossa aparência em oração privada. (Não, isso não é o orgulho – foi você quem as fez?). Nós podemos ser gratas por apreciar os aspectos da nossa aparência física dos quais gostamos, para a glória de Deus, o que não deixa espaço para a imodéstia ou para a vanglória. Podemos ser gratas ao não menosprezar as partes de nossa aparência das quais não gostamos. Podemos ser gratas por perceber que só porque não “gostamos” de algo, não significa que é feio. Podemos ser gratas dizendo: “Obrigada!” (e acreditando), quando os nossos maridos nos disserem que temos uma pele ou um cabelo bonito, ou qualquer outra coisa.

Mas… Você sabia que teria que haver um “mas”, certo? O que Dove e Ambrósio estão ignorando, por diferentes motivos, é que vivemos em um mundo caído. Dove não pensa que Gênesis 3 é realidade, e por isso, pode garantir a todas as mulheres que elas são lindas e deveriam estar perfeitamente satisfeitas com essa beleza. Ambrósio não está permitindo que Genesis 3 informe à sua alegoria do mestre pintor que, à luz da queda, ela deve incluir alguém desfigurando o quadro.

Nós não somos tão bonitas como deveríamos ser, porque vivemos em um mundo pecaminoso, onde até mesmo a criação geme enquanto espera para ser feita nova. Isso inclui os nossos corpos. Nós instintivamente sabemos disto quando vemos propagandas Dove. Podemos ser mais bonitas do que pensamos, mas todas nós sabemos que não somos tão bonitas quanto poderíamos ser ou gostaríamos de ser. Deus nos fez, e isso está claro, e devemos ser gratas. E, nós vivemos em um mundo caído, e isso está claro, e temos de lidar com isso. Não devemos estar satisfeitas com nossos corpos caídos mais do que ficamos satisfeitas com um jardim que continua produzindo ervas daninhas. Isso não significa que não podemos alegremente trabalhar nele; isso significa que sabemos que as coisas poderiam ser melhores e continuamos assim.

Como podemos lidar com o fato de vivermos em um mundo caído que afeta a nossa aparência física? Bem, podemos praticar a jóia rara do contentamento cristão com as partes da nossa aparência que são parte da queda (não me diga que cabelo liso é produto da queda; mas, espinhas e rugas são. Ef 5:27). Podemos tentar proteger nossos companheiros seres humanos dos efeitos da queda em nossos corpos (pense em base facial, desodorante e exercícios). Fazendo uma revisão da analogia de Ambrósio, podemos tentar reparar os danos causados à pintura, mesmo que não sejamos o mestre. Podemos lembrar que, apesar de nossos corpos estarem começando a se deteriorar agora, nossas almas podem se tornar mais bonitas à medida que envelhecemos (II Co 4:16). Uma mulher idosa com rugas pode ter amor, santidade e bondade brilhando tão fortemente através dela, que sua beleza interior transforma sua aparência exterior.

Precisamos valorizar a beleza da santidade forjada pelo Espírito em nossas almas, mais do que valorizar a beleza dos corpos criados. E podemos esperar pelo dia em que nossos corpos serão ressuscitados e feito novos, poderosos e belos – companheiros adequados para as nossas almas glorificadas (I Co 15:42-43.).

Até lá, podemos ver as campanhas de auto-estima e os pais da igreja com um grão de sal nesta área. Eles têm bons pensamentos, mas é a Escritura que nos diz para sermos gratas, pelo que podemos ser gratas, a quem podemos ser gratas, e nos apontam o dia em que seremos perfeitamente refeitas na beleza da santidade. Nós ainda não sabemos com o que isto se parece, mas você pode apostar que vai além de qualquer coisa que já vimos neste mundo. E é bom que nós ansiemos por isso.

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Este post é uma tradução de um artigo de Rebecca VanDoodewaard publicado originalmente no Blog “The Christian Pundit”, traduzido e re-publicado com permissão da autora.

*Rebecca VanDoodewaard é dona de casa, editora free-lancer e escritora. Ela é esposa do Dr. William VanDoodewaard, ministro da Associate Reformed Presbyterian Church e professor de História da Igreja no Puritan Reformed Theological Seminary, com quem tem 3 filhos. O casal bloga no “The Christian Pundit”

** Tradução: Arielle Pedrosa